A CRÓNICA: EM NOITE DESASTROSA PARA OS CHIEFS, BRADY CONFIRMOU O SEU LEGADO
O número sete é muito curioso. Em diferentes campos do mundo humano, o sete aparece quase como uma regra que nos permite ordenar e separar vários aspetos da nossa vida: sete dias da semana, sete notas musicais, sete cores no arco-íris, sete maravilhas do mundo, as sete artes, e agora, sete anéis de campeão para Tom Brady.
Frente a frente tínhamos o melhor ataque e a melhor defesa da liga, e por essa razão esperávamos uma partida com emoção e intensidade constantes. Contudo, não foi o que aconteceu.
As duas equipas demoraram algum tempo a entrar no ritmo do jogo, mas com o aproximar do final do primeiro quarto, os cerca de 24.000 adeptos presentes no Raymond James Stadium começaram a ter razões para aplaudir.
Os Chiefs foram os primeiros a inaugurar o marcador graças a um field goal convertido por James Winchester. A equipa liderada pelo quarterback Patrick Mahomes ia mostrando muita dificuldade em utilizar o seu perigoso jogo em passe, graças à ação defensiva dos Buccaneers que pressionavam constantemente o quarterback e cobriam as suas principais armas: Tyreek Hill e Travis Kelce.
Esta foi, aliás, a tendência do jogo. Com algumas baixas de peso na sua linha ofensiva, Mahomes foi obrigado a “correr pela vida” e a criar jogo com as suas pernas em vez do seu braço.
Com 3-0 no marcador, Tom Brady regressou ao campo com o objetivo de anular essa desvantagem. Naquele que foi o seu primeiro passe para touchdown no primeiro período de um Super Bowl, Brady, encontrou o seu fiel parceiro Rob Gronkowski, que entrou dentro da endzone e deu a liderança aos Bucs.
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Pedia-se uma resposta aos Chiefs. Os campeões em título mostravam uma total incapacidade de criar jogo ofensivo, mas defensivamente acabaram por mostrar alguma solidez quando, com a bola na sua uma jarda, evitaram que Tampa Bay voltasse a marcar. Ainda assim, nem isso os motivou, e alguns dirão que foi o início do fim para os comandados de Andy Reid.
A partir desse momento, Kansas City começou a colecionar penalizações que foram aproveitadas de forma irrepreensível por Tom Brady e companhia. Um holding the Charvarius Ward abriu caminho para o segundo touchdown da noite, novamente para Gronkowski, e depois de um field goal convertido pelos Chiefs, Antonio Brown encontrou a endzone e deixou o resultado em 6-21 ao intervalo.
No segundo tempo esperava-se magia por parte de Mahomes, Andy Reid e Eric Bieniemy. Com uma desvantagem de 15 pontos, os campeões tinham que responder. E a resposta foi: um field goal. A resposta dos Buccaneers? Touchdown de Leonard Fournette que fez o 9-28.
Sem a sua linha ofensiva, Mahomes foi constantemente pressionado para lançar a bola. O quarterback nunca teve tempo para seguir as suas progressões, e apesar do jogo em corrida ir disfarçando algumas lacunas, Tampa Bay foi a melhor defesa da liga contra o passe, e lidou bem com Clyde Edward-Helaire.
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A partir desse momento, o jogo deixou de ter história. Os Buccaneers ainda conseguiram aumentar a sua vantagem por intermédio de Ryan Succop, que marcou um field goal e fez o 9-31 final.
Tampa Bay voltou assim a vencer o Super Bowl, 18 anos desde o seu último título, e Tom Brady solidificou o seu legado como o melhor jogador – ainda que não o mais talentoso – da História da NFL. O quarterback de 43 anos jogou no seu décimo Super Bowl, venceu o seu sétimo anel e foi MVP pela quinta ocasião!
A FIGURA
Todd Bowles’ defense kept the Chiefs from scoring a touchdown in the Bucs’ #SuperBowl win.
Shut down one of the greatest offenses of all time 🚫 pic.twitter.com/od909ntN7j
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Todd Bowles – O prémio poderia ir para Tom Brady pelo impacto que teve no franchise, mas a verdade é sempre se soube que apenas uma defesa perfeita seria capaz de bater os Chiefs, e Todd Bowles, coordenador defensivo dos Buccaneers teve uma atuação imaculada ao preparar e organizar os seus jogadores.
O FORA DE JOGO
Kansas City Chiefs – Muitos vão olhar para Patrick Mahomes e culpar o quarterback pela derrota e pela incapacidade dos Chiefs colocarem pontos no marcador. Contudo, a culpa desta derrota não foi apenas do quarterback. A defesa esteve lastimável, a linha ofensiva foi inexistente, e nos momentos-chave, as estrelas não brilharam.
ANÁLISE TÁTICA – KANSAS CITY CHIEFS
Com uma linha ofensiva muito remendada, os Chiefs sabiam que iam ter que jogar depressa e bem. A equipa conseguiu-se adaptar momentaneamente quando apostaram no jogo em corrida por intermédio de Edwards-Helaire, mas a verdade é que o plano defensivo dos Bucs manteve Kelce e Hill sempre tapados.
Defensivamente, os Chiefs pareceram mais preocupados em falar do que em parar os seus adversários. Ainda que algumas decisões possam ser questionadas e estavam dependentes do critério dos árbitros, foram várias as desconcentrações que mostraram ser fatais.
ANÁLISE TÁTICA – TAMPA BAY BUCCANEERS
Os Buccaneers jogaram apoiados nos seus dois princípios fundamentais: defender bem e ter calma no ataque. Defensivamente foram capazes de impedir os lançamentos longos dos Chiefs, e ao pressionarem constantemente Mahomes, conseguiram limitar a sua eficácia de passe.
Ofensivamente, Brady foi Brady. Calmo, eficaz, e cínico como sempre, aproveitou todas as oportunidades, todos os deslizes do seu adversário, para os fazer pagar.
Foto de Capa: Tampa Bay Buccaneers