Sporting CP 1-2 SL Benfica: Duas em duas em dois meses

    A CRÓNICA: NAZARETH É NOME ABENÇOADO

    A equipa feminina do SL Benfica ergue a Taça da Liga pela segunda vez em duas edições, ao derrotar o Sporting CP por duas bolas a uma, em Leiria. As “águias” construíram a vantagem nos primeiros 13 minutos e seguraram-na mesmo com uma unidade menos a partir dos 35 minutos.

    Dizem que o melhor é marcar cedo. Pois bem, há frases que “pegam” e esta “pegou” a dobrar nos ouvidos das encarnadas. Aos quatro minutos, a pressão de Kika Nazareth e Cloé Lacasse dá frutos nas imediações da área leonina, com as jogadoras das “águias” a recuperarem a bola e a construírem o golo inaugural – Kika remata para defesa de Inês Pereira e Cloé, na recarga, não perdoa.

    As equipas dobram os dez minutos iniciais com um golo a separá-las. Aos 12 minutos, no entanto, Ana Borges comete falta na sua grande área sobre Kika Nazareth e Nycole, chamada a converter, dilata a vantagem encarnada, já dentro do minuto 13. A confiança das “águias” dá-lhes o controlo do jogo, até ao cruzar da marca da meia hora, altura em que o Sporting CP começa a impor-se.

    A expulsão de Beatriz Cameirão, aos 35 minutos, acentua o domínio territorial e de posse de bola das leoas. As oportunidades claras para as verde-e-brancas, essas, não surgem até ao intervalo. Surgem com brevidade no segundo tempo. Aos 52 minutos, as leoas chegam mesmo ao golo da redução.

    A bola sai do pé direito de Ana Capeta em direção à área benfiquista e, apesar dos solavancos pelo caminho, chega à cabeça de Bruna Lourenço, que a faz aninhar nas redes à guarda de Letícia. Tenta responder o SL Benfica, por intermédio de uma Kika Nazareth cheia de “genica”, sem sucesso.

    Ana Capeta, de novo, pela direita, de novo, coloca a bola pela relva para o remate de Tatiana Pinto. A centro-campista leonina tenta apanhar Letícia em contrapé, mas o esférico não segue pelo trilho correto. Após 20 minutos de qualidade e emoção, seguem-se momentos acidentados, com lesões várias e momentos de paragem constantes.

    Ana Borges, desta feita, pela direita, de novo, coloca a bola pela relva para o remate de Andreia Jacinto. Personagens diferentes, mas o mesmo cenário do parágrafo anterior e o mesmo resultado também: bola para fora. A dois minutos do fim, Raquel Fernandes fica a dois centímetros do golo – se tanto.

    A incapacidade benfiquista para sacudir a pressão permite que o esférico chegue ao pé direito da brasileira, que não hesita em utilizá-lo para desferir um potente remate à trave das encarnadas. O resultado mantém-se até final.

     

    A FIGURA

    Francisca Nazareth – Kika e Capeta foram as melhores em campo das respetivas equipas, ainda que nenhuma delas tenha acabado a partida. Praticamente monopolizaram as jogadas de perigo dos clubes que representam e estiveram nos três golos da partida. Uma delas seria, invariavelmente, a figura do jogo e a escolha recai na benfiquista pelo simples mas importante facto de ter estado em dois golos, em oposição à participação singular de Capeta em tentos da sua equipa.

     

    O FORA DE JOGO

    Beatriz Cameirão – Os dois amarelos vistos nos primeiros 35 minutos colocaram em cheque a sua equipa, que se viu privada da sua mais importante jogadora no que diz respeito ao equilíbrio do meio-campo e à transição defensiva. O momento da expulsão revela o processo de amadurecimento que Cameirão ainda tem pela frente.

     

    ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP

    A equipa de Susana Cova começou a ser capaz de soltar as amarras, colocadas pelas encarnadas nos minutos iniciais, pela procura da verticalidade de Ana Capeta. A avançada leonina, com os seus movimentos entre corredores, permitia que o jogo verde-e-branco fosse mais vertiginoso, de forma a queimar linhas que, de outra forma, o Sporting CP não estava a conseguir queimar.

    Após a expulsão da benfiquista Beatriz Cameirão – sobretudo, após o intervalo, em que as leoas tiveram tempo para discutir nova abordagem à partida -, as de Alvalade abdicaram de ataques mais velozes em prol de ataques posicionais, naturalmente mais demorados e melhor planeados.

    As laterais leoninas passaram, então, a dar largura total, em simultâneo, com a primeira fase de construção a passar pelos pés das centrais, com o regular suporte de uma das suas médias, que, regra geral, era Andreia Jacinto. Ana Borges, pela direita, e Raquel Fernandes, pela esquerda, dividiam os seus afazeres entre a procura pela linha lateral e os movimentos interiores.

    Ana Capeta aproveitava o corredor mais vago, quando dos movimentos interiores de uma das alas. Foi com Capeta na procura do corredor que o Sporting CP criou maiores dificuldades ao SL Benfica. O corredor central, na região ofensiva do prisma leonino, era ocupada por Capeta e Fátima Pinto (Joana Martins, após a substituição), quando a primeira não fugia para um dos corredores.

    Neste último caso, era Tatiana Pinto quem aparecia com frequência e pungência – e qualidade – no apoio ao ataque pelo corredor central, aparecendo a “11” sportinguista em zona de finalização com facilidade.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Inês Pereira (5)

    Bruna Lourenço (6)

    Nevena Damjanovic (5)

    Mariana Rosa (6)

    Joana Marchão (6)

    Andreia Jacinto (6)

    Tatiana Pinto (7)

    Fátima Pinto (5)

    Ana Borges (7)

    Raquel Fernandes (7)

    Ana Capeta (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Joana Martins (5)

    Carolina Mendes (5)

    Marta Ferreira (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA

    Filipa Patão colocou as suas peças em campo num sistema de 4-4-2, com tendência para o losango, mas imbuído de muita mobilidade nas zonas mais avançadas do terreno. Nycole e Cloé, com o regular apoio vertebral de Kika Nazareth, eram as unidades mais adiantadas. Cloé, todavia, movimentava-se bastante entre corredores, o que permitia que Kika aparecesse sistematicamente em região de decisão no corredor central.

    A meio da primeira parte, no entanto, as águias começaram a assumir um 4-3-3, clássico na colocação de peças, mas com as nuances inerentes aos elementos individuais em campo. O meio campo, entregue a Cameirão, Faria e Ucheibe, apoiava o tridente atacante composto por Lacasse, na esquerda, Nycole, na direita, e Nazareth ao meio.

    A expulsão de Beatriz Cameirão, até então o elo mais defensivo do meio-campo das “águias”, obrigou a naturais mudanças. Kika Nazareth baixou no terreno, deixando o centro do ataque encarnado entregue à custódia partilhada de Cloé e Nycole, numa primeira instância; mais tarde, as “águias” apostaram num 4-4-1 em momento defensivo, com Kika a recuperar o seu posto na frente, desta feita sozinha.

    Cloé, à esquerda, e Nycole, à direita, juntavam-se, assim, a Andreia Faria e a Christy Ucheibe para formar uma linha de quatro. A pressão exercida sobre o Sporting CP no primeiro momento de construção das leoas deu resultado, mas foi uma estratégia de que as “águias” se viram forçadas a abdicar após a expulsão de Cameirão – ainda que as “águias” já houvessem começado a apostar menos nessa pressão, tendo uma vantagem de dois golos.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Letícia (6)

    Catarina Amado (6)

    Carole Costa (6)

    Ana Seiça (6)

    Lúcia Alves (5)

    Beatriz Cameirão (4)

    Andreia Faria (6)

    Christy Ucheibe (6)

    Francisca Nazareth (8)

    Cloé Lacasse (7)

    Nycole (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Matilde Fidalgo (5)

    Jolina (5)

    Sílvia Rebelo (-)

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.