FC Felgueiras 1932 0-1 CD Tondela: Malapata ao cair do pano

    A CRÓNICA: NUM CONCELHO DE RISCO ELEVADO, O CD TONDELA QUASE SAIU CONFINADO 

    A duas horas do confinamento nacional, FC Felgueiras 1932 e CD Tondela defrontavam-se na terceira eliminatória da Taça de Portugal. Até à data, os registos entre pelejas que cruzassem os dois emblemas pereciam em folhas brancas. A estreia avizinhava-se…

    Nas últimas cinco partidas, os anfitriões registam três vitórias (diante de CD Aves, Mondinense e Valadares de Gaia) e dois desaires (Brito SC e São Martinho), enquanto que os forasteiros somam duas vitórias (CD Santa Clara e Portimonense SC), duas derrotas (ambas por 0-4, defronte de Sporting CP e SC Braga) e um empate (Gil Vicente FC).

    No Estádio Machado Matos, a primeira oportunidade de golo pertenceu ao CD Tondela: após alguma confusão na área adversária, Enzo desfere um remate sem que a bola embatesse no solo, obrigando Júlio Neiva a manchar os calções.

    A meteorologia podia fundir-se no jogo através de uma metáfora: o relvado era iluminado pelo sol, mas a temperatura era amena; à sombra, frio e algum desconforto. Era notória a vontade e o querer dos pupilos de Pako Ayestaran (o sol), embora as tentativas de inaugurar o marcador redundassem na nulidade de pragmatismo e objetividade (o frio). Até ao momento, a miscelânia de cruzamentos e longa distância era inútil.

    O intervalo atracou no relvado. Para a segunda metade, permanecia a esperança da ebulição característica dos jogos de Taça…

    A segunda parte encetou com uma dinâmica distinta: Serginho, à passagem do minuto 48, arremessa a baliza através de livre direto e Joel, com dificuldade, não se apodera da situação. Um erro que podia ter custos incomportáveis…

    Nuninho aproveita a rápida marcação de um livre, a passe de Pedro Ribeiro, e alveja a baliza à guarda de Joel. O perigo trespassava o meio-campo do CD Tondela. Sinal mais para o FC Felgueiras 1932!

    Tu cá, tu lá! Perda de bola de João Bruno, recuperação de Khacef e posterior desmarcação de Rafael Barbosa que encontra Strkalj: o croata desperdiça e faz o esférico rasar a barra. Na resposta, André Rodrigues conduz um contra-ataque, deixa a bola à guarda de Nuninho e este envia-a para fora. O ânimo parecia ter atracado em Felgueiras, de bagagem feita…

    … E a controvérsia! Os primodivisionários, após cruzamento de Bebeto e cabeceamento de Rafael Barbosa, erijem queixas por mão na bola de João Pedro. O árbitro não atendeu aos protestos e impeliu ao seguimento da partida.

    Minuto 94! O jogo arrastava-se para o fim, o prolongamento era a luz que teimava não se apagar até que… Hélder Pedro comete infração dentro da grande área: sem qualquer intenção, pontapeia João Pedro, aquando de um movimento rotativo. Na conversão, Strkalj não tremeu e colocou os forasteiros na próxima eliminatória. 0-1!

    Apito final. O CD Tondela está nos 16-avos-de-final da Taça de Portugal!

     

    A FIGURA

    Strkalj – Durante a partida, mesmo um pouco apagado, ainda conseguiu demonstrar o seu controlo de bola de costas para a defesa e a sua persistência. O avançado ainda se deu ao luxo de desperdiçar oportunidades oriundos de cruzamentos de Rafael Barbosa. A felicidade sorriu-lhe na conversão da grande penalidade.

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: FC Felgueiras 1932

    Hélder Pedro – Um bom jogo do médio, recheado de consistência e espírito de sacríficio, foi amaldiçoado por um lance vil e fortuito. O sonho de conduzir o FC Felgueiras 1932 à próxima eliminatória desvaneceu ali.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC FELGUEIRAS 1932

    Nuno Andrade desenhou um 4-3-3 com Serginho no vértice ofensivo, apoiado por Nuninho e Pedro Ribeiro. João Bruno oferecia guarida e suporte e permitia a criação de Kiko Félix e Hélder Pedro.

    Inicialmente, o modo como se comportou a equipa do FC Felgueiras 1932 aflorou ao irrepreensível no que ao processo defensivo disse respeito, suprimindo espaços e possíveis zonas de desmarcação. O perigo provinha, essencialmente, da resolução atrapalhada das bolas paradas sofridas.

    A timidez atacante assombrou a primeira metade dos nortenhos. Mesmo assim, Serginho era o homem do leme, conduzindo e empurrando a equipa através de iniciativas individuais, que mesclavam força e velocidade. O relógio delineava a habitual rotação e o conforto, dentro das quatro linhas, manteve-se. O contra-ataque era a arma de Nuno Andrade, a par da construção defensiva em bloco da  reação felina à perda de bola.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Júlio Neiva (6)

    João Pedro (5)

    Nuno Lima (6)

    Luís Bastos (6)

    João Bruno (6)

    Hélder Pedro (5)

    Serginho (7)

    Pedro Ribeiro (6)

    Kiko Félix (6)

    Clayton (6)

    Nuninho (6)

    SUBS UTILIZADOS

    André Rodrigues (6)

    Mirandinha (-)

    Théo (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – CD TONDELA

    Pako Ayestaran apostou num 3-5-2, sistema tático composto por três centrais e com a implementação de dois alas responsáveis pelos respetivos corredores, na íntegra (Bebeto e Khacef). Murillo, Rafael Barbosa e Strkalj ocupavam a frente de ataque.

    As combinações Khacef/Rafael Barbosa e Bebeto/Murillo foram uma constante durante os primeiros 25 minutos, embora nem sempre bem consumadas. A profundidade superiorizava-se aos movimentos interiores. O passe derradeiro não marcou presença na primeira metade da partida, bem como o beijo mais apetecível de todos: a bola e a rede.

    Ao longo de toda a partida, o flanco esquerdo foi explorado de forma massiva e Khacef o protagonista das investidas ofensivas. As tentativas ofensivas transformavam-se em espasmos, dissipando-se ao longo da partida. Faltou insistência, fluidez e rapidez de execução. O meio-campo e o setor atacante acusavam o pouco entrosamento.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Joel (5)

    Bebeto (6)

    Jota (6)

    Tavares (6)

    Enzo (6)

    Khacef (7)

    Jaquité (5)

    Jaume (6)

    Murillo (5)

    Strkalj (7)

    R. Barbosa (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Arcanjo (5)

    João Pedro (5)

    F. Ferreira (-)

    Pedro Augusto (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    FC Felgueiras 1932

    BnR: Qual foi o momento de jogo em que mais acreditou ser possível levar de vencido o CD Tondela?

    Nuno Andrade: Creio que nenhum treinador prepara uma partida e pensa em não vencer. Sabíamos da qualidade ofensiva do CD Tondela, que íamos passar mais tempo sem bola. A minha equipa te muita qualidade e sabíamos que, se os fatores se conjugassem, poderíamos vencer o jogo. A equipa é muito jovem e, como sabe, é malta que está a crescer. Como tal, nem sempre para eles é possível gerir os ritmos de jogo.

    CD Tondela

    BnR: Considera que a vitória foi justa, tendo em conta a exibição e as vicissitudes da partida?

    Pako Ayestaran: Jogo muito equilibrado, As equipas esforçaram-se para vencer, nós fizemos um golo, eles não. Do ponto de vista da objetividade e eficácia, sim, creio que foi justa!

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.