1997: A primeira vez que a La Vuelta começou em Portugal

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    Em 2019, foi revelado que a La Vuelta, como é conhecida a Volta a Espanha, de 2020 iria passar em Portugal, com o pelotão a entrar pelo Norte do país a partir da Galiza, ao que se seguia uma etapa entre Viana do Castelo e a cidade do Porto, com a passagem por terras portuguesas a acabar no penúltimo dia de corrida que ligava Viseu a Ciudad Rodrigo.

    Todavia, a COVID-19 levou ao cancelamento dos planos, uma nota que se pode apontar em relação a quase tudo o que era suposto acontecer em 2020. Contudo, em setembro de 2023, foi revelado que a edição de 2024 da La Vuelta irá partir de Lisboa, com três etapas previstas para o Sul de Portugal. A 17 de agosto, um contrarrelógio ligará Lisboa, perto do Mosteiro dos Jerónimos a Oeiras, na Praia da Torre, no dia 18 o pelotão irá pedalar entre Cascais e Ourém e no dia 19 será feita a ligação entre Lousã e Castelo Branco, para completar a travessia do pelotão por terras portuguesas.

    Será a segunda vez que a Volta à Espanha arranca em solo português, com a primeira ocasião a ter decorrido em 1997, naquela que foi também a primeira vez que a corrida começou fora de Espanha. Aí, a La Vuelta arrancou com uma etapa ao sprint a ligar Lisboa e o circuito de Estoril em 155 km num dia que contava com muito pouco acumulado. Ainda mais plana seria a etapa seguinte, 225 km a ligar Évora a Vilamoura, uma etapa que atravessava o Alentejo. Na 3.ª etapa, o pelotão saiu de Loulé e terminou já na cidade de Huelva, em solo espanhol.

    A CORRIDA

    O pelotão era de luxo! A ONCE trazia uma equipa de luxo com Alex Zülle, Laurent Jalabert e Melchior Mauro; a Mapei aparecia com Gianni Bugno e Davide Bramati; a Banesto trazia Orlando Rodrigues e Abraham Olano; já a Kelme não estava para brincadeiras e alinhava com Fernando Escartín, Santiago Botero e ainda um jovem Roberto Heras; a Gan trazia Chris Boardman, especialista em contrarrelógio; o último destaque vai para a Maia – Jumbo, equipa portuguesa que alinhava na corrida com nomes como José Azevedo e Cândido Barbosa, ambos a desabrochar no pelotão nacional e internacional. Era o segundo ano seguido em que uma equipa portuguesa partia para a Grande Volta espanhola.

    A primeira etapa era plana, mas não foi por isso que deixaram de existir diferenças, com ventos cruzados a levarem a cortes no pelotão. O principal prejudicado foi José María Jiménez que perdeu 1 minuto e 16 segundos nesse dia. Já no pelotão, o sprint foi antecipado por trabalho intenso da ONCE e da Scrigno – Gaerne, equipa italiana que lançou o sprint com Fabrizio Guidi. Contudo, Laurent Jalabert conseguiu passar pela direita do corredor italiano e ultrapassá-lo, mas não foi o suficiente para a vitória, pois Lars Michaelsen, ciclista dinamarquês da TVM – Farm Frites esperou mais uns metros e lançou-se para a vitória, a partir da roda do francês.

    Foi a única grande vitória de Michaelsen em Grandes Voltas, sendo que o dinamarquês levantou os braços por várias ocasiões até 2006, ano da sua última vitória. Em ‘95, ganhou mesmo a Gent-Wevelgem e em ’92 uma corrida no Reino Unido chamada Milk Race, que não é importante, mas é engraçado que tenha existido uma corrida com esse nome.

    A 2.ª etapa entre Évora e Vilamoura não fez diferenças, mas viu o líder da classificação geral ir ao chão na última curva. O sprint voltou a ser lançado pela Scrigno para Guidi, mas foi Marcel Wüst da Festina quem saiu disparado pela direita dentro dos últimos 100 metros para conquistar a vitória. Wüst conquistaria mais duas etapas nessa edição da La Vuelta, nomeadamente no dia seguinte em que a corrida partiu de Loulé rumo a Huelva.

    Já Michaelsen mantinha a liderança na 2.ª etapa, apesar da queda e estaria recuperado para a decisão ao sprint em Huelva, onde também manteve a camisola-amarela (era dessa cor na La Vuelta desse ano), tendo liderado a La Vuelta durante todo o tempo que a corrida passou em Portugal.

    No que à classificação da montanha e dos sprints intermédios diz respeito, os líderes também não mudaram entre a 1.ª e a 3.ª etapas, com Francisco Cerezo Perales a vestir a camisola da montanha e Angelo Canzioneri a liderar a classificação dos sprints.

    Lars Michaelsen perderia a camisola-amarela para Fabrizio Guidi na 4.ª etapa. A 7.ª etapa com chegada ao alto de Serra Nevada foi o primeiro dia importante para a geral. Yvon Ledanois triunfou mas foi Laurent Dufaux, da Festina a saltar para a camisola amarela, uma liderança que passaria para os ombros de Alex Zülle na etapa 9, um contrarrelógio em Córdoba, ganho por Melchior Mauri. Zülle conquistava a sua segunda La Vuelta consecutiva com uma vantagem superior a 5 minutos para Fernando Escartín e a 6 para o compatriota, Dufaux.

    De resto, nenhum dos homens que saiu de Portugal a liderar uma classificação chegaria a Madrid como vencedor da respetiva. Laurent Jalabert venceu a classificação por pontos, José María Jiménez venceu a da montanha e os sprints foram para Mauro Radaelli, italiano da equipa Aki – Safi.

    Essa edição é a 3.ª mais rápida da história da La Vuelta, com uma velocidade média de 42.289 km/h, de acordo com o Pro Cycling Stats, um número que apenas é batido pelas edições de 1972 (43,189 km/h) e 1971 (44,248 km/h).

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.