A longa jornada de sábado em Doha proporcionou grandes marcas na velocidade, nos saltos e nos lançamentos, mostrando que a localização e a data (tardia) destes Mundiais não está a afetar em nada as grandes performances no estádio.
Além de confirmações (Christian Coleman), tivemos grandes surpresas (Gayle no Comprimento), assim como vitórias históricas de Price no Martelo e de Hassan nos 10.000m, uma vitória que até nos faz voltar atrás no tempo, até…Fernanda Ribeiro em Gotemburgo! Também nas eliminatórias existiram surpresas e enormes marcas, mostrando que os Campeonatos têm tudo para não desapontar ao nível desportivo.
Os Portugueses
Lorene Bazolo foi a única portuguesa em pista, correndo as eliminatórias dos 100 metros em 11.51s, distante do seu melhor, não conseguindo o apuramento para a fase seguinte. No final, a atleta apresentou-se ‘desiludida’, pois esperava fazer bem melhor, referindo também a existência de um problema técnico na fase inicial da sua corrida. Lorene disse ainda que se adaptou bem ao clima de Doha e que se sentia bem fisicamente, colocando de parte a hipótese que isso tenha sido um problema.
Esta madrugada, no Qatar, ainda competirão nos 50km Marcha três portugueses: Mara Ribeiro e Inês Henriques na prova feminina e João Vieira na prova masculina. Na madrugada passada, em estrada, decorreu a final da Maratona, onde Salomé Rocha terminou na 28ª posição, com um tempo de 2:58:19s. A prova ficou marcada por extremas condições climatéricas – chegou a atingir os 33 graus e 75% de humidade – e 28 dos 68 atletas que começaram a prova, não terminaram. O Ouro acabou por ir para uma das favoritas, Ruth Chepngetich (KEN) com a marca mais lenta de sempre a vencer Mundiais (2:32:43s). Chepngetich é a líder do ranking da IAAF e bateu a campeã mundial de 2017, Rose Chelimo (BRN), que alcançou a Prata em 2:33:46s, sendo que Helalia Johannes (NAM) fechou o pódio, com 2:34:15s, conseguindo a segunda medalha da história da Namíbia em Maratonas de Mundiais.
As finais de hoje
Até à final dos 100 metros, apenas um homem (Christian Coleman) tinha baixado dos 10 segundos nestes Campeonatos. Na final foram cinco a fazer isto! Foi uma final emocionante, a primeira sem Usain Bolt, com direito a um fantástico tempo de Christian Coleman (USA), que fechou a prova em 9.76 segundos, o tempo mais rápido no mundo nos últimos quatro anos e uma marca que o coloca como o 6º mais rápido da história. No segundo lugar, com a medalha de Prata, o mal-amado Justin Gatlin (USA), defendendo como conseguia o seu estatuto e mostrando que aos 37 anos ainda tem aquela apetência para grandes campeonatos. A fechar o pódio, o canadiano Andre de Grasse, com uma marca de 9.90 segundos, um novo recorde pessoal. Mais dois homens baixaram dos 10 segundos hoje – Akani Simbine (RSA) em 9.93 e Yohan Blake (JAM) em 9.97 segundos.
Na prova de 10.000 metros feminina, grande luta entre quenianas, etíopes e uma holandesa (que também nasceu na Etíopia) e foi mesmo essa holandesa que conquistou o Ouro! Sifan Hassan (HOL) alcançou um Ouro, que não era alcançado por uma europeia desde a conquista de Fernanda Ribeiro em Gotemburgo, em 1995! A pupila de Alberto Salazar terminou a prova em 30:17.62s, marca líder do ano. A Prata foi para Letesenbet Gidey (ETH), que fez ela mesmo uma grande prova, tendo sido a primeira a tentar dar uma sapatada no ritmo lento que inicialmente foi imposto, terminando em 30:21.23. No terceiro lugar, Agnes Tirop (KEN) levou o Bronze para o Quénia (em 30:25.15) em novo recorde pessoal, sendo que Hellen Obiri ficou de mãos a abanar nesta prova, no 5º lugar, ainda que com um recorde pessoal. No total, 10 atletas melhoraram os seus melhores pessoais nesta prova.
No Comprimento, Tajay Gayle (JAM) abriu o concurso a 8.46 metros, um novo recorde pessoal, mas era esperada uma resposta do Juan Miguel Echevarría (CUB). Essa resposta nunca chegou verdadeiramente. Echevarría nunca passou dos 8.34 metros que alcançou ao 3º ensaio e teve que sair de Doha contentando-se com uma medalha de Bronze que não parece ter-lhe sabido a muito. Jeff Henderson (USA), o campeão olímpico, retornou aos bons resultados e com 8.39 metros alcançou a medalha de Prata, mas o Ouro, esse, foi mesmo para Gayle que ainda melhorou no 4º ensaio para impressionantes 8.69 metros! O jamaicano melhorou 37 centímetros em relação ao que trazia para estes Campeonatos, numa das maiores surpresas que certamente acontecerão em Doha.
Por fim, no que se refere a finais, decorreu ainda a final do Lançamento do Martelo. O Ouro foi para DeAnna Price (USA) que lançou a 77.54 metros na 3ª tentativa, fazendo história, tornando-se na primeira norte-americana a vencer Mundiais neste evento – na verdade, é mesmo a primeira medalha de sempre dos norte-americanos! O 2º lugar foi para a polaca Joanna Fiodorow que bateu o recorde pessoal, ao chegar aos 76.35 metros, sendo esta a sua primeira medalha global da carreira, depois de dois Bronzes em Europeus. Já o Bronze foi para a chinesa Zheng Wang com um lançamento de 74.76 metros ao 5º ensaio, ela que já tinha sido Bronze em Moscovo (em 2013) e Prata em Londres (2017).