Primeiramente, permitam que abra um pequeno parênteses: se clicaram neste artigo com o objetivo de ler uma análise tática do jogo, com muita pena minha, estão a ler o texto errado. Nenhum portista consegue pensar racionalmente depois de uma derrota em casa frente ao maior rival, e eu não sou a exceção à regra. O meu objetivo não é debater movimentações de jogadores ou argumentar a favor deste ou daquele esquema tático. Não… hoje escrevo como um simples adepto, um simples adepto que não quer saber se a equipa joga em 4-3-3 ou em 4-4-2, que não quer saber se este ou aquele joga mais no meio ou na esquerda, em suma, um simples adepto que apenas queria a vitória no sábado. É nessa condição que vos escrevo.
Bom, começar por onde? Talvez pelo início. Às 20:29h do dia 02 de março de 2019, o FC Porto era líder isolado do campeonato português, com um ponto de avanço sobre o, à data, segundo classificado. Resumindo, tínhamos a faca e o queijo na mão: um ponto de vantagem, recebíamos em nossa casa o nosso adversário mais próximo a níveis pontuais, jogadores importantes recuperados, 50 mil no estádio a apoiar: nada poderia correr mal. A verdade é que não só podia como, na verdade, tudo o que podia correr mal, correu mal. Eu prometi no início não abordar temas mais táticos do jogo ou falar sobre este ou aquele jogador, mas sou forçado a abrir uma exceção (aliás, algumas).
Primeiramente, Manafá: mas que jogo fez Manafá… um jogo onde conseguiu ser coroado “o jogador da Liga com mais perdas de posse no primeiro terço”, segundo o site especializado GoalPoint. Não sei se o objetivo de colocá-lo no onze era travar a rapidez ofensiva do adversário mas, se foi, foi um tiro completamente ao lado.
E aqui incluo também Corona, até porque é impossível dissociar um do outro. Jogo banalíssimo do mexicano, que chegou a rondar o ridículo. Ridículo na medida em que o nosso número 17 é, a meu ver, o jogador a atuar em Portugal com os “melhores pés”. Daí ser algo a rondar o anedótico a quase não intervenção deste jogador no jogo, em termos ofensivos. E atenção: os restantes jogadores também estiveram longe da perfeição mas, se fosse falar individualmente de cada elemento, ficaríamos aqui o resto dos nossos dias.
Ainda dentro das quatro linhas, seria um crime não falar dos golos dos visitantes. Elucidem-me, caso esteja errado, porém não me recordo de uma época em que oferecêssemos golos tão facilmente em clássicos. O primeiro golo é, desculpem-me a repetição de vocábulos, ridículo. A passividade misturada com um pouco de inexperiência (chamemos-lhe assim) resultou numa autêntica prenda para o adversário. E, assim, sem grandes dificuldades, um jogo “cai na mão do Benfica”, como disse Sérgio Conceição.
E agora? Depois desta derrota num jogo que valia 6 pontos, como disse o nosso técnico, o título ainda está ao nosso alcance? A resposta é sim, ainda está ao alcance do FC Porto. A matemática não engana: 2 pontos em 30 é uma margem, claramente, recuperável. Agora, logicamente está mais difícil, logicamente estava mais fácil quando estávamos meia dúzia de pontos à frente. Não sei se sou só eu que me lembro perfeitamente de como o atual primeiro classificado reagiu à vitória na primeira volta frente ao Porto: sucessivas perdas de pontos. Não estou a afirmar que tal cenário repetir-se-á, contudo o que dou como certo é o seguinte: o nosso rival vai perder pontos.
O nosso rival não vai perder apenas dois ou três pontinhos, pelo contrário: tenho a convicção que irá deixar escapar pontos em, pelo menos, dois jogos até final. Logo, resta à turma de Sérgio Conceição responder com golos, com triunfos, com boas exibições ao calendário difícil e trabalhoso que temos pela frente. Um Porto à Porto não deita a toalha ao chão no Carnaval. Um Porto à Porto levantará o título em maio. Um Porto à Porto dá um passo atrás para, no fim, dar dois em frente.
Foto de Capa: Liga Portugal
artigo revisto por: Ana Ferreira