Futebol no Interior

    Com esta conjugação de factores temos vindo a assistir a uma redução drástica de equipas no interior e a mudanças nos projectos desportivos da grande maioria das equipas; já não importa sonhar mais alto, o que interessa é proporcionar aos jovens que ficam um escape de fim de semana. Um caso prático que serve como exemplo é o Clube Académico do Fundão, que após muitos anos entre a extinta 3ª Divisão e a Distrital de Castelo Branco, fechou portas ao futebol sénior e regressou anos mais tarde com apenas jovens da formação, num projecto claramente low-cost e que visa dar continuação a um trabalho de formação que, em alguns casos, vem desde os infantis.

    Mas se falamos do futebol no interior, há também que falar dos casos de sucesso que existem nesta conjuntura especial actual, comecemos pelo Chaves e Tondela que vieram trazer um perfume novo à nossa Primeira Liga, estendendo as fronteiras um pouco mais a Este, são casos claramente de sucesso depois de tudo aquilo que eu já aqui escrevi sobre as dificuldades que os clubes nestas regiões atravessam, e que aproximam o nosso futebol daquilo que eu idealizo, um futebol descentralizado.

    Outro caso de sucesso é o Sporting da Covilhã, que inserido numa Associação com apenas 11 equipas no campeonato distrital, tem conseguido manter-se entre os escalões profissionais do nosso futebol, sendo o único representante do Distrito de Castelo Branco no futebol profissional, assim como o Chaves no caso do Distrito de Vila Real.

    O SC Covilhã teve uma boa participação na última Taça de Portugal Fonte: FPF
    O SC Covilhã teve uma boa participação na última Taça de Portugal
    Fonte: FPF

    Sem orçamentos megalómanos e trabalhando com aquilo que têm, estes três clubes têm conseguido colher bons resultados das suas políticas desportivas no interior, o Chaves claramente empurrado pela sua apaixonada massa associativa, o Sporting da Covilhã e Tondela muito à base de um trabalho de scouting regional, nacional e internacional, com baixos custos e claro com alguns empréstimos de clubes mais poderosos no nosso futebol nacional.

    Em jeito de conclusão, deixo o meu desejo pessoal, como beirão de nascimento, de que haja um renascimento do futebol no interior e que possamos dentro de alguns anos voltar a ver equipas, por exemplo alentejanas, que já fizeram parte do quotidiano do nosso futebol nacional e que hoje desapareceram, deixando o nosso interior deserto de futebol, empobrecendo assim, também,  o próprio futebol nacional que cada vez necessita mais de paixão nos clubes locais .

     

    Foto de Capa: GD Chaves

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    Rui Pedro Cipriano
    Rui Pedro Ciprianohttp://www.bolanarede.pt
    Nascido e criado no interior, na Covilhã, é estudante de Ciências da Comunicação, na Universidade da Beira Interior. É apaixonado pelo futebol, principalmente pelas ligas mais desconhecidas, onde ainda perdura a sua essência e paixão.                                                                                                                                                 O Rui escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.