E tudo o vento levou?

    sporting cp cabeçalho 1A derrota com o FC do Porto para a Taça de Portugal, na passada quarta-feira, veio afastar um pouco da memória sportinguista a fraca exibição dos Leões frente ao Estoril para o campeonato nacional. Apesar da derrota nos dois jogos, as exibições nos dois duelos foram consideravelmente diferentes: no Dragão, o Sporting apresentou-se mais amadurecido taticamente, menos complexado, mais objetivo do que queria fazer em campo enquanto que na Amoreira foi uma equipa desinspirada, sem norte, voltada para os dilemas interiores, evidenciando as suas lacunas e fragilidades de um modo infantil e inocente.

    Regressemos, por isso, ao jogo com o Estoril. Enfrentemos os fantasmas, caramba! O título deste texto – E tudo o vento levou? – emana de uma inevitabilidade que aconteceu logo após esse jogo do passado domingo (04/02/2018), onde o Sporting perdeu por duas bolas a zero contra o Estoril Praia, na Amoreira. Essa derrota foi a primeira desta época para o campeonato nacional e, no que à derrota diz respeito, um fator importante para o desfecho do resultado foi, nas palavras de Jorge Jesus (imagine-se, só!), o vento que se fez sentir para os lados do Estádio António Coimbra da Mota.

    O treinador português disse o seguinte após o jogo: “Acabámos de perder hoje, um jogo com características especiais, o fator vento fez com que o Estoril, conhecendo melhor a sua casa, nos tenha causado dificuldades nos cantos (…). Mesmo contra o vento tivemos qualidade de jogo, criando várias oportunidades de golo…” – Jorge Jesus em declarações à Sport TV após o jogo contra os estorilistas (citado pelo site A Bola em notícia do dia 04-02-2018). O jornal O Jogo noticiou algo semelhante, sendo possível ler-se no site deste matutino português: “Não vínhamos preparados para o vento e para os cantos”. Ainda sobre o vento: “Influenciou, assim como qualidade dos batedores de cantos. Devem treinar isto “N” vezes e não vínhamos preparados para estes cantos fechados, com o vento. E isso determinou o resultado. Tivemos 10 cantos na segunda parte e não conseguimos fazer o que o Estoril fez na primeira parte” (Jornal O Jogo, Edição Online do dia 4 de fevereiro de 2018).

    O técnico leonino Jorge Jesus continua a ser “polémico” nas suas declarações Fonte: Sporting CP
    O técnico leonino Jorge Jesus continua a ser “polémico” nas suas declarações
    Fonte: Sporting CP

    O vento, meus caros, o vento. Ao que chegámos! Andámos a gastar uma pipa de massa em jogadores para esta época, pagámos milhões para um treinador dizer que perdemos porque… o vento não nos foi favorável! Considero estas declarações de uma enorme pobreza franciscana. E atenção que estas palavras nada têm que ver com a qualidade técnica e tática de Jorge Jesus, tal como já salientei noutros textos aqui no Bola na Rede. Mas acho estas declarações uma afronta e um desrespeito para com os sócios e adeptos leoninos, depois da péssima exibição da equipa na Amoreira, demonstrando desinspiração e ineficácia quer ofensiva quer defensiva, praticamente o jogo todo. Era precisamente sobre essa ineficácia da equipa que Jorge Jesus deveria estar preocupado e não com… o vento.

    Será que as palavras de Jorge Jesus após o jogo contra o Estoril terão relação com o título do clássico do Cinema “E tudo o vento levou” (Gone with the wind)? Espero bem que não. Enquanto sportinguista e sócio do melhor clube do Mundo, prefiro colocar um ponto de interrogação no título deste filme: “E tudo o vento levou?”. Será? Espero bem que o vento não leve aquilo que nos foge há tantos anos!

    Foto de Capa: Sporting CP

     Artigo revisto por: Rita Asseiceiro

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    Simão Mata
    Simão Matahttp://www.bolanarede.pt
    O Simão é psicólogo de profissão mas isso para aqui não importa nada. O que interessa é que vibra com as vitórias do Sporting Clube de Portugal e sofre perante as derrotas do seu clube. É um Sportinguista do Norte, mais concretamente da Maia, terra que o viu nascer e na qual habita. Considera que os clubes desportivos não estão nos estádios nem nos pavilhões, mas no palpitar frenético do coração dos adeptos e sócios.                                                                                                                                                 O Simão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.