Depois de andar 28 jornadas na sombra do FC Porto, o Benfica alcançou a liderança. Os encarnados nunca estiveram tão próximos de almejarem o tão cobiçado penta.
Um início atribulado, com resultados longe de serem cintilantes na Liga, Taças e Champions, fazia antever uma temporada despida de troféus para o Benfica. Rui Vitória manteve a calma e, tal como nas duas épocas anteriores, apontou sempre para o facto de o campeonato ser uma maratona, lembrando os muitos pontos por disputar. Após uma alteração estrutural no sistema tático, e de constituir um onze sólido, elementos que demoraram quase meia época a cimentar, o Benfica tornou-se, enfim, na melhor equipa a praticar futebol em Portugal.
No entanto, é sabido que jogar bem não é garante de títulos. E o Benfica, apesar de se ter superiorizado ao Porto em relação à qualidade de jogo e de ter alcançado, de janeiro até hoje, uma regularidade assinalável, tinha sempre 5 pontos de desvantagem em relação ao primeiro lugar. Significava que só um percalço do rival do Norte podia colocar o Benfica na rota do título.
E eis que, no espaço de três jornadas, o Porto perde 6 pontos. O Benfica é agora líder pela primeira vez na temporada e os sinais, se se olhar para a história recente, auguram otimismo. Com Rui Vitória, sempre que o Benfica chegou à liderança nunca mais a deixou. A força mental da equipa, nestes momentos, é determinante e aqui não haverá, seguramente, nenhuma equipa no presente campeonato que se possa equiparar. Jogadores como Jardel, André Almeida, Fejsa, Pizzi, Salvio e Jonas são tetracampeões, estando, por isso, mais que habituados a estas andanças. Na hora H, não comprometem.
A questão que se coloca agora está relacionada com o calendário. O Benfica, que não terá hoje um jogo fácil em Setúbal, joga com Porto e Sporting. O clássico com os dragões ganha um contorno decisivo caso o Benfica vença. Se vencer, é campeão. Aumenta para 4 os pontos de vantagem sobre o Porto e, até final, podendo dar-se ao luxo de perder em Alvalade.
No caso de derrota ou empate no clássico, o Benfica é obrigado a vencer os leões, e aí o jogo terá outra dimensão. Torna-se crucial para o título do Benfica e relevante para o Sporting, sobretudo para Bruno de Carvalho determinar se mantém Jorge Jesus no comando técnico da equipa; na eventualidade de não vencer em Alvalade, os encarnados terão de esperar um deslize do Porto, que defronta, na qualidade de visitante, Vitória de Guimarães e Marítimo, jogos de grau de dificuldade elevado, especialmente o último – nos últimos 4 anos, os dragões não venceram no Barreiro. No entanto, nenhum destes adversários tem o valor do Sporting.
Fazer prognósticos nesta fase é sempre um exercício fútil. Mas uma coisa é certa: o Benfica tem mais jogadores acostumados às decisões; o Porto, não. O Benfica terá de ir a Alvalade; o Porto desloca-se à Madeira e a Guimarães.
Foto de Capa: SL Benfica