O campeonato português é, de facto, um campeonato competitivo. A luta dos três grandes pelo título, a luta dos médios-altos pela Europa, as “deslocações tradicionalmente difíceis” e a luta pela permanência/manutenção dos mais pequenos são alguns exemplos que demonstram a feroz competição inerente ao desporto rei em Portugal. Analisemos cada um desses casos.
Embora o Benfica seja tetracampeão, não se pode dizer que esta tenha sido uma conquista fácil. No primeiro desses quatro títulos (2013/2014), a diferença pontual para o segundo classificado, nesse caso o Sporting liderado por Leonardo Jardim, foi de sete pontos. Uma vantagem, de certa forma, elevada, mas nada de muito expressivo. Por sua vez, no segundo ano do “tetra”, a diferença pontual foi ainda menos expressiva ficando nos três pontos de diferença para um Futebol Clube do Porto liderado pelo mediático e inesquecível Julen Lopetegui.
Chegamos, assim, ao terceiro ano, o ano em que o Benfica encontra mais dificuldades e em que “só” é campeão graças a um “mero” chuto de Mitroglou em Alvalade e ao maior falhanço que me lembro de ver em muito jogo de futebol que já vi na vida (sim, estou a falar do Bryan Ruiz), em que a diferença pontual é ainda menos expressiva e não passa dos dois pontos de diferença para a equipa de Jorge Jesus (o Sporting desta vez!). Por fim, chegamos ao quarto e último ano, ano esse em que o Porto de Espírito Santo não jogou “à Porto” (seja lá o que isso for) e o Sporting de Jorge Jesus se esqueceu de como jogar bom futebol.
Por sua vez, a luta pela Liga Europa é também ela já inerente ao campeonato português. Vitória Sport Clube, Sporting Clube de Braga, Rio Ave e Marítimo são os habituais cães à luta pelo osso europeu. Arouca, Estoril Praia, Belenenses e Paços de Ferreira são coelhos que, de vez em quando, decidem sair da toca e ir em busca da sua “cenourinha”. É mais uma das “lutas” que anima o futebol em Portugal, mais que não seja para se gastar uns “milharzitos” numa bancada toda “XPTO” para um clube ir à Liga Europa e depois ter essa bancada repleta de adeptos…em quatro jogos dos 32 da liga portuguesa (Benfica, Sporting, Porto e Vitória Sport Clube).
Passemos agora ao terceiro tópico, as “deslocações tradicionalmente difíceis”. É, invariavelmente, um tópico que me faz alguma confusão e que me deixa, no mínimo, inquieto. Se o Benfica recebe o Marítimo, a pergunta que se faz é se a goleada vai chegar à meia dúzia. Porém, se o Benfica visita o “Estádio dos Barreiros” já se fala na mais que provável escorregadela. Quem diz o Benfica com o Marítimo, diz o Porto com o Rio Ave ou o Sporting com o Braga. Peço, por favor, a alguém que me explique o porquê de isto acontecer. Não consigo, de facto, perceber. Todavia, é inegável que os “grandes” passam lá “tradicionais dificuldades” e que muitas das vezes comprometem as suas campanhas bem como os seus objetivos.
Como o melhor fica sempre para o fim, decidi acabar com o tópico que mais “pica” dá. A liga dos últimos, a luta pelos trinta pontos, a guerra pelo osso de brincar. E quem melhor do que o Tondela e do que o Petit para explicar a luta pela permanência? Ou até mesmo o Manuel Machado que cumpriu a proeza de descer duas equipas no mesmo ano? É, no mínimo, agradável ver as equipas no deserto de resultados à procura do oásis dos trinta pontos. Os festejos da equipa que se salva (sendo isto uma constante para a equipa do Tondela) enchem o coração a qualquer adepto de futebol (quer dizer, os adeptos das equipas que descem não ficam lá muito contentes, mas pronto, siga para frente…!).
Em suma, o campeonato português é alegre, divertido, único e até mesmo peculiar. É, sem sombra de dúvida, um campeonato altamente competitivo que cativa o amante de futebol.
Foto de capa: Bola na Rede
Artigo revisto por: Beatriz Silva