O adepto, impaciente e espicaçado pela rivalidade constante, não é capaz de aguentar as dores de crescimento desta ferramenta que promete ajudar os árbitros. Muitos até põem em causa a essência do futebol e acusam a modernização pela sua perda esquecendo, por isso, a defesa pela verdade desportiva. Episódios como a “mão de Deus” protagonizado por Maradona, no Mundial de ’86, vão acabar. Hoje em dia, recorda-se esse acontecimento como um dos mais belos constituintes do perfume do futebol clássico passando por cima do facto de se celebrar uma irregularidade. Caso um golo destes se sucedesse na Primeira Liga… A tinta que correria nos nossos jornais…
Os árbitros, mais do que nunca, estão numa posição central da atenção num jogo de futebol. Se erra, “é porque quer, o VAR estava ao dispor e ele não o usou”. Para se resguardarem, os juízes da partida podem até, no limite, deixar o lance seguir e, mais tarde, analisar com recurso a repetições televisivas a validade e regularidade do mesmo. Esta permanente confusão em torno das regras e das condições exigidas para que esta ferramenta seja utilizada contribuem massivamente para a desconfiança em relação ao VAR.
Exige-se, assim, uma reestruturação no seu manual, tanto a nível do terreno de jogo como nas cabines de análise. Por exemplo, os intervenientes sentados atrás dos televisores na Cidade do Futebol, deviam ser ex-árbitros, internacionais ou não. Experiência não lhes falta e desta forma evitariam a exposição dos atuais árbitros a este papel ingrato de corrigir um colega com mais experiência, naquele que seria um confronto de interpretações inclinado para o lado daquele com mais anos de “campo”.
Ao adepto, cabe-lhe aceitar esta evolução. Num recente Valencia CF vs FC Barcelona, meia Espanha reclamou a implementação do VAR aquando de um golo claro não validado a Lionel Messi. Esta tecnologia veio, por isso, para ficar e alastrar-se aos demais campeonatos europeus. Quanto às estruturas competentes e regentes deste sistema e do de arbitragem, cabe a transparência e correta evolução. Veja-se a inibição de constrangimentos da Federação Alemã de Futebol (DFB) em afastar um superior e coordenador do vídeo-árbitro na sequência de um favorecimento de um determinado clube. Não se pode é brincar com o adepto. Se ele deixar de ir ao estádio, não haverá tecnologia que valha ao desporto rei. O crescimento é compreensível e aceitável, o prejuízo e benefício que tocam sempre aos mesmos é que não.
Foto de Capa: Twitter Oficial do Conselho de Arbitragem