Depois de há mais de um mês ter vencido em Alvalade por 2-1, o FC Porto confirmou o apuramento para a final da Taça de Portugal, no Clássico em casa, com nova vitória sobre o conjunto leonino, desta feita, por 1-0. Os azuis e brancos regressam assim ao Jamor, palco que pisaram pela última vez em 2019.
Na ressaca do jogo da segunda mão, deixo aqui algumas breves notas sobre o Clássico que os comandados de Sérgio Conceição venceram com todo o mérito.
Uma parte para cada lado
O Sporting CP esteve por cima do jogo na primeira parte e, sem ter criado grandes oportunidades de perigo, é certo, foi sempre a equipa mais dominadora nos primeiros 45 minutos. O FC Porto, estrategicamente, entrou na partida a dar a iniciativa de jogo ao adversário que, por via do resultado da primeira mão, se via obrigado e marcar dois golos no reduto portista.
Nos 10 minutos finais do primeiro tempo, os dragões equilibraram a partida e deram o mote para uma segunda parte de domínio total. Um FC Porto muito pressionante e taticamente perfeito foi capaz de manter o Sporting CP sempre longe da sua baliza e acabou por carimbar o passaporte para a final sem passar por grandes sobressaltos.
A superioridade portista no segundo tempo do Clássico foi mais evidente do que o domínio leonino no primeiro. Portanto, vitória justa.
O canto do cisne
Minuto 50. Marca a última e mais perigosa aparição do Sporting CP no jogo. Matheus Nunes, isolado, permite a defesa a Marchesín. A partir daí, não mais se viu os pupilos de Rúben Amorim a rondar a baliza do FC Porto. Foi a melhor e, talvez, única oportunidade do Sporting CP no jogo. Isto se descontarmos o golo bem anulado a Sarabia na primeira parte.
Sala de máquinas
Foi no meio campo portista que esteve, uma vez mais, o segredo para o sucesso neste Clássico. No papel, o FC Porto jogou apenas com dois médios, mas pode quase dizer-se que joga com 4, tantas são as vezes que Otávio e Fábio Vieira procuram jogo interior.
Vitinha é maestro, gere o ritmo, joga e faz jogar. Grujic, muitas vezes no meio dos centrais, foi responsável por retirar Paulinho do jogo. Otávio e Fábio foram, como habitual, fantasistas operários e fizeram, uma vez mais, a diferença com e sem bola. É a sala de máquinas portista mais bem oleada da era Conceição.
ADN Porto
De facto, o FC Porto é mesmo um clube diferente. A atitude competitiva dos azuis e brancos não tem paralelo em Portugal. Ano após ano, independentemente dos títulos conquistados ou do requinte do seu jogo, é a equipa com maior agressividade (no bom sentido) competitiva do nosso futebol. E os rivais parecem não aprender.
É nos momentos de picardia que o FC Porto encontra o combustível para se agigantar. Frases como “40 anos disto” ou “há coisas que me dão vontade de rir” vão ficar marcadas na memória dos adeptos portistas e foram erros de palmatória das hostes leoninas que apenas serviram como motivação extra para os lados da invicta. Notou-se bem, na hora dos festejos.
Coisas que nos dão vontade de rir: pensar que estamos na final do Jamor 🤩#FCPorto #FCPSCP #TaçadePortugal pic.twitter.com/WTMeJ7BkoM
— FC Porto (@FCPorto) April 21, 2022
Dobradinha?
Com a passagem à final da taça, o FC Porto encontra-se em posição privilegiada para conquistar a chamada dobradinha. O campeonato está encaminhado e praticamente fechado e os pontos que faltam para a confirmação serão uma mera formalidade. O FC Porto vai mesmo ser campeão nacional pela 30.ª vez na sua história.
A final da Taça frente ao Tondela (sem desprimor pelos beirões) abre fortes perspetivas de conquista de mais um título e Sérgio Conceição está muito próximo de aliar a conquista do campeonato à conquista da taça pela segunda vez na carreira.
Coração de Dragão
Na semana passada já aqui ressalvei o papel que Sérgio Conceição tem desempenhado no FC Porto nos últimos anos. É, nesta fase, o ativo mais importante que o clube tem nos seus quadros e o grande responsável pelos resultados que o clube tem obtido.
Está a caminho da conquista do terceiro título de campeão em cinco possíveis numa época de vacas magras no clube e de avultados investimentos do principal rival. Exponencia o ADN Porto e está cada vez mais refinado a nível técnico e tático.