A primeira figura desta nova rubrica, e depois da exibição frente ao Rio Ave, não podia deixar de ser o brasileiro Alex Telles.
Mas antes de partirmos para a análise à exibição propriamente dita falemos primeiro sobre as características do jogador e do seu percurso. Formado na Juventude, modesto clube de Caxias do Sul no Brasil, foi no Grémio que Alex despontou. Após um ano num dos maiores clubes de Porto Alegre e depois de ter sido considerado o melhor Lateral-esquerdo do Brasileirão, deu o salto para a Europa, transferindo-se para os turcos do Galatasaray com apenas 20 anos. Após duas épocas regulares no clube turco, cumpriu uma temporada por empréstimo no gigante italiano Inter de Milão onde as coisas não lhe correram de feição. No último verão transferiu-se a troco de 6,5M€ para o FC Porto.
Vendo o lateral brasileiro jogar, salta logo à vista a sua capacidade ofensiva mas confesso que, por mais paradoxal que possa parecer após a três assistências para golo no último fim-de-semana, é a sua qualidade a defender que mais me impressiona. É um jogador muito completo. Fortíssimo a defender no um para um, é igualmente eficaz no controlo do espaço nas suas costas e na dobra aos centrais, tendo na sua enorme velocidade um dos maiores trunfos. Se compararmos com o que fez, por exemplo, Miguel Layun (tantas debilidades tem o mexicano no momento defensivo) no flanco direito no passado sábado, ou com o desempenho de Maxi Pereira quando é chamado, percebemos que as diferenças de desempenho e competência são gritantes e que raramente são criados problemas ao FC Porto pelo lado esquerdo.
Depois, e porque Alex Telles é um lateral-esquerdo e não um defesa-esquerdo, tem um enorme pendor ofensivo. A atacar é muito competente, tanto em condução, como no cruzamento e nas bolas paradas (mais em cantos e livres laterais do que propriamente quando é chamado a executar livres diretos). Demonstra, ainda, uma enorme capacidade física que lhe permite fazer todo o corredor esquerdo durante o total dos 90 minutos. Apesar de todas estas qualidades que fazem do brasileiro, na minha opinião, o melhor lateral-esquerdo do nosso futebol (seguido de perto por Grimaldo diga-se), pode melhorar na inteligência de jogo. Isto é, por vezes procura demais o jogo direto para os avançados (porventura por indicação de NES) em detrimento da combinação com os médios e raramente procura movimentos interiores, sendo o cruzamento um dos seus vícios mesmo quando não parece ser a melhor opção. Ainda assim, uma das melhores contratações do FC Porto nos últimos anos.
Foto de Capa: FC Porto