Um dia memorável para o atletismo! Numa sessão bastante curta, assistimos à melhor prova feminina de 400 barreiras da história, a uns 3.000 obstáculos masculinos excitantes, ganhos com a menor diferença da noite (!) e a uns 400 metros com uma marca fantástica para o Ouro. Em relação aos concursos, nada há para nos queixarmos também: a estrela local brilhou num concurso verdadeiramente emocionante de Salto em altura e houve um festival de boas marcas cubanas no Disco.
AS FINAIS DE HOJE
A muito esperada final feminina dos 400 metros barreiras deu tudo o aquilo que todos nós queríamos e muito mais. Dalilah Muhammad (USA) – que já havia batido o recorde mundial – disparou desde o tiro de partida para uma volta perfeita à pista com barreiras. Sempre muito forte, Dalilah tinha uma considerável vantagem à entrada da meta sobre Sydney McLaughlin (USA) e, embora essa diferença se tenha reduzido, isso foi o suficiente para conquistar o Ouro nestes Mundiais, com um novo RECORDE MUNDIAL, baixando a sua marca para 52.16 segundos!
🇺🇸 goes 1-2 as Dalilah Muhammad breaks own 400m hurdles world record in 52.16 on way to #WorldAthleticsChamps gold. @GoSydGo clocks impressive 52.23 for silver.
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— IAAF (@iaaforg) October 4, 2019
A Prata foi para a jovem Sydney McLaughlin, de 20 anos, que correu em 52.23 segundos, no que há três meses atrás seria um recorde mundial – Muhammad bateu o recorde que durava há 16 anos durante o mês de Julho – subindo a 2.ª atleta mais rápida da história. A medalha de Bronze foi para Rushell Clayton (JAM), com um grande recorde pessoal de 53.74 segundos, sendo que Lea Sprunger até bateu o recorde nacional suíço (54.06) sem que isso tenha chegado para uma medalha.
Nos 3.000 metros Obstáculos masculinos, grande prova, emocionante e disputada até ao final, com uma vitória ao limite de Conseslus Kipruto (KEN), confirmando os rumores de que estava totalmente recuperado de lesão e ultrapassando Lamecha Girme (ETH) mesmo em cima da meta. O etíope fez uma prova estupenda, deu tudo o que tinha e não tinha, batendo o recorde nacional da Etiópia aos seus 20 anos e alcançando uma excelente medalha de Prata. Kipruto fechou em 8:01.35 e Girme em 8:01.36. O queniano renova, assim, o título mundial, numa época em que muitos duvidavam que fosse capaz de cá chegar na máxima força.
A completar o pódio, no 3.º lugar, Soufiane El Bakkali (MOR), em 8:03.76, não sendo ainda desta que chega ao Ouro em eventos globais. O 4.º – Getnet Wale (ETH) – e o 5.º – Djilali Bedrani (FRA) – também bateram recordes pessoais hoje em Doha.
A última final da noite, os 400 metros masculinos, parecia descaracterizada com a ausência de Wayde van Niekerk (o sul-africano, recordista e campeão mundial, ficou de fora dos Mundiais por lesão) e de Michael Norman (USA), o líder mundial que foi eliminado nas semifinais. Fred Kerley (USA), que venceu a Diamond League no ano passado e que até já tinha batido Michael Norman este ano nos Nacionais norte-americanos era o grande favorito quando as luzes se acenderam de novo no estádio, depois do espetáculo luminoso na apresentação dos atletas.
Kerley arrancou forte e parecia bem encaminhado nos primeiros 200 metros, mas Steven Gardiner (BAH) que até aí mantinha-se a uma pequena distância do norte-americano e com Kerley controlado, arrancou para uns fulminantes 200 metros finais, terminando em impressionantes 43.48 segundos, um novo recorde pessoal para o atleta que havia sido Prata em Londres e um incrível novo recorde nacional das Bahamas. Gardiner que tinha, à partida para esta prova, um recorde pessoal de 43.87, e um melhor da época de apenas 44.13 feitos na semifinal, estava de boca aberta no final e todo o estádio pareceu ter ficado assim, pois até o sistema de som avariou e nem o anúncio do vencedor se ouviu.
Fred Kerley (USA), que era o favorito, nem conseguiu chegar à Prata, contentando-se com o Bronze em 44.17 segundos, sendo que a medalha de Prata foi para Anthony Zambrano, de 21 anos, com uma ponta final impressionante, correndo em 44.15 segundos e batendo o recorde da América do Sul.