Flashback Boavista

    O momento chave da temporada.

    O Boavista perde esse jogo por 0-1 e, perante a natural insatisfação dos adeptos face à fraca qualidade de futebol praticado e especialmente à falta de atitude da equipa, Erwin Sanchez resolve endereçar-lhes criticas (aos adeptos) na flash interview. Se no futebol existe respeito pela máxima de “Os adeptos têm sempre razão”, ainda mais incompreensível é esta atitude numa equipa em que o seu melhor ativo é de longe os seus adeptos. Quantos jogos não venceu o Boavista ao longo destes três anos resultado do fantástico apoio dos Panteras Negras? Melhor do que qualquer ponta-de-lança. Esta absoluta estupidez só poderia ter um resultado: foi despedido no dia seguinte.

    “Rei Morto, Rei Posto”.

    “Há males que vêm por bem”.

    A partir desse momento todo o curso da história recente do Boavista mudou. Miguel Leal, o novo timoneiro do Boavista, é um conhecedor do futebol português e da Primeira Liga e somava casos de sucesso no Penafiel e no Moreirense. Imediatamente na sua estreia se percebeu que aquela equipa não estava afinal condenada a jogar mau futebol, que aqueles jogadores podiam produzir muito mais do que faziam! Jogadores como o Idris, Renato Santos, Iuri e Lucas (entre outros), passaram a jogar muito melhor.

    Os resultados inicialmente nem sequer foram os melhores. Sentia-se que a qualidade de jogo tinha subido, mas que os processos não estavam ainda perfeitamente assimilados pela equipa. Miguel Leal pedia tempo para que os resultados acompanhassem a qualidade exibicional, e os adeptos concederam. Após 8 jogos onde os axadrezados apenas foram capazes de somar 3 pontos, finalmente os axadrezados conseguiram ter um resultado condizente com a exibição, 0-2 na Choupana. Deu início a melhor fase da época Boavisteira que durou até ao 3-0 em casa contra o Marítimo, perto já do final da temporada. Uma grande série de pontos amealhados e pelo meio nota de registo para aqueles magníficos 25 minutos no Estádio da Luz onde conseguiram estar a vencer por uns nunca antes alcançados 0-3 em tão pouco tempo. Foi esta a altura em que melhor se identificou a qualidade e capacidade real da equipa axadrezada.

    Fonte: Boavista FC
    Fonte: Boavista FC

    Nesta altura o Boavista dispara até à sétima posição, a uma escassa posição do previsível (entretanto confirmado) último lugar de acesso ás competições europeias. Um sonho claramente desproporcional à capacidade da equipa, que acabou confrontada com a realidade poucas semanas depois. Praticamente arredado quer da luta pela Europa, quer da luta pela manutenção, os pupilos de Miguel Leal parecem ter tido algumas dificuldades em encontrar a motivação adequada para encarar os jogos até ao fim da época, com exceção do jogo contra o Benfica, moralizante em qualquer altura ou circunstância.

    Em suma, há que felicitar o Boavista pelo extraordinário 9º lugar atingido, pela equipa com o orçamento (para o futebol) mais reduzido da primeira liga. O principal responsável por esta façanha chama-se Miguel Leal e merece da minha parte todos os louvores e agradecimentos enquanto boavisteiro. Os boavisteiros podem agora estar descansados em relação aos destinos do futebol profissional para a próxima temporada.

    De resto todos estão de parabéns, desde o treinador principal, equipa técnica, jogadores, direção e adeptos pela forma como permaneceram unidos contra tudo e contra todos.

    Agora é altura de olhar para o futuro e para a próxima temporada, e sem cair na tentação das euforias (propícias nestas alturas), exigir mais de todos. Porque este Boavista pode e deve fazer mais. E todos teremos que contribuir para isso.

    Foto de Capa: Boavista FC

     

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    José Pedro Pais
    José Pedro Paishttp://www.bolanarede.pt
    O José é um apaixonado por futebol bonito e transparente. A sua agenda enquanto gestor é planeada sempre antecipadamente de forma a garantir que tem tempo para fazer aquilo de que mais gosta, ver o Boavista ao vivo. Politica e viagens são outras duas paixões deste fervoroso adepto axadrezado.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.