É verdade, e nem é preciso pensar muito para encontrar erros, demasiados erros, cometidos pelo Benfica na preparação da nova época do Benfica.
O Benfica inicia esta pré-época já com certezas relativas ao ano passado. Ederson estava já no Manchester City, Lindelof no rival Manchester United e sabíamos há muito que Luisão caminhava para a reforma a passos largos. Logo aqui vemos que nada foi feito para solucionar estas questões e tempo e dinheiro era coisa que havia em abundância na estrutura. Semedo, das mais bonitas revelações do Seixal, tinha ido para o Barcelona e não houve tentativa nenhuma de procurar um nome para o lado direito da defesa.
Mais na frente de ataque, o Benfica cometia outro erro de mercado: a saída de Mitroglou. O grego era já um ativo que tinha mostrado trabalho e que funcionava muito bem com Jonas ao seu lado e a sua saída deixava um ponto de interrogação sobre a eficácia do ataque do Benfica. Além disso, existiram questões no meio-campo que deixavam dúvidas como por exemplo o rendimento de Rafa e a falta de aposta, consequentemente insatisfação, de Zivkovic. A juntar a estas questões, o Benfica quando procurou alternativas, meteu agua na aposta ao mercado. Todos recordamo-nos da aposta em Bruno Varela quando sabíamos todos, até os adeptos, do risco que era em pedir ao jovem internacional português: “Olha, vê se fazes aquilo que o Ederson fazia, sim?”. Portanto ao nível do mercado o Benfica cometeu erros, erros que uma instituição como o Benfica não pode cometer, muito menos quando tem os cofres recheados e o maior mercado de transferências do ano.
Além da falta de aposta no mercado, Rui Vitória mostrou na pré-época e também já durante a época, uma mudança de estilo de jogo. O Benfica perdeu aquele estilo de jogo onde sufocava os adversários no seu campo defensivo desde a saída de Jorge Jesus mas com Vitória, mesmo não jogando assim, vencíamos por um, recuávamos e nem assim sofríamos. Agora, o Benfica nem ataca e nem mostra organização defensiva na hora de defender o resultado, já que é isso que Rui Vitória pretende. Seja a sufocar os adversários ou a ganhar pela diferença mínima, os adeptos só pedem vitórias!
Por fim, a meu ver, o terceiro e último grande erro do Benfica foi a mudança de discurso e a tentativa de mostrar, nas conferências e entrevistas, a ideia de que era normal os dois erros acima referidos. Foi dito que tinha sido feito o investimento que bastasse para apostar na nova época e que o futebol praticado era suficiente. Estes dois pontos muito admitidos nos discursos de Rui Vitória iam contra aquilo que os adeptos e comentadores, nem precisam de ser especialistas em futebol, diziam sobre o Benfica.
O discurso de um treinador deve ser sempre sincero, mesmo que vá contra as filosofias da estrutura pois assim até os adeptos podem confrontar a estrutura dizendo: “O treinador não tem apoio, porque razão?!. Assim, só ficamos com a certeza que tanto a direção como o treinador querem esconder aquilo que está mais do que claro.
São erros que só podem ser solucionados muito com a ajuda do mercado de Inverno. Um mercado que pode trazer caras novas, energia ao plantel e que assim passemos a ver o Benfica bem diferente daquele que foi na pré-época e nesta já presente época. Deve ser mudado o estilo de jogo, deve ser deixado de ser normal o Luisão e o Rúben Dias passarem os jogos aos passes um para o outro. E deve ser mudado o discurso tanto da estrutura como do técnico e jogadores.
Foto de Capa: SL Benfica