Pela sua anormalidade, o calor que se sentiu em Coimbra na tarde de sábado era cenário condizente com a situação classificativa de dois dos candidatos à subida que se encontravam antes deste jogo (abaixo da metade da tabela). Ou seja, era de esperar… o inesperado.
Assim aconteceu. Se a tendência era para a Académica não levar de vencido o Arouca no seu estádio (cinco jogos, cinco empates e duas derrotas nas grandes penalidades), essa foi invertida com a primeira vitória da Briosa sobre a turma da Serra da Freita, graças aos golos de Deyvison (na própria baliza), de Chiquinho e Djoussé (por duas vezes).
O primeiro foi conseguido bem cedo no encontro. Não estavam decorridos dois minutos de jogo, e já o central arouquense tinha introduzido a bola na própria baliza, ao tentar interceptar cruzamento de Marinho.
Os arouquenses reagiram a este revés, ameaçaram empatar (Barnes esteve perto, num remate que rasou a barra da baliza defendida por Ricardo Ribeiro) e, numa altura em que o mais expectável seria o golo arouquense… marcou a Académica – aos 27’, Femi Balogun, sobre a esquerda, deu para Chiquinho e o 22 da Briosa, à entrada da área, ampliou a vantagem.
O jogo passou a ser mais calmo, com a Académica a controlar melhor as operações do meio-campo do Arouca, e o caminho para o intervalo foi trilhado sem grande desvios relativamente às pretensões da Briosa.
Não conformado, Miguel Leal, treinador do Arouca, decidiu mexer no encontro e fez entrar Nuno Valente para o lugar de André Santos, dotando o meio-campo de maior vertigem atacante. Uma aposta que deu retorno passados… 30 segundos – isolado por Hugo Basto, Nuno Valente, lesto a explorar as costas dos centrais da Académica, atirou a contar.
O Arouca empertigou-se, fez com que a bola rondasse a baliza adversária, mas faltava sempre o último passe… e as melhores oportunidades (confirmando que se devia esperar o inesperado) pertenceram à Académica – Diogo Ribeiro e Marinho estiveram perto de ampliar.
Os arouquenses forçaram a barra, mas Ivo Vieira precaveu-se de um eventual assalto e, aos 64 minutos substitiuiu Ki, elemento mais criativo do meio-campo da Académica, por Guima, mais culto taticamente. O jogo sossegou, o Arouca esteve mais longe da área da Académica, mas… foi nesta altura que ameaçou a igualdade – Deyvision esteve perto de se redimir do auto-golo, atirando ao lado da baliza defendida por Ricardo Ribeiro – voltando à intensidade anterior.
Se o Arouca igualasse, não seria inesperado, pelo que aconteceu precisamente o contrário. Quatro minutos depois do ameaço arouquense, a Académica beneficiou de um canto. Nélson Pedroso foi chamado à conversão e encontrou Djousse (recém entrado para o lugar de Diogo Ribeiro, numa troca de ponta-de-lanças), que, de cabeça, ampliou o resultado.
Miguel Leal reagiu, de pronto, fazendo entrar Cícero (ponta-de-lança) para o lugar de Hugo Basto (central). Arriscou-se, pois a sofrer mais golos. E não, desta vez, não aconteceu o inesperado. Tal como acontece com todas as regras, a do inesperado teve uma excepção e a Académica ampliou mesmo a vantagem – Nuno André Coelho perdeu a bola em zona proibida, Femi Balogun foi rápido a reagir e assistiu Djoussé para o 4-1 final em cima do terceiro e último minuto de descontos.
Num jogo em que era esperado equilíbrio e, quicá, poucos golos… deu goleada. A Académica reencontrou-se com as vitórias, três jogos depois da última e vê, agora, mais perto, a zona de subida, ainda que desde o meio da tabela.