Mata-mata
Chegava, enfim, o mata-mata. Restavam apenas dezasseis seleções, dentre elas as duas finalistas do último campeonato da Europa: a seleção portuguesa, vice-campeã, após um primeiro lugar algo surpreendente, enfrentaria a seleção da casa, a Rússia; por outro lado, os “les bleus”, rodeados de enormes críticas e de exibições inconsistentes, enfrentariam a Croácia, seleção que havia superado a poderosa (e desorganizada) Argentina na luta pelo primeiro posto no grupo D.
Estádio Luzhniki, Moscovo. Cristiano Ronaldo e companhia pisavam o relvado pela quarta vez na prova, desta vez sobre o olhar atento de cerca de oitenta mil russos, sedentos por um triunfo da seleção local.
Trinufo esse que começou a ser desenhado logo ao quarto minuto de jogo, depois de um cabeceamento fulminante de Dzyuba, a passe de Golovin: estava inaugurado o marcador na capital russa. A partir daí, assistiu-se a um jogo de sentido único, onde a seleção portuguesa, em busca do empate, criava diversas oportunidades de golo, contudo, repetidamente, pecava na hora da finalização. Tal cenário arrastou-se até perto do último quarto de hora, onde Bernardo Silva, após rasgo individual, ultrapassa dois defensores russos e é derrubado já no interior da grande área; o árbitro assertivamente aponta para a marca de grande penalidade e coloca nos pés de Ronaldo a chance de mudar o rumo dos acontecimentos.
Todavia, a bola, claramente, não queria entrar na baliza à defesa de Akinfeev e, após remate potente do capitão luso, esta “decide” bater com um estrondo no poste esquerdo, para delírio dos milhares nas bancadas.
Delírio esse que ainda atingiria um pico mais elevado ainda aquando do último soar de apito, por volta dos 90+5′. Era o fim da caminhada portuguesa em solo russo.
Já o outro finalista do Euro 2016, a França, defrontava uma seleção croata que vinha embalada em boas exibições nos três primeiros encontros do torneio. E esse embalo conseguiu empurrar a Croácia para uma autêntica exibição de sonho: com golos de Perisić (27’) e de Modrić (51’) e mais um par de boas oportunidades, Zlatko Dalić tinha conseguido colocar Deschamps taticamente “no bolso”.
Acusações de soberba e de uma certa arrogância na maneira como prepararam este campeonato do mundo ecoavam um pouco por toda a comunicação social francesa; os nomes de Pogba, Griezmann e Giroud estavam sobre a mira intensa da crítica gaulesa e Didier Deschamps começava a ser contestado por alguns nomes de relevo do futebol daquele país. As conquistas recentes (Euro 2016 e Taça das Confederações em 2017) pareciam já ter sido esquecidas pela generalidade do povo francês e, atualmente, apenas desilusão e duras críticas haviam restado.
A eliminação da atual campeã europeia, juntamente com as eliminações precoces de Alemanha, Argentina e Espanha, abririam o caminho para a coroação da maravilhosa geração belga como campeã do mundo de seleções, derrotando na final a maior surpresa da prova, a Croácia, por 2-0.
Foto de Capa: FIFA
Artigo revisto por Joana Mendes