Francisco Oliveira Geraldes é leão desde 2003/2004, altura em que começa a representar o Sporting CP. Desde cedo afirmou que pretendia fazer toda a sua carreira no clube, fazendo sempre juras de amor eterno pelo leão que tantas vezes carregou ao peito. Foi igualmente desde muito novo que demonstrou todo o seu talento e toda a sua criatividade. Uma forma única quando toca na bola, de cabeça sempre levantada e com uma condução assertiva e um passe (quase) sempre teleguiado. Oferece soluções técnicas incríveis e entende na perfeição o que é preciso fazer com e sem bola.
A nível sénior começou a dar os primeiros toques na equipa B leonina e foi sem dúvida um dos destaques do plantel na altura. As suas exibições deliciavam os adeptos e, pensávamos nós que, de igual forma os dirigentes leoninos. Segue-se um empréstimo ao Moreirense onde foi o maestro da equipa e onde conquistou uma Taça da Liga. Uma época a um grande nível garantiu a presença na pré-época leonina na seguinte temporada, mas sem sucesso. Voltou a ser emprestado e desta vez o destino foi o Rio Ave, onde somou também um conjunto de 38 jogos e 4 golos, melhorando até os números e os níveis exibicionais que demonstrou em Moreira de Cónegos.
A sua qualidade não deixava margem para dúvidas e as suas exibições mais uma vez, faziam deliciar os adeptos leoninos. Quando se pensava que seria (finalmente) aposta em Alvalade, eis que surge um novo empréstimo. Desta feita o destino seria a Alemanha, para representar as águias de Frankfurt. Contou com zero jogos e logicamente zero minutos. Uma lesão que contraiu não ajudou também à sua adaptação.
Regressou em janeiro a Alvalade e foi o primeiro reforço de inverno. Foi inclusive a cara da gamebox para a segunda volta da época e no entanto somou apenas 18 minutos em 3 jogos e conta ainda com uma participação nos sub-23. Um jogador que vinha em crescendo vê assim a sua carreira estagnada, sem hipótese de continuar o trabalho que vinha a realizar. É lógico que “cresceu” na sombra de Bruno Fernandes e que seria muito difícil de ser aposta frequente, mas a sua qualidade reclama muito mais que 3 jogos e apenas 18 minutos.
Marcel Keizer defende que o jogador não joga por falta de qualidade, mas sim fruto dessa mesma concorrência. Consigo concordar de facto, mas não consigo entender nem compreender então a pouca aposta como já referi.
E agora? Como será daqui para a frente? O centro campista tem atualmente 24 anos e contrato com o clube leonino até 2021 com uma clausula de 45 milhões de euros. É um jogador tecnicamente muito evoluído, conhece e compreende o jogo e não consigo encontrar razões técnicas ou táticas para que não seja aposta regular no Sporting CP. É um jogador que está sempre um passo à frente, antecipando as suas ações e as dos adversários. No entanto, não deixa de ser curioso o facto de vários treinadores nunca terem apostado nele em Alvalade, mas a verdade é que temos o exemplo recente de Wendel que começou por não contar e agora acaba por ser uma das peças chave do plantel leonino.
Há jogadores que reclamam por oportunidades e certamente que Francisco Geraldes merece muitos mais minutos. Não sabemos o que se passa extrajogo e nos bastidores mas é um case-study este de Francisco Geraldes. Quem fica a perder é o jogador, mas sobretudo o clube por não apostar num jogador que alia na perfeição a sua inteligência com as chuteiras que calça em campo. Precisa de jogar para ter mais intensidade e para ser mais consistente – algo que demonstrou na nossa liga em duas épocas e dois clubes distintos. Sem ritmo de jogo será tudo mais difícil.
É rumor na imprensa desportiva que Francisco Geraldes está em vias de ingressar no AEK que é treinado atualmente por Miguel Cardoso, técnico que já orientou o médio português na sua passagem pelo Rio Ave. No entanto, é dito também que o Sporting CP pretende renovar por mais uma época antes de realizar o empréstimo. A minha grande questão é: para quando uma aposta séria? Vamos ver Francisco Geraldes mais uma vez a ser emprestado? Vamos renovar e emprestar para o jogador ser uma aposta com que idade? Ou para ir para o exterior dar nas vistas e mais tarde ser vendido?
Um jogador da casa, com qualidade e com uma enorme ambição de representar o clube é prendado desta forma. O problema do Sporting CP é estrutural e sobretudo um problema de mentalidade. Algo que se tentou mudar durante os últimos anos mas que parece para sempre perdurar no clube. Agora o futuro está encarregue de nos trazer todas as respostas.
Foto de Capa: Sporting CP
artigo revisto por: Ana Ferreira