– Os últimos voos e a aterragem –
BnR: Brasil, 2001. Assinas contrato com o Palmeiras. Foi o cumprir de um sonho e desejo pessoal?
E: Sim, o Palmeiras é uma excelente equipa. Nada melhor que o Palmeiras para tentar ser campeão brasileiro. Mas não foi fácil. O treinador não me conhecia e não apostou em mim. Quem me contratou foi o presidente, não foi ele. Nem sabia que eu tinha sido contratado. Fiz apenas um golo no Palmeiras, meia dúzia de jogos e saí.
BnR: Nesse momento da tua carreira, sentiste alguma culpa ou remorso por não teres singrado?
E: Gostaria de ter jogado e senti que tinha condições para tal. Vi vários jogadores que estiveram em Portugal e que, mais tarde, ingressaram no Palmeiras. Eu senti que também estava apto. Mas, infelizmente, o treinador não contava comigo e não deu certo. Futebol é isso mesmo também. Curiosamente, atualmente sou mais conhecido em Portugal e na Europa do que no próprio Brasil: cá, sou mesmo um desconhecido.
BnR: Regressou a Portugal em 2003/2004, para equipar com as cores do Portimonense SC. Contudo, até esse momento, ponderou terminar a carreira?
E: Sim. Sempre tive um acordo comigo mesmo de modo a terminar a carreira com por volta dos 30 ou 31 anos. Quando eu saí do Palmeiras, tive uma proposta para a China: fui à China e já estava contratado; mas, mal chego, impuseram-me a realização de testes. Não aceitei. Perdi muito dinheiro. Fiquei uns tempos no Brasil a jogar na minha cidade. Regressei a Portugal. Tinha lá a minha esposa e as minhas filhas – que ainda hoje vivem lá – e, nesse momento, resolvi que era momento de parar. O Dito era treinador do Portimonense e contratou-me com o objetivo de fazer subir o clube.
BnR: Encontraste estabilidade em Portimão?
E: Infelizmente, o clube estava com problemas financeiros, não estava muito bem. Aquilo estava muito conturbado. Não sou muito de falar sobre este tipo de coisas, mas cheguei a ter cinco meses de salários em atraso. Acabei por regressar ao Brasil antes do fim dessa época. Contudo, apesar disso, senti-me bem em Portimão: tinha uma praia fantástica, era uma cidade lindíssima, as pessoas do clube trataram-me muito bem (dos jogadores aos dirigentes, passando pelo staff). De facto, existiam poucas possibilidades de manter o meu trabalho lá. Além disso, tinha os meus negócios no Brasil, o meu clube, os meus imóveis…
BnR: Segue-se a Noruega e a Bélgica. O que te levou a tomar tais decisões?
E: Foi sempre através dos meus amigos. Tinha um amigo na Noruega que possuía boas relações com o Lyn – clube que representei – e assinei um contrato de uma época. Foi uma experiência. Gostei bastante, pena o frio (risos). Na Bélgica, um amigo empresário levou-me ao RCS Visé e convenceu-me de que era um projeto interessante e apelativo. Trabalhamos juntos como empresários também. Mas, comecei a sentir que não queria mais jogar, já estava um bocadinho farto (risos)…