IFK Gotemburgo 0-0 Belenenses: a maturidade superou a teoria

    liga europa

    O Belenenses está no playoff da Liga Europa. A equipa comandada por Sá Pinto foi à Suécia garantir a passagem para a próxima fase da competição, depois do empate sem golos frente ao IFK Gotemburgo. Com a vitória alcançada na semana passada por 2-1 no Estádio do Restelo, a equipa lisboeta consegue um importante apuramento.

    A sabedoria futebolística diz-nos que “em equipa que ganha não se mexe”. Assim foi o pensamento de Sá Pinto, que não promoveu qualquer alteração no onze inicial que havia disputado a primeira mão desta 3.ª pré-eliminatória. O 4X2X3x1 continuou a ser o esquema tático preferencial, com André Sousa e Rúben Pinto a funcionarem sempre como verdadeiros tampões do jogo ofensivo sueco. No último terço do terreno, a função de Carlos Martins em procurar espaços para Sturgeon e Miguel Rosa era evidente, com Abel Camará a tentar explorar o jogo em profundidade. A estratégia de Sá Pinto era clara: sabia que o Gotemburgo ia entrar forte na partida e por isso não deixou de ordenar à sua equipa que baixasse linhas e procurasse uma proximidade entre os três setores. Desta forma, e apesar de a equipa sueca ter feito um primeiro quarto de hora de qualidade, a verdade é que o Belenenses nunca esteve verdadeiramente desconfortável em campo, tal era a solidez defensiva.

    Para que isso tenha acontecido, em muito contribuiu a ação do bloco central da equipa do Restelo: para além da ação de contenção de André Sousa e Rúben Pinto, a experiência dos centrais Tonel e Gonçalo Brandão foi fulcral para que Ventura não tenha passado por grandes momentos de perigo junto da sua baliza. Aliás, na primeira parte, a melhor oportunidade acabou por ser da equipa portuguesa, com Sturgeon, aos 10 minutos, a aproveitar uma excelente assistência de Camará para provocar uma boa defesa ao guarda redes Alvbage. Até ao final do primeiro tempo, e apesar de o Gotemburgo ter tido mais bola e mais domínio territorial, foi mesmo o Belenenses a ter mais um lance de perigo, com André Sousa a rematar por cima da baliza contrária.

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    O Gotemburgo desiludiu nos dois encontros
    Fonte: Facebook IFK Gotemburg

    O bom jogo posicional do Belenenses acabou por se estender na segunda parte. Ao contrário do que seria expectável, a equipa sueca não entrou de forma pressionante, o que fez com que o ritmo baixo com que a segunda parte se iniciou tenha sido perfeito para a estratégia belenense. Aliás, voltou a pertencer à equipa de Sá Pinto a primeira oportunidade de golo da segunda parte, com Miguel Rosa, de cabeça, a desperdiçar um excelente cruzamento do lateral direito João Amorim. Esse acabou por ser o lance que acordou a equipa do Gotemburgo, que a partir dos 60 minutos cresceu no encontro. Mais forte, mais pressionante e mais rápida sobre a bola, a equipa sueca empurrou completamente o Belenenses para a sua zona defensiva no último terço do encontro. Apesar de apenas Ankersen, aos 60 minutos, ter estado perto de fazer o golo para o Gotemburgo (o remate foi defendido por Ventura para o poste), a verdade é que a equipa portuguesa passou por alguns sustos fruto da forte pressão que sofria da equipa que lidera o campeonato sueco.

    Nesse momento, o técnico português acabou por ter um papel determinante, pois teve uma visão perfeita do que estava a acontecer em campo. Fruto do balanceamento ofensivo adversário, o ex-internacional português decidiu lançar Dálcio para o lugar de Miguel Rosa, procurando com isso ganhar mais velocidade nas saídas para os contra ataques. É caso para dizer que a substituição deu um tremendo resultado, tendo em conta a influência que o jovem jogador teve na segunda parte. De quando em vez, o Belenenses foi saindo em transição, e, com isso, a equipa do Gotemburgo acabou por ficar algo receosa. Os últimos minutos do encontro trouxeram um Belenenses inteligente em campo, fazendo da gestão dos ritmos de jogo uma toada que procurou manter até ao final do encontro. O empate a zero foi mais do que suficiente e, fruto de uma estratégia sólida e eficaz, a equipa portuguesa acaba por se apurar com toda a justiça para o playoff da Liga Europa. Defrontando um adversário mais rodado nesta fase da temporada e cujo favoritismo era claro à partida para a eliminatória, o Belenenses usou das suas armas e fez da inteligência tática a chave decisiva para abrir o cofre de acesso à segunda prova mais importante de clubes na Europa. Agora, falta apenas o playoff para que o sonho se torne realidade e o Belém volte ao convívio com os grandes da Europa. Pelo que se viu frente ao Gotemburgo, é caso para dizer que o Belenenses tem tudo para ser feliz. Basta usar a inteligência tática para que o apuramento seja uma realidade.

     

    Figura do Jogo: Inteligência tática do Belenenses – Apesar da maior rodagem competitiva do adversário, a verdade é que foi pela inteligência que esta eliminatória se resolveu. Conhecendo as suas fragilidades, o Belenenses acaba por fazer dois excelentes encontros e passar de forma justíssima ao playoff da Liga Europa.

    Fora do Jogo: Previsibilidade do Gotemburgo – Se a primeira mão tinha demonstrado uma equipa sueca bastante limitada, então o segundo encontro da eliminatória ainda foi pior. Mesmo atuando em sua casa, a verdade é que a equipa sueca raramente incomodou Ventura, demonstrando uma previsibilidade incompreensível a nível ofensivo. A eliminação é natural tendo em conta dois jogos tão fracos.

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    Pedro Maia
    Pedro Maiahttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pelo desporto desde sempre, o futebol é uma das principais paixões do Pedro. O futebol português é uma das temáticas que mais gosta de abordar, procurando sempre analisar os jogos e as equipas com o maior detalhe.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.