O Velho do Restelo já cá não mora

    Com apenas 34 anos, o salmanticense começou a sua carreira de treinador com apenas 15 anos, nas camadas jovens do clube da sua cidade, Salamanca, e desde então treinou três clubes da segunda divisão espanhola (Villareal, Murcia e Bétis), acabando por ser despedido dos três e provando ser uma aposta arriscada por Rui Pedro Soares.

    Desde então, em pouco mais de dois meses, já prolongou o seu contrato até 2018 e os adeptos do Restelo já sonham com a repetição da classificação da época passada, possibilitando a qualificação para a Liga Europa da UEFA. Mais de três meses passaram e o seu trajeto tem sido bastante interessante, ocupando a 11.ª posição, a três pontos do 7.º classificado e a oito pontos do 5.º, Arouca.

    A equipa que defrontará este fim-de-semana o Sporting jogou então mais 14 jogos para o campeonato, alcançando cinco vitórias, cinco empates e quatro derrotas com um total de 21 golos marcados (mais seis do que nos primeiros 13 jogos da época) e 24 golos sofridos (menos seis do que nos primeiros 13 jogos da época). Note-se ainda que três destas derrotas foram frente ao Sport Lisboa e Benfica, ao Futebol Clube do Porto e ao Sporting Clube de Braga, onde foram sofridos nove golos nestes três encontros. Com três jogos disputados na Taça da Liga, destacam-se os oito golos marcados em apenas três jogos, inclusive a vitória expressiva por quatro bolas a zero frente ao Leixões Sport Clube.

    O ponto alto desta ainda curta história que o espanhol vai desenvolvendo em Belém é a vitória caseira frente ao Sporting Clube de Braga por três bolas a zero, em que, frente a uma equipa que é das que melhor defendem em território nacional, o Belenenses protagonizou uma exibição de alto calibre, com dois golos assistidos por Carlos Martins de bola parada e outro em mais uma investida na ala direita, que acabaria com mais um golo de cabeça.

    Na equipa mais portuguesa do campeonato, Júlio Velázquez tem ressuscitado a esperança dos adeptos, com um futebol ofensivo, baseado num sistema tático bem versátil, utilizando preferencialmente um 4-2-3-1 com o Carlos Martins como construtor de jogo na linha mais avançada do terreno e Bakic, que por vezes faz o papel de extremo, ao lado do internacional e capitão colombiano Aguilar, Filipe Ferreira e Ruben Pinto entre o leque das opções ao dispor do técnico espanhol e para um ataque com Miguel Rosa que conta ainda como novo taslimã, Tiago Caeiro.

    À imagem da nova escola espanhola, Velázquez privilegia a posse de bola, com pouca pressão sobre o portador da bola adversária e com bastante incidência nos laterais. Possibilita lances de perigo nas grandes áreas adversárias, onde costumam aparecer vários jogadores com bom jogo aéreo. Para além disso as bolas paradas são sempre algo a temer quando se conta com jogadores como o Carlos Martins, e isso torna-o um dos pilares da equipa.

    Um fator menos positivo tem sido o nível de disciplina da equipa, onde, em 17 jogos, ocorreram seis expulsões, nomeadamente uma do próprio treinador, constando de duas derrotas e dois empates. Outro fator menos positivo é também o número de golos que a equipa ainda sofre, aliado ao espaço fornecido entre a linha do meio campo e a linha defensiva, ao controlo de profundidade mal executado, muitas vezes pelos laterais, e a displicência e a falta de concentração que muitas vezes são apresentadas pela defesa, seja pela idade que Tonel apresenta ou pela inexperiência de Gonçalo Silva.

    Resta dar tempo de trabalho a este treinador, que tem provas dadas do seu valor, para além do forte apoio e da confiança depositados pela S.A.D. É ainda de esperar que possa preparar a próxima época à sua maneira, tendo assim mais tempo para implementar as suas ideias, nomeadamente as suas mudanças de sistema tático, o que, como o próprio disse:

    “3x5x2, 4x2x3x1, 4x4x2 e 4x3x3 são apenas números de telefone. O que importa é a dinâmica coletiva”. Para este ano, a Liga Europa é possível.

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    Júnior Barroso
    Júnior Barrosohttp://www.bolanarede.pt
    Depois de 11 anos como federado, a tática, a estrutura, e tudo aquilo que envolve o futebol fizeram com que Júnior visse o futebol de uma maneira diferente. Adepto assíduo da Premier League desde os seus seis anos, acredita ainda que a essência do futebol de rua perdurará sempre em detrimento da tática. Considera-se um estudioso do futebol.                                                                                                                                                 O Júnior escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.