Carta Aberta a: Pinto da Costa

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    Olá Jorge,

    Não sei se sabes quem sou. Talvez já tenhas ouvido o meu nome, mas provavelmente nunca pensaste que chegaria o dia em que me conhecerias. Pois bem, eu estou a chegar, e espero sinceramente que estejas em boa saúde para me receber.

    Quero estar contigo neste teu fim de ciclo. Mais uma vez, acredito que pensaste que nunca chegaria tal altura. Planeaste um fim que seria apenas o princípio de outro alguém como tu, que faria as mesmas artimanhas, que contaria as mesmas mentiras, que ganharia e enriqueceria de forma tão indigna como tu fizeste na tua vida. Mas, Jorge… estiveste enganado.

    O teu fim de ciclo torna-se cada vez mais óbvio. Afinal, estás a acabar como todos os mafiosos acabam: louco com a perda de poder. Se calhar nunca tinhas pensado nisto, mas a vida e o que nela fazemos não é algo que possamos, simplesmente, passar para as mãos de outrem. Há coisas que temos de ser nós mesmos a fazer. E hoje, antes de conseguires passá-lo para alguém da tua confiança, sentes o poder a escapar-te por entre os dedos, restando-te o que resta a todos os que acabam como tu: a ameaça, a injúria e a coação.

    Ó Jorge, de tantas vezes que ameaçaste os outros, esqueceste-te de que tens de o fazer pela calada? Bem sei que já empurraste muitos jornalistas na tua vida, mas a velhice fez-te perder a noção de que não o podias fazer em frente às câmaras, em direto para a televisão. Passaste por muito, Jorge. Foram 30 anos de cansativos e planeados esquemas que te levaram à glória. E podias ser eternamente glorificado, Jorge, até podias. O Grande Presidente… era bonito! Mas o poder tem também um lado muito negro: quando muitos o querem, todos o estragam.

    Jorge, espero que percebas que serás cada vez mais o Jorge e cada vez menos o Sr. Presidente. O medo que criaste através do teu poder acabou. As pessoas vão deixar de te recear, Jorge, e vão começar a falar. Alguns ratos já começaram a fugir-te. Vão contar toda a verdade que escondeste durante a tua vida. Rapidamente as tuas conquistas passarão a mentiras, a tua sala de troféus de ouro será apenas pó e toda a tua glória será uma ilusão. É isso que eu te vou fazer, Jorge.

    Felizmente, nem tudo o que fizeste foi mau. No teu caminho de falsas conquistas, criaste um clube feito de adeptos de vitórias. Eles não te amam, Jorge, nunca te amaram. Nem a ti, nem ao símbolo que ostentas, nem à história da instituição que defendeste. E quando o teu poder morrer, os adeptos do teu clube, essencialmente regionais (um erro que não foste a tempo de emendar), morrerão com ele. Alguns, poucos, terão vergonha daquilo que apoiaram. Outros ignorarão algum dia ter-te apoiado. Presidente, nunca mais. Serás apenas o Jorge.

    Mas ainda me terás a mim, Jorge, e eu já não demoro. Até já,

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    Diogo Bernardo
    Diogo Bernardohttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é verde até ao tutano e adora futebol. Gosta de ver e analisar jogos, mas, muito mais do que isso, gosta do seu Sporting. Fala sempre no seu clube do coração, bem e mal das outras equipas e sempre mal da arbitragem.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.