Académico de Viseu 1-2 SCU Torreense: Ineficácia trama viseenses

    A CRÓNICA: TORREENSE ASSERTIVO, ACADÉMICO ACUMULOU ERROS DEFENSIVOS

    No Estádio do Fontelo, Académico de Viseu FC e SCU Torreense, ainda sem qualquer vitória, partiram à procura de quebrar o jejum à quinta jornada da Segunda Liga.

    Apesar da primeira iniciativa ofensiva no jogo ter sido do Torreense, foi o Académico a ter a primeira ocasião de golo. Aos 12′, Quizera dentro da grande área adversária rematou rasteiro para defesa incompleta de Vágner.

    A equipa da casa estava por cima do jogo com mais posse de bola e mais remates. Contudo, foram os visitantes a inaugurarem o marcador. Aos 23′, a jogada começa num pontapé de baliza longo com Vagner a colocar a bola em Lameira que viu Picas livre de marcação. O avançado entrou na grande área e contando com alguma passividade de Arthur Chaves conseguiu arranjar espaço para atirar para o fundo da baliza de Gril.

    Mais pressionada, a formação viseense mantinha-se mais ativa no ataque e com as linhas mais subidas. A equipa visitada conseguia ter oportunidades, mas ou por ineficácia própria ou pela capacidade da defesa e do guarda-redes do Torreense não conseguiam chegar ao golo.

    A situação ficou ainda mais negra para a equipa que veste de negro aos 35′. Canto pela direita cobrado por Guilherme Morais, desvio ao primeiro poste e João Paulo antecipa-se à marcação.

    Até ao intervalo, o Académico de Viseu ainda teve uma ocasião para marcar num remate à entrada da grande área adversária por Ott com Vágner a desviar a bola por cima do travessão.

    Na segunda parte, a equipa da casa entrou mais assertiva e conseguiu reduzir a desvantagem pela margem mínima aos 52′. Jogada de insistência do ataque academista com Capela já dentro da grande área a cruzar da direita perto da linha de fundo para Toro finalizar sem oposição ao segundo poste de cabeça.

    O golo do Académico pareceu resfriar o ritmo da equipa com o Torreense mais recuada a tentar explorar o espaço na defesa adversária, mas ao contrário do primeiro tempo sem eficácia perante a maior estabilidade defensiva do rival.

    Mesmo com mais bola, as substituições cortaram o ritmo à partida e as ocasiões claras de golo foram inexistentes. Já nos descontos, Gril subiu até à grande área adversário na sequência de um canto mas sem qualquer resultado.

    O Académico de Viseu mostrou mais argumentos ofensivamente, mas as falhas defensivas foram decisivas no resultado.

    Com este resultado, o Torreense salta dos lugares de descida e ultrapassa o Académico de Viseu na classificação.

     

    A FIGURA

    Vágner – O experiente guarda-redes mostrou que aos 36 anos está aí para as curvas. O guardião do Torreense foi importante com várias intervenções principalmente na primeira parte. O brasileiro teve influência na jogada do primeiro golo da sua equipa no início ao colocar a bola diretamente nos pés de Lameira. Menos positivo só uma saída em falso que acabou por não trazer problemas para a formação de Torres Vedras.

     

    O FORA DE JOGO

    Tiago Mesquita – O lateral direito esteve pouco em jogo. O subcapitão do Académico de Viseu precisava de mostrar maior dinamismo para percorrer todo o corredor direito. Não foi acutilante e acabou substituído ao intervalo por Bandeira que mostrou maior disponibilidade física e capacidade para cruzar com conta, peso e medida do que o seu antecessor na posição.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICO DE VISEU FC

    Gil Oliveira apostou num esquema em 4x2x3x1 com Quizera atrás do ponta de lança Clóvis, Ott à esquerda e Massimo mais à direita, mas com os três a trocarem por vezes de posição entre si. No movimento ofensivo, o lateral direito Mesquita subia no corredor com Massimo a juntar-se a Clóvis no centro do ataque, passando a equipa a adotar uma espécie de 3x3x4. A linha do meio-campo do meio-campo com Capela e Toro, este mais adiantado, estava bastante subida, dando muito espaço nas costas da defesa.

    No início da segunda parte, a entrada de Bandeira para o lugar de Mesquita deu dinamismo ao ataque viseense pelo corredor direito e permitiu colocar a bola mais vezes na área através de cruzamentos. Desse modo, a formação chegou finalmente ao golo na partida.

    O técnico ainda arriscou com a entrada de mais uma referência ofensiva Nussbaumer, mas a equipa apresentou maior dificuldade em chegar à grande área adversária. A saída de Toro por lesão e a defesa a cinco do Torreense acabaram por contribuir para a redução do caudal ofensivo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Gril (5)

    Milioransa (5)

    André Almeida (5)

    Arthur Chaves (4)

    Mesquita (4)

    Capela (6)

    Toro (6)

    Gautier Ott (6)

    Massimo (5)

    Quizera (5)

    André Clóvis (5)

    SUBS UTILIZADOS

     Bandeira (6)

     Pana (5)

    Nussbaumer (5)

    Ramirez (-)

    Currás (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SCU TORREENSE

    Nuno Manta Santos apostou também num 4x2x3x1 com João Vieira como referência ofensiva ao centro, Renteria atrás do ponta de lança e Renato Santos e Picas no corredor esquerdo e direito, respetivamente. Os pontapés de baliza de Vagner foram importantes para lançar os ataques do Torreense que pareceu abdicar da posse da bola para explorar as transições rápidas e o espaço livre entre a defesa e o meio-campo academista.

    Na segunda parte com o golo do Académico, o técnico do Torreense reforçou a defesa com a entrada de João Afonso, passando a jogar em 5x4x1 com três centrais.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Vágner (8)

     Simão Rocha (6)

    Gustavo Marques (6)

    João Paulo (7)

    Rui Silva (6)

    Guilherme Morais (7)

    João Lameira (7)

     Renteria (7)

     Picas (7)

     Renato Santos (6)

    João Vieira (5)

    SUBS UTILIZADOS

    João Afonso (6)

    Cícero (6)

    Diego Raposo (5)

    Mateus (-)

    Frédéric Maciel (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Académico de Viseu FC

    BnR: Em contraste com o resto da partida, o Académico teve maior dificuldade em criar desequilíbrios depois do golo marcado na segunda parte. Como explica este aspeto?

    Gil Oliveira:  Não vejo essa dificuldade. Fizemos golo. Tivemos uma oportunidade claríssima de golo pelo Famana [Quizera]. Tivemos outras oportunidades para marcar.

    Nós podíamos ter chegado ao segundo golo. Uma questão de infelicidade e mérito pela performance do guarda-redes do Torreense hoje. Obviamente com o avançar do tempo, a equipa começa a ganhar alguma ansiedade natural pelo resultado e pelo tempo que tem para lutar. Depois o Torreense colocou uma linha de cinco declarada e ficou bastante fundo. Nós circulamos a bola com facilidade atrás, mas já não era tão fácil promover atração para encontrar espaço. O jogo teve essa dificuldade na reta final também pela questão mental da ansiedade.

    Agora a equipa depois do primeiro golo criou oportunidades. A equipa produziu. Não posso julgar como negativo porque senti um caudal ofensivo constante ao longo da segunda parte.

     

    BnR: Só no duelo frente ao Farense, o Académico conseguiu marcar na primeira parte. Como explica esta dificuldade na concretização na etapa inicial dos jogos?

    Gil Oliveira: Explico com alguma apatia que já existia no passado. Desde o início da pré-temporada, a equipa do Académico de Viseu nunca marcou mais do que um golo por jogo inclusivamente contra equipa da Liga 3.

    Existe na equipa uma certa apatia na entrada do jogo. Porquê? Porque nos últimos anos o Académico de Viseu foi uma equipa que joga para não perder. Este não pode ser o futuro da equipa.

    Na Segunda Liga, quem joga para não perder, é sério candidato a ganhar o jogo. O ditado é antigo. Contudo, não é essa a identidade que queremos contruir. Por tudo o que tem sido a nova dinâmica do clube, os jogadores novos com muito potencial que chegaram de outras realidades imputam uma responsabilidade ao clube que, na minha opinião, não é coincidente com aquilo que é a realidade competitiva. Imputa ao clube uma responsabilidade de que tem de ganhar os jogos todos e vai jogar para ganhar os jogos todos, mas vai ter dores de crescimento.

    As identidades não se mudam do dia para a noite e o passado daquilo que é o Académico tem de ser respeitado. Para o mudarmos, vão existir erros, mas mais à frente, tenho a certeza de que vamos ser mais felizes.

     

    BnR: Referiu que é imputada uma responsabilidade e expetativas ao clube exageradas por parte da Imprensa. Qual é o objetivo realista para a campanha do Académico na Segunda Liga esta época?

    Gil Oliveira: O objetivo realista para a equipa que trouxe muitos jogadores com talento é uma visão de evoluir o jogador, contextualizá-lo naquilo que é a realidade competitiva da Segunda Liga. Obviamente produzir um futebol positivo, tentando ganhar o próximo jogo e a seguir o próximo. Nunca como uma responsabilidade como noutros projetos da Segunda Liga onde todo o plantel foi desenhado para ter rendimento imediato e com o objetivo claro de subir de divisão.

    Obviamente existem equipas que não têm jogadores que jogaram na Bundesliga, mas são atletas que têm experiência daquilo que é o Campeonato. Já têm mais do que uma ou duas subidas de divisão e estão muito mais contextualizados da realidade competitividade.

    O projeto do Académico é bem claro. A expetativa tem de ser doseada e contextualizada aquilo que é a realidade. Internamente, o Académico quer mostrar um perfil competitivo positivo, uma série de resultados positivos com vários golos marcados que não tinha nas épocas passadas. Não me recordo de na época passada, o Académico ter uma série de quatro vitórias consecutivas ou de ter uma série de sete ou oito jogos sem perder. Isso se muda no estalar de dedos. Isso faz com que chegando com um novo investimento, possamos assumir que o Académico é o principal candidato a subir de divisão? Não.

    Podemos ver da maneira e dar o destaque que quisermos, mas o objetivo é fazer o melhor para o próximo jogo, crescer, valorizar o clube, o projeto e o jogo com um futebol positivo. No final, queremos ganhar todos os jogos como qualquer equipa ainda que muitas das vezes algumas não joguem para ganhar.

    Em suma, o Académico de Viseu tem o objetivo de fazer uma campanha melhor do que a época transata. Depois o resultado vai ditando qual o objetivo do clube. Pegando na realidade da Segunda Liga, dez equipas podem querer almejar a subida, mas a maioria não vai subir. A mensagem que quero passar é de lucidez e de gestão de expetativas porque não está tudo mal no Académico. Apesar do resultado ter sido negativo hoje, parte de mim tem uma certa felicidade por aquilo que é uma mudança de identidade. Pagámos uma fatura por isso, mas não podemos querer é um Académico ganhador que marque muitos golos por jogo, que vença e convença e não pague a fatura por isso. Isso não existe.

     

    SCU Torreense

    BnR: Na primeira parte, as transições rápidas foram muito bem exploradas pelo Torreense. Foi aplicando tendo em conta a abordagem ofensiva do adversário nos jogos?

    Nuno Manta Santos: Quando está a atacar, o Viseu tem uma forte reação à perda naquele primeiro momento. Ultrapassando aquela primeira linha de pressão e colocando os extremos a sair no sentido vertical, o Picas e o Renato, iria haver muito espaço nos corredores com a linha de três e o Mesquita e Ott a darem maior profundidade no adversário. Fomos explorando esses espaços que o Viseu nos dava para as transições.

    Houve uma ou outra vez em que o Viseu provavelmente não estava bem equilibrado e em velocidade conseguimos sair. Por outro lado, muitas vezes o Académico de Viseu conseguiu jogar por dentro nesse bloco e receber o apoio frontal do Clóvis e do Famana que aparecia muitas vezes ali entrelinhas.

    Fomos controlando e estando coesos e fechadinhos. Depois íamos ganhando e saído em transição. É um trabalho coletivo. É evidente que o guarda-redes a nível defensivo é mais visível neste tipo de jogo, mas o trabalho de todos os jogadores da linha média e dos atacantes foi fundamental neste encontro.

    Esta vitória é do grupo e do trabalho que eles têm vindo a fazer.

     

    BnR: Na segunda parte, o Torreense pareceu algo surpreendido com a entrada forte do adversário com algumas dificuldades para controlar a partida até ao golo sofrido. O que foi essencial para controlar o jogo depois do golo e conseguir estancar a dinâmica ofensiva do Académico de Viseu?

    Nuno Manta Santos: Pela análise que fizemos dos outros jogos, sabíamos que o Académico iria entrar muito forte nos primeiros 15 minutos da segunda parte. Sabíamos que tínhamos de sofrer um bocadinho e de gerir o tempo e o ritmo de jogo. Foi o que fomos fazendo.

    Também nos preparámos para a eventualidade de colocar uma linha de cinco em termos defensivos para dar largura, ter maior altura e ficarmos mais bem preparados no jogo aéreo. A linha de quatro à frente servia de vasculação para o espaço que tínhamos de fechar e depois também para sair algumas vezes em transição como fizemos na segunda parte.

    Pela análise que tínhamos feito, o Viseu iria entrar muito forte, pressionante com movimentos por fora para tirar cruzamentos, a insistir no remate exterior. O Viseu fez muitos remates exteriores.

    Fomos acabando por mérito dos jogadores por suster o Viseu. O adversário também foi perdendo em alguns momentos aquela energia das equipas que baixam pouco, mas na parte final sabíamos que o jogo iria aumentar de intensidade e iria ficar muito partido. Nesses momentos, podia dar para um lado ou para o outro e nós tivemos que manter a calma. Controlámos muito bem as transições até ao final do jogo.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.