Estoril Praia SAD 0-2 SC Braga: Trincar a língua sabe a vitória

    A CRÓNICA: PRAIA EM TEMPOS DE CHUVA DÁ MAU RESULTADO

    Todos temos os amigos com quem não estamos todos os dias, mas que, quando os reencontramos, notamos que a ausência não interferiu com a ligação que temos com eles. Contudo, não importa para onde vamos, se soubermos que quem deixamos para trás, será sempre o nosso ponto de retorno. O SC Braga, de há dois jogos do campeonato para cá, havia cortado relações com as vitórias, mas não se esqueceu do caminho do sucesso. À semelhança do que fazem os amigos, regressou quando sentiu falta.

    De amizade e pequenagem se fez também a entrada dos jogadores em campo. Cada atleta deu a mão a uma criança vestida com as cores de um clube da Primeira Liga. Foram os mais novos que trouxeram alegria a uma partida ou não fosse o futebol um jogo de todos.

    Em relação à competição, os guerreiros voltaram a encontrar os triunfos escondidos debaixo de uma exibição, mais sólida do que espetacular, no Estádio António Coimbra da Mota. Aliás, a vitória começou a ser construída quando o SC Braga ainda tinha dado poucas provas de merecê-la. No entanto, o golo de Al Musrati foi mais rápido que a passagem de Liz Truss na chefia do governo do Reino Unido.

    Inadvertidamente, Abel Ruiz teve muita responsabilidade no lance quando ganhou um canto após ter atingido Pedro Álvaro, jogador do Estoril-Praia SAD, na cabeça e este ter caído desamparado no chão. A equipa médica estorilista entrou no campo para socorrer o soldado ferido, o que obrigou o defesa a sair do terreno de jogo. Quando é batido o canto, Pedro Álvaro ainda não regressara às quatro linhas, facilitando que Tormena saltasse sozinho para quase marcar e, no sustentável aproveitamento dos restos, Al Musrati finalizou uma bola completamente disponível a receber o remate do líbio.

    O SC Braga continuava com pouca posse e a ver o Estoril-Praia SAD fazer do meio-campo ofensivo morada fiscal. Residia, apesar de tudo, em Vitinha, avançado minhoto, o propósito do que fazer quando a bola lhe chegasse. Encheu bem o pé e, ao seu estilo, trincou a língua e degustou o sabor de um grande golo de fora de área. De violento, só o remate, pois a bola beijou a barra, embora só tenha terminado o caminho na rede.

    Para o Estoril-Praia SAD, a situação era complexa. Rodrigo Martins mostrou incapacidade para, de cabeça, menorizar os danos que a desvantagem de 2-0 estava a provocar.

    A partir daí, instalou-se um deserto de oportunidades que também o técnico minhoto verificou ou não tivesse lançado Rodrigo Gomes para agitar. O jovem português trouxe animação a um jogo que caíra de qualidade.

    Tudo somado, a vitória ficou do lado de quem foi mais pragmático. O Estoril-Praia SAD fugiu ao dilúvio, que se fazia adivinhar antes do jogo, mas não à derrota e volta a perder cinco jogos depois. Afinal, não é preciso chuva para nos molharmos.

    A FIGURA

    Vitinha – com o avançado do SC Braga por perto, ninguém pode ousar desligar os sinais de alerta ou correr o risco de sofrer com o relaxamento. Desgastou muito os defesas e, por vezes, só com os seus esticões é que os guerreiros chegaram à frente e aliviaram a pressão canarinha.

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Estoril Praia SAD

    Pedro Álvaro é empurrado para esta nomeação por muito pouca culpa própria, mas é inevitável notar que esteve, literalmente, fora do jogo no lance que abre caminho à vantagem do SC Braga e que não mais permitiu ao Estoril-Praia SAD discutir o resultado.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ESTORIL-PRAIA SAD

    O Estoril-Praia SAD baixou João Carvalho para o lado de Rosier no meio-campo e atuou em 4-2-3-1. Sem Francisco Geraldes, o técnico estorilista, Nélson Veríssimo, completou o tridente do miolo com Serginho, que jogou mais adiantado em relação aos companheiros de setor.

    Também sem Tiago Gouveia, o Estoril-Praia SAD lançou Léa-Siliki como extremo-direito que trouxe mudanças substanciais à matriz da equipa por se tratar de um jogador menos vertical. Do lado contrário, Rodrigo Martins mostrou uma apetência diferente para atacar em situações de um para um.

    Em posse, os estorilistas tentaram com frequência gerar superioridade nos corredores. Quer João Carvalho, quer Serginho, procuraram triangular com extremos e laterias e, consequentemente, gerar intrusões no bloco adversário.

    Na forma do Estoril-Praia SAD pressionar os pontapés de baliza, houve a preocupação de não deixar os centrais em marcação individual aos dois avançados do SC Braga. Assim, Rosier baixava para gerar superioridade defensiva, Erison e Serginho encarregavam-se dos médios bracarenses e eram os extremos que saíam aos centrais.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Dani Figueira (5)

    Tiago Santos (5)

    Pedro Álvaro (5)

    Lucas Áfrico (5)

    Joãozinho (5)

    Loreintz Rosier (6)

    João Carvalho (6)

    Serginho (6)

    Rodrigo Martins (7)

    James Léa-Siliki (7)

    Erison (5)

    SUBS UTILIZADOS

    João Carlos (5)

    Tiago Araújo (6)

    Gonçalo Esteves (6)

    Gilson Benchimol (5)

    Mor Ndiaye (5)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SC BRAGA

    Em 4-4-2, o SC Braga reforçou a zona central com a inclusão no onze inicial de Castro ao lado de Al Musrati. Na frente, os extremos, Ricardo Horta e Iuri Medeiros, com um posicionamento no lado contrário ao pé preferencial de ambos, promoveram a busca pelo jogo interior. Desta forma, os minhotos passavam de uma aparente inferioridade no meio-campo para uma situação em que tinham vantagem no miolo.

    Sem correr riscos nenhuns em zona recuada, o SC Braga utilizou Vitinha como referência para as bolas longas. Castro e Al Musrati iam alternando entre si o recuo no início da construção.

    De resto, grande parte da posse dos guerreiros era feita a pensar em lançar na profundidade Abel Ruiz e Vitinha. Surtiu particularmente efeito no corredor esquerdo quando o avançado português procurava o espaço centra-lateral e era lançado por Sequeira.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Matheus Magalhães (6)

    Fabiano (5)

    Vítor Tormena (6)

    Paulo Oliveira (6)

    Nuno Sequeira (5)

    Al Musrati (5)

    André Castro (5)

    Ricardo Horta (5)

    Iuri Medeiros (5)

    Abel Ruiz ()6

    Vitinha (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Rodrigo Gomes (6)

    André Horta (-)

    Uros Racic (-)

    Simon Banza (-)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    ESTORIL-PRAIA SAD

    Bola na Rede: Como é que pensou o momento defensivo da equipa, nomeadamente na pressão aos pontapés de baliza, dado que o Estoril-Praia SAD tentou claramente evitar igualdade numérica com os pontas-de-lança do SC Braga com o recuo do Rosier?

    Nélson Veríssimo: Tendo em conta a análise que fizemos do SC Braga, sabíamos que eles deixavam dois homens na frente. Os nossos dois centrais deviam acompanhar com proximidade os dois avançados deles e o Rosier devia recuar e criar superioridade numérica. O posicionamento dos dois médios-ala do SC Braga, um posicionamento mais no interior, e dos laterais, levou-nos a colocar o João Carvalho e os nossos laterais a dividir a marcação a esses quatro jogadores adversários. Em função da decisão de saída do Matheus, à esquerda ou à direita, os nossos dois laterais e o João Carvalho faziam esse ajuste conforme o posicionamento da bola. O intuito era condicionar a saída curta.

     

    SC BRAGA

    Bola na Rede: Reconhece que o SC Braga abdicou em várias ocasiões de procurar ligações entre linhas em detrimento de ligações mais diretas aos homens da frente de ataque e que viveu, muitas vezes, dos esticões dos homens da frente, mais concretamente do Vitinha, para se conseguir projetar no plano ofensivo?

    Artur Jorge:  Estrategicamente, temos que procurar aquilo que o adversário nos permite. Devido aquilo que era a densidade de jogadores no interior, procurámos, com critério, atacar a profundidade com dois jogadores que são muito fortes nesse aspeto, o Vitinha e o Abel. Fizeram-no de uma forma muito eficaz, Dentro do nosso plano de jogo, temos essa alternância que procurava deixar o Estoril-Praia SAD sempre desconfortável no jogo.

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.