Recentemente, estava a ler o livro de Emma O’Reilly em que ela fala sobre o seu tempo na US Postal e tudo o que se passou depois. O’Reilly trabalhou como soigneur na equipa americana e foi até a responsável por tratar Armstrong durante a sua primeira vitória no Tour de France e viria depois a ser a primeira voz a falar publicamente e sem anonimato sobre o recurso a substâncias proibidas no conjunto de Armstrong e Bruyneel.
Um dos episódios que a irlandesa recorda é uma situação em que no fim duma etapa quando conduzia Armstrong para o hotel, este ter ligado ao então presidente da UCI, Hein Verbruggen, para se queixar das ações de um Comissário. Ora, é claro que este comportamento é claramente inapropriado e esta e outras situações deixaram a UCI com um problema profundo de credibilidade.
O sucessor de Verbruggen também não deixaria saudades. Apesar de deixar a UCI numa posição mais respeitável que aquela em que a encontrou, diz tudo sobre o mandato de Pat McQuaid que seja mais lembrado por durante o seu tempo à frente da UCI o seu filho se ter tornado no principal agente de ciclistas a nível mundial que por outro qualquer motivo.
Finalmente, com a chegada de Brian Cookson a UCI parecia ter entrado num novo ciclo. Apesar de também não ser imune a conflitos de interesses, nomeadamente no respeitante às questões britânicas, onde tinha anteriormente chefiado a Federação nacional, é incontornável o legado que deixou na modalidade.
Pragmático na sua abordagem aos problemas, deu um grande impulso ao ciclismo feminino, à pista e ao paraciclismo e deu ao ciclismo de estrada masculino uma estabilidade que este não encontrava há algum tempo, tanto nas competições como fora delas em termos organizativos e de fiscalização.
No entanto, não era tão forte no agradar aos interesses dos presidentes das diversas federações e, ao fim de somente um mandato, foi substituido pelo francês David Lappartient. E, o que dizer de Lappartient?
Uma boa palavra para descrever a sua presidência até ao momento é fiasco. Desde a ataques diretos à Team Sky/Team INEOS, incluindo a apresentação de medidas direcionadas a parar o seu domínio no Tour (ainda sou do tempo em que devia haver imparcialidade e o que importava era o desenvolvimento do desporto, não impedir uma determinada equipa de vencer), a avanços e recuos em supostas mudanças regulamentares ou à imposição de limites de tamanho das meias dos ciclistas.