Está a chegar a altura em que, antes de qualquer jogo ou no fim de qualquer jogo, é bastante normal ouvir o velho ditado: “Isto até ao lavar dos cestos é vindima”. Muito provavelmente isso vai acontecer se formos a uma típica tasca portuguesa ver a bola, mas a verdade é que este dito do povo tem algum fundo de verdade e disfarça preocupações que já não são novas.
É mais do que evidente que houve um decréscimo de qualidade de uma época para a outra. Num quick recap, a Taça da Liga já se foi e por esta altura estávamos a festejar a passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Por outro lado, a Taça de Portugal continua em jogo, mas vamos ao que realmente importa.
Isto do campeonato está muito igual ao ano passado e isso, pelo menos a mim, assusta. Em vez do Sporting é o Porto e, a menos que haja uma melhoria rápida das exibições, duvido de que o Benfica tenha a mesma sorte que teve no ano passado.
Um tipo que conhece um amigo meu foi à Luz ver o jogo contra o Belenenses. Esse meu amigo, por infortúnio do destino e tal como eu, não conseguiu ver o jogo. Mas em conversa com esse tal tipo leu a seguinte SMS: “A única equipa que joga pior que o Benfica é o Belenenses”.
Isto parece-me um pouco exagerado. Afinal de contas é difícil acreditar que uma equipa que vence a outra por 4-0 é inferior. Contudo, creio que o “joga pior do que” está relacionado com a perda de gás dos encarnados.
A cura para este tipo de “doença” parece-me ser o uso de uma outra expressão também bastante conhecida pelo público, “Jogar à Benfica”. Que se leve o “Vou ali ao trabalho fazer uns 15 minutos à Benfica”, que na realidade correspondem a cinco horas a trabalhar no duro, com rendimento, a sério.
Aliás, o calendário assim o pede. Daqui a duas semanas há clássico em casa com o FC Porto e mais à frente há viagem complicada a Alvalade. Seja qual for o resultado do jogo com os dragões, será sempre “o jogo” ou um dos jogos decisivos na corrida ao título.
Nesta altura é o Benfica a perder qualidades, o Porto a subir de rendimento, pelo menos no campeonato, e o Sporting a jogar sem nada a perder, mas se for preciso, e para evitar que o rival da segunda circular seja campeão, faz o jogo de uma vida.
Sim, o Benfica precisa de um Jonas como o da época passada; precisa de que o Fejsa volte, e depressa, e precisa de não ser tão previsível. É que o mal também é um pouco esse. O Benfica de Vitória tornou-se previsível e, não, não foi só a fantástica linha de pressão do Dortmund que anulou o jogo encarnado; o mesmo problema aconteceu em jogos do campeonato.
Por isso, meus caros, joguem à bola a sério. Comam-nos vivos, como já o fizeram antes. Que se sinta a garra, a determinação, e que a vontade emane do campo para as bancadas com a devida retribuição.