O desejo de quem escreve e de todos os adeptos e seguidores dos clubes e da modalidade é, naturalmente, que todos atinjam aquilo a que se propõem. Mas mais do que ver os clubes cumprirem os seus objetivos (e pagamentos salariais…), é necessário criar essas condições. Não é de admirar, neste cenário desencorajador, que clubes históricos terminem nos Distritais ou até mesmo ponham um ponto final na sua existência. Onde param a Ass. Naval 1º de Maio, o SC Salgueiros ou o SC Campomaiorense?
Alguns conseguem aguentar os anos menos positivos, as descidas de divisão e as dificuldades financeiras, mas o mesmo não acontece com outros exemplos que, tristemente, abandonam competições e os palcos nacionais. As dificuldades de subida garantem, à partida, a qualidade de quem alcança esse objetivo, mas o facto de ser exageradamente restrito origina a quedas sucessivas, desde a Primeira ou Segunda divisões até aos Distritais. Uma vez que se baixa de escalão, perde-se os melhores jogadores e raramente se consegue subir logo de seguida. Que subam apenas duas ou três equipas, sim! Mas que se alargue essa possibilidade a muitas mais!
É incompreensível como se alarga a Primeira Divisão mas se mantém em apenas dois o número de equipas que são despromovidas. Veja-se o que se faz nas Ligas Inglesa, Italiana, Espanhola ou Francesa. A troca de apenas dois participantes é relativamente pouco interessante, pouco aliciante. Quantas mais equipas descerem, maior é a luta pela manutenção e mais clubes são envolvidos na mesma. O interesse é alargado, começa mais cedo e não apenas nas últimas jornadas da competição.
É incompreensível como se gaba tanto a competitividade da Segunda Liga, onde descem quatro equipas no final da prova, e não se transporta isso para a divisão principal. Os exemplos são inúmeros mas o que melhor serviria esta problemática seria aquele que envolvesse o maior número de equipas no mesmo objetivo durante todo o campeonato. A luta aqui é pelo fim do desinteresse, do desinvestimento, a favor da competitividade e da própria defesa do jogador! Passa por aumentar o número de equipas que passam à fase seguinte. Em vez de uma segunda fase com oito equipas, imagine-se o que seria esta mesma luta entre 16 equipas… A decisão pelos lugares de “playoff” era alargada não só a mais equipas como no tempo; nas últimas jornadas ainda nada estaria decidido e o interesse era, assim, preservado. As mesmas 80 equipas seriam divididas em quatro séries de 20 e lutariam pela subida todos os quatro primeiros classificados de cada uma. É assim na Segunda Divisão B espanhola e funciona; diz quem sabe, diz quem conhece.
Necessário mesmo é agir. Estudar antes de mudar e mudar sempre para melhor. Esta reestruturação afeta a base do nosso futebol mas não há que receá-la. Medo devíamos ter de perder jogadores nos escalões inferiores porque não têm as condições de trabalho mínimas e de que precisam. E somos campeões europeus…
Foto de Capa: CD Santa Clara