Um “Raio X” à bancada da Liga NOS

    Fazendo ainda uma análise mais detalhada podemos confirmar este desequilíbrio: do ano passado para este ano, os seis clubes com mais espectadores no estádio – o primeiro terço da Liga – teve um aumento de 366 344 pessoas (de 2 590 294 para 2 956 638), enquanto que, pelo contrário, o total da soma das assistências das restantes 12 equipas apresentou uma queda de 49 680 espectadores (de 715 414 para 665 734). Ou seja, da temporada passada para esta última que findou, os clubes com maior assistência viram essa assistência aumentar ainda mais, enquanto que, no sentido oposto, os clubes com menos espectadores viram as suas assistências decrescerem.

    Análise comparativa entre os 6 clubes com maiores assistências e os restantes clubes da liga Fonte: Bola na Rede
    Análise comparativa entre os 6 clubes com maiores assistências e os restantes clubes da liga
    Fonte: Bola na Rede

    Obviamente que isto vai acentuar ainda mais os desequilíbrios já existentes no nosso campeonato, com as equipas mais pequenas a terem cada vez menos apoio, e as equipas maiores a aumentarem a sua base de suporte. Isto está intimamente ligado à queda da cultura de apoio ao clube da terra que se vive no desporto no nosso país. Cada vez mais os clubes regionais têm uma massa adepta mais frágil, mais virada para os Três Grandes, enquanto esses sim, aumentam em número de fãs, sócios e espectadores.

    Por falar em Três Grandes, há boas notícias: ainda que nas últimas três épocas as suas assistências somadas tenham aumentado em 348 459 espectadores, também o total do somatório de assistências das restantes 15 equipas tem aumentado todos os anos – desde 2014/2015 aumentou em 148 637 espectadores. Concluindo, apesar de as equipas de baixo da tabela terem visto o seu número de espectadores diminuir e as equipas do cimo da classificação verem as suas assistências subir, o desequilíbrio poderia ser maior, e no geral, toda a Liga NOS tem vindo a subir o número de espectadores em estádio ano após ano.

    Se é positivo? É. Se é muito bom? Talvez não. Ainda estamos longe de números interessantes como os dos nossos vizinhos. Culpa de quem? Provavelmente da Liga. Somos um país feito de turismo, conhecido pelas longas horas de sol e bom tempo. Ainda assim continua-se a preferir fazer jogos no frio da noite, em horas que o adepto normal ou até o adepto turista prefere estar no sofá, em casa ou no hotel. Os preços continuam altos para a realidade de um país que atravessou uma grave crise económica. E não falo apenas dos Grandes. Basta dar uma vista de olhos pelo preço do bilhete de visitante de um qualquer jogo de meio da tabela para ficarmos vidrados com as dezenas de euros pedidas. Talvez com uma centralização dos direitos televisivos a coisa se resolvesse e os preços baixassem. A curiosidade fica no ar: veremos se estes números se mantêm no alto ou se a queda da Liga Portuguesa não foi apenas no Ranking UEFA.

    Fonte de capa: Facebook Oficial Vitória Sport Clube

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    André Maia
    André Maiahttp://www.bolanarede.pt
    Durante os seus primeiros seis anos de vida, o André não ligava a futebol. Até que no dia 24 de junho de 2004, quando viu o Ricardo a defender um penálti sem luvas, se apaixonou pelo jogo. Amante da história de futebol e sempre com factos na ponta da língua, tem Cristiano Ronaldo e Rui Patrício como os seus maiores ídolos.                                                                                                                                                 O André escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.