Moreirense FC 1-1 SL Benfica: Se Darwin fosse crente…

    A CRÓNICA: UM SL BENFICA POUCO CRENTE FOI TOMBADO PELO ATEÍSMO DE YAN MATHEUS

    Na basílica de Moreira de Cónegos, disputou-se a décima nona eucaristia. Uma vez mais, o púlpito rebaixado não teve a companhia dos leais e fiéis súbditos.

    Esta – como bem se sabe – primava por ser uma missa com duração, logística e (alguns) procedimentos diferentes.

    Durante a primeira leitura, após alguns bocejos e cerrar intermitente de pálpebras, Rafa Silva não aproveitou o ofertório de A. Taarabt e, por consequência, faltou ao primeiro momento de comunhão da partida. De seguida,  Seferovic (25′) riu-se do espírito perdulário do colega e dispôs-se no primeiro lugar da fila, de modo a que Adel Taarabt lhe outorgasse a hóstia. 0-1!

    Em Darwin Nuñez notou-se o apetite e, do meio do templo sagrado, desferiu um remate quase certeiro.

    Walterson, num pleno sentido de ateísmo, calcorreou até à área encarnada, driblou Grimaldo e conquistou um papel no seio do Ofertório (40′): Yan Matheus respondeu afirmativamente e provou o (anti)corpo de Cristo.

    A segunda leitura trazia uma dúvida: se a assistência iria ou não conseguir pregar olho durante a palestra.

    Não atracou a sonolência, mas ancoraram as dúvidas existenciais: no templo sagrado, o resultado estava longe de estar dentro dos parâmetros da tranquilidade para qualquer um dos lados e verificava-se um ascendente do SL Benfica. Contudo, escassearam situações onde se colocasse em perigo as estratégias de Jesus.

    Waldschimdt saiu do confessionário, cumprimentou a plateia existente e foi servo de Darwin, apóstolo insaciado: Pasinato negou-lhe a comunhão, em cima da linha de golo.

    Derik Lacerda cumpriu o epíteto de agnóstico que o designa: por duas ocasiões, com serviço de Abdu Conté, não reuniu a aptidão necessária para sentenciar a mensagem e causar a surpresa.

    Até ao final da eucaristia, pecou a falta de registo de situações de perigo. O SL Benfica escorrega e perde uma oportunidade para se aproximar do FC Porto, enquanto que o Moreirense FC conquista um ponto ao sétimo classificado da tabela classificativa, CD Santa Clara.

     

    A FIGURA

    Fonte: Facebook Moreirense FC

    Setor defensivo do Moreirense FC: o único erro cometido resultou no golo das águias. Os três centrais tiveram no alinhamento e posicionamento defensivo as suas maiores armas contra um SL Benfica pouco pragmático. Além disso, nomeadamente na segunda parte, Abdu Conté e D’Alberto encheram-se de ousadia e calcorrearam pelos flancos, gizando diversas tentativas de ataque.

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Ineficácia do SL Benfica: a equipa criou oportunidades, resguardou-se com a posse de bola e o “controlo da partida” na maior parte do tempo útil, mas faltou o que parece ser uma constante na época vigente: pragmatismo e letalidade no encontro com as redes. Darwin, hoje, foi o principal responsável pelo não dilatar da vantagem encarnada.

     

    ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC

    Diante do SL Benfica, Vasco Seabra gizou um 3-4-3: D’Alberto e Abdu Conté foram incumbidos de realizar a travessia pela respetiva ala que ocupam, enquanto que Rosic, Ferraresi e Abdoulaye Ba compunham o eixo defensivo; Fábio Pacheco e Filipe Soares adotariam – possivelmente – o papel de box to box e eram o elo entre o setor mais recuado e mais avançado do terreno; Yan Matheus, Lucas Silva e Walterson eram o rosto de uma manobra ofensiva sem uma referência vívida, perfeitamente volátil e com olhos na profundidade.

    Até aos 40 minutos, a predisposição atacante do Moreirense FC parecia ter ficado enrolada numa manta e refastelada no sofá: a grande penalidade – Walterson deu utilidade à inteligência e à matreirice – cavada constitui uma dávida face ao desempenho na primeira metade. O meio campo foi inexistente e raramente conseguiu estancar as intentonas adversários, facto comprovado pela inferioridade nesse setor do terreno. A defesa esteve algo inquieta, mas foi capaz de cumprir – à exceção do golo – acompanhando e relegando, sempre que possível, Darwin e Seferovic para zonas mais exteriores.

    Na segunda metade, o setor defensivo acertou as marcações realizadas a Darwin e Seferovic; além disso, D’Alberto e Abdu Conté eram os homens mais temerários dos cónegos pelas ingressões, através dos flancos, à área adversária. Filipe Soares e Fábio Pacheco já conseguiam desenhar triangulações no miolo e cumprir os requisitos da primeira fase de construção. Subiram-se as linhas de pressão e os respetivos blocos no terreno.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Matheus Pasinato (7)

    Ferraresi (7)

    Rosic (7)

    Abdoulaye Ba (7)

    D’Alberto (7)

    F. Soares (6)

    F. Pacheco (6)

    A. Conté (7)

    Walterson (7)

    Yan Matheus (6)

    L. Silva (6)

     

    SUBS UTILIZADAS

    R. Martins (5)

    David Simão (5)

    Derik Lacerda (5)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA

    Jorge Jesus mantém fidelidade ao sistema tático de (quase) sempre: um 4-4-2 com pendor e ímpeto ofensivo. Darwin e Seferovic constituíam a frente de ataque dos encarnados e dependiam das investidas de Rafa e Everton, motores e velocímetros apontados à baliza à guarda de Pasinato; no miolo, Taarabt rendeu Pizzi e juntou forças a Weigl; o quarteto defensivo não sofreu adulteração e mantinha-se a confiança em Otamendí, Vertonghen, Grimaldo e Diogo Gonçalves (opção pela lesão de Gilberto); Hélton Leite regressava à salvaguarda das redes.

    Na primeira metade, Weigl e Taarabt dominaram o miolo, com blocos de pressão alta e perseguição contínua de F. Soares e Yan Matheus; Darwin e Seferovic construíam investidas ofensivas a partir da receção da bola e posterior reposição nos flancos, servindo de verdadeiros pivots. Rafa e Cebolinha delineavam movimentos interiores, afunilando e arrastando os laterais adversários. Única falha: quarteto defensivo responsável pela grande penalidade cometida, ato que se rege por imaturidade na abordagem.

    A segunda parte iniciou com um pressing das águias: o Moreirense FC foi remetido ao seu meio-campo, espreitando apenas o movimento em contra-golpe. Permanecia a indefinição no último terço do terreno e os passes longos na demanda da profundidade não se consumavam. Waldschmidt, aquando dos momentos com bola, era uma lufada de ar fresco e a conexão (necessário) entre o meio-campo e o ataque encarnado, facto comprovado pelo serviço a Darwin. Faltou pragmatismo.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    H. Leite (6)

    D. Gonçalves (6)

    Otamendí (6)

    Vertonghen (6)

    Grimaldo (5)

    Rafa (6)

    Weigl (6)

    Taarabt (5)

    Everton (5)

    Darwin (6)

    Seferovic (6)

     

    SUBS UTILIZADAS

    Pizzi (4)

    Pedrinho (3)

    Waldschmidt (5)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Moreirense FC

    BnR: Boa noite , mister. A primeira parte pode ser chamada de adaptação ao adversário, ainda que não tenham existido tentativas de golo flagrante para além do pênalti. A segunda metade foi mais concisa, mais objetiva e mais sólida do ponto de vista defensivo e com maior grau de atrevimento e temeridade do ponto de vista ofensivo. As substituições trouxeram alguma tranquilidade e permitiram gerir o que restava da partida. Considera que a mudança de paradigma aconteceu ao intervalo, com a alteração de postura de Filipe Soares e Fábio Pacheco?

    Vasco Seabra: Nós procuramos corrigir ao intervalo o momento de pressão e os espaços  para a calha da segunda bola A partir desse momento, e quando ganhamos a bola, procuramos ter apoio desses dois jogadores e procuramos a profundidade. Na primeira parte não conseguimos e temos de dar o mérito ao adversário por isso. Na segunda, à medida que o jogo foi evoluindo, fomos capazes de impor isso ao SL Benfica e começamos a respirar melhor,a ter uma maior tranquilidade.

     

    SL Benfica

    BnR: Boa noite, mister. O SL Benfica é uma equipa que gosta e sabe dominar o jogo com a utilização da posse de bola. O facto de utilizar um sistema com dois pontas de lança sobrecarrega defensivamente o Everton e o Rafa? Como jogam em terrenos mais recuados (na chamada posição médio-ala) quer um, quer outro, tem menos oportunidades e liberdade para desequilibrar o jogo no último terço?

    Jorge Jesus: Nem sempre a gente joga assim, não é? No último jogo não jogamos assim, frente ao Estoril. Jogamos com o Darwin e com o Pedrinho. Repare: o Rafa teve duas chances, três chances de poder ter feito golo em frente ao keeper da equipa do Moreirense. O Seferovic além do golo, também teve outra. O Darwin teve várias e não conseguiu marcar, muito devido ao guarda-rede do Moreirense FC também. Ou seja, começas a pôr a equipa em dúvida, começas a questionar tudo o que tens feito e trabalhado até agora. A equipa teve um jogo de qualidade, criou oportunidades de golo e isso justifica as oportunidades. Repare: defensivamente, não tivemos grandes dificuldades, o Moreirense não nos criou grandes dificuldades, mas o que é certo é que saímos daqui com um golo sofrido? Como, não sei. Mas foi que aconteceu. Agora é levantar a cabeça e continuar.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.