A vaga do Mar Azul

    Em todos os discursos de consagração, seja de treinador, jogadores ou até mesmo do presidente, há sempre um denominador comum que consta entre os principais agradecimentos: o “mar azul”. A comunhão entre os adeptos e toda a estrutura atingiu, este ano, enormes proporções e não passou despercebida.  

    A chegada de Sérgio Conceição ao comando técnico azul e branco, com o discurso de entrada a ser claro e objetivo no sentido da conquista do título, entusiasmou a massa adepta. Com um passado ligado ao clube e o espírito que há muito se ansiava ter no banco, o treinador foi desde logo uma peça fundamental na união da “família portista”. Dado esse primeiro passo, começou o trabalho feito com os jogadores. Muitos “mal amados” foram ganhando uma nova força com o passar dos jogos e a resposta dos adeptos não se podia esperar mais positiva. Estavam lançados os dados para uma época de um círculo perfeito! 

    E foi logo em Agosto que chegou ao Dragão a primeira vaga do Mar Azul. Em mês de férias por excelência, com muitos emigrantes a regressarem a Portugal, o estádio do FC Porto começou a bater recordes de assistência. Em três partidas oficiais, apresentação, recepção ao GD Estoril na primeira jornada e ao Moreirense FC na terceira, o Estádio do Dragão recebeu 142.139 adeptos, um valor bastante acima dos 120.000 espectadores registados no mesmo período em 2004/2005, época que detinha o valor mais alto desde a inauguração. Até ao final do ano, foram 603.424 as pessoas que acompanharam a equipa nos jogos em casa, um valor que superou largamente o de igual período na época passada, 560.919, e o do recorde que estava estabelecido nos 590.802. 

    E se dentro de portas os adeptos diziam presente, os jogos fora seguiam o mesmo sentido. As deslocações do FC Porto terminavam praticamente com as bilheteiras esgotadas e apoio em massa. No percurso da equipa, esse terá sido um elemento fundamental. Aliás, esse foi um dos elementos mais mencionados em todos os discursos relativos ao título. Desde Pinto da Costa a Sérgio Conceição, passando pelos jogadores, todos reconheceram a importância do apoio que chegava das bancadas e não só.  

    Adeptos deslocaram-se em massa a Lisboa, para o jogo na Luz
    Fonte: SL Benfica

    Aquando da derrota em Belém e consequente perda da liderança no campeonato, o FC Porto enfrentava uma próxima deslocação de grau de dificuldade elevado e que podia devolver de novo a equipa ao primeiro lugar: a deslocação à Luz. Era imperativo vencer o SL Benfica e os adeptos fizeram questão de, desde logo, deixar clara a sua confiança. À saída do Estádio do Dragão, na véspera de partida, foram milhares os adeptos que aguardaram a saída do autocarro, entoando cânticos de apoio e incentivo. E, prova da união entre todas as partes, os atletas e treinador vieram ao encontro dos apoiantes para viverem o momento mais de perto, para fotografias e até troca de palavras. O mesmo se repetiu na altura da visita ao Marítimo, e se a saída foi concorrida a chegada ainda foi mais. O aeroporto Francisco Sá Carneiro foi pequeno naquela noite de domingo para receber os portistas entusiasmados pela vitória e, embora matematicamente nada estivesse garantido, naquele dia todos souberam que o título já não escapava ao FC Porto.

    Não só nas vitórias mas também nas derrotas e momentos mais sensíveis, este FC Porto moveu milhares e voltou a reacender a chama do Dragão. Sendo o apoio dos adeptos fundamental para o percurso de uma equipa, o plantel portista estará com certeza orgulhoso da sua claque, sócios e adeptos, que semana após semana acreditaram no título e incentivaram a conquista do mesmo.

    Foto de Capa: FC Porto

    Artigo revisto por: Jorge Neves

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    Joana Quintas
    Joana Quintashttp://www.bolanarede.pt
    O gosto pela escrita e a paixão pelo desporto, particularmente pelo futebol, tornaram claro que o jornalismo desportivo seria o caminho a seguir. A Joana é licenciada em Ciências da Comunicação, gosta de estar atenta ao que a rodeia e tem, por norma, sempre uma palavra a dizer sobre tudo.                                                                                                                                                 A Joana não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.