Apenas “Jesús” não foi suficiente

    Contratado em 2015 ao FC Twente, após uma estrondosa época nos Países Baixos onde conseguira alcançar a marca de 11 golos na Eredivisie, em pouco mais de três dezenas de jogos, Jesús Corona chegou à Invicta com enormes expetativas ao seu redor. E, naquela primeira temporada de dragão ao peito, apesar de, coletivamente, esta poder ser qualificada como negativa, o internacional mexicano não desapontara, alcançando aquele que, até à data, é o seu melhor registo no FC Porto: oito golos em 39 jogos.

    Contudo, apesar de ser claramente um dos maiores diamantes em bruto no futebol português, a regularidade das suas exibições, durante as duas épocas que se seguiram, começava a ser questionada pelo tribunal do Dragão.

    E o veredito parecia estar dado: “Ah, o Corona é um excelente jogador, mas não é regular, não é capaz de fazer uma sequência de jogos em alto nível”. Todavia, o réu ainda tinha uma palavra a dizer e, efetivamente, esta época deu essa resposta: salvo raras exceções, Corona conseguiu espalhar magia por tudo o que era relvado, em Portugal e na Europa, do Dragão até à Rússia. Quando a “redondinha” chegava aos pés do atacante mexicano, era quase que sinónimo de que algo estupendo iria acontecer. Era aquela altura em que os adeptos levantavam-se, pegavam instintivamente nos seus telemóveis e tentavam filmar mais um daqueles pormenores deliciosos que, deste lado da fronteira, apenas Jesús Corona é capaz de fazer. Tudo isto naquela primeira metade magnífica dos dragões.

    Jesús Corona apontou 8 golos com a camisola do FC Porto esta época
    Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    Relativamente aos eventos mais recentes, recordamos um Tecatito mais apagado, mais desgastado, um Corona menos Corona, resumidamente, muito por culpa dos infortúnios de natureza física que o têm atormentado. Ainda assim, foi capaz de protagonizar o que aparentava ser um final de época em alto rendimento, ao marcar, consecutivamente, nas goleadas frente a CD Aves e CD Nacional, ambas por 4-0. Infelizmente, não só para o FC Porto, como também para todo o espetáculo que envolve a final da Taça de Portugal, o mexicano havia de ser impedido de disputar essa partida frente ao Sporting CP, devido a um cartão vermelho visto no jogo anterior frente àquele mesmo adversário.

    Sem entrar no mérito “justiça”, facto é que a ausência de Jesús Corona no jogo do Jamor, apesar de não justificar o desaire, acabou por contribuir para o mesmo. Era, a meu ver, um jogador que, estando num “dia sim”, poderia assegurar a conquista daquele troféu. Porém, tudo isso acaba por pertencer ao plano hipotético, um plano que nunca teremos acesso.

    Concluindo: acaba por ser uma época boa, no geral, de Jesús Corona ao serviço do FC Porto, sendo apenas equiparada ao ano de estreia do mexicano na Invicta. Isso significa que vimos o melhor Corona? Acho que não, honestamente. Clubismos à parte, o mexicano, tecnicamente, é, de longe, o melhor jogador em Portugal. O que este número 17 é capaz de fazer não está ao alcance de nenhum outro jogador do nosso campeonato, na minha opinião. Portanto, contar com Jesús Corona para 2019/20 acaba por ser obrigatório, não só pelo que este acrescenta à equipa, como também devido ao desmanche que assistimos no Dragão, por estes dias. O encargo de encontrar um novo Corona é um encargo que ninguém merece ter, sobretudo porque ainda há a necessidade de encontrar um novo Brahimi, um novo Herrera, um novo Militão e um novo Felipe.

    Foto de Capa: FC Porto

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    José Mário Fernandes
    José Mário Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Um jovem com o sonho de jogar futebol profissionalmente. Porém, como até não tinha jeito para a coisa, limita-se a gritar para uma televisão quando o FC Porto joga.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.