– Representar Portugal –
BnR: A sua primeira internacionalização é no dia 16 de dezembro de 1981, num amigável frente à Bulgária. O Carlos entra ao intervalo, lançado por Juca. Quão nervoso estava antes de entrar?
CX: Perdemos 5-2. Estava bastante nervoso obviamente. Foi engraçado porque estava em casa a dormir e às três da manhã foram-me buscar a casa porque houve um jogador que se lesionou e não pôde comparecer. Então, foram-me buscar a casa, de carro, e fui para o hotel em Lisboa às três da manhã. Depois daí partimos para a Bulgária. Fiquei no quarto com o Jordão que era o meu companheiro no Sporting. Marcou-me muito esse primeiro dia, mesmo tendo perdido. Até começámos a ganhar mas depois a Bulgária deu a volta, tinham uma grande seleção nessa altura.
BnR: Qual a sensação de representar Portugal?
CX: Ouvir o hino, vestir a camisola das quinas, é um momento que todos os jogadores ambicionam, todos os jogadores gostavam de atingir. A primeira internacionalização pelo país é marcante.
BnR: Tem alguma memória especial deste jogo?
CX: Só me lembro de ter jogado meia parte. Independentemente de ser um jogo particular, sem muita pressão mas senti algum nervosismo.
BnR: Como é que era o ambiente na seleção nesta altura? As rivalidades dos clubes ficavam à porta ou faziam-se sentir?
CX: Na altura sentia-se, sentia-se muito. Havia os grupos do Benfica, do Sporting, do Porto… Notava-se muito isso. Não é o que é agora, por isso é que os frutos que temos vindo a colher têm a ver também com a união que existe. Na altura havia muito a rivalidade Norte e Sul e então notava-se, mais entre o Benfica e o Porto. Eu gostava de ir à seleção para estar perto dos do Porto, por causa da maneira deles falarem e das histórias que contavam, eu passava o dia a rir. O João Pinto, o André, era fabuloso.
BnR: Na seleção teve três selecionadores diferentes, Juca, Artur Jorge e Carlos Queiroz. Com qual teve melhor relação?
CX: Com todos eles tive uma boa relação. O Juca porque foi o primeiro que me chamou e me fez internacional, e mesmo como jogador marcou uma época no Sporting, era um jogador de classe. O Artur Jorge foi numa fase em que eu estava a atingir o melhor momento da minha carreira e tivemos um jogo memorável contra a Holanda, salvo erro, que o Rui Águas faz o golo, nas Antas. Depois, Carlos Queiroz foi quando estava na Real Sociedad. Eu penso que fui internacional A 10 vezes e creio que com o Carlos Queiroz foi as vezes que fui mais vezes chamado à seleção. Foi um treinador que me marcou e também depois esteve comigo no Sporting, acabei a carreira com ele e ganhámos a Taça de Portugal em 1995.