Lokomotiv Moscovo – A locomotiva russa voltou a acender a sua fornalha

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    Em 21 de Novembro de 2002, o Lokomotiv Moscovo sagrava-se pela primeira vez na sua história campeão da Rússia, num pouco habitual playoff contra os seus vizinhos e rivais CSKA Moscovo, após terem terminado o campeonato com o mesmo número de pontos. O jogo disputou-se no velho estádio do Dynamo, na capital russa, e teve como herói aquele que muitos consideraram um dos melhores jogadores russos do últimos 20 anos, Dmitri Loskov. O número 10 e capitão do Lokomotiv marcou o único golo da partida, logo aos seis minutos de jogo, e carimbou assim a primeira de duas ligas russas que os homens dos caminhos de ferro iriam vencer no espaço de três anos. Dessa excelente equipa do início do século faziam parte, para além de Dmitri Loskov, um jovem de extraordinário talento chamado Marat Izmailov, o actual central do CSKA Moscovo Sergei Ignashevich, o antigo guarda-redes de FC Porto e SL Benfica, Sergei Ovchinnikov, e um avançado de extraordinário talento que acabou por passar ao lado de uma grande carreira chamado Ruslan Pimenov. Esta equipa, superiormente orientada por Yuri Semin, esteve em especial destaque ao longo de aproximadamente oito anos, marcando presença em duas meias-finais da extinta Taça das Taças, em 1998 e 1999. A saída do seu carismático treinador em 2005 marcou o início do declínio da equipa, que desde essa altura apenas conseguiu vencer duas Taças da Rússia (Кубок России), uma em 2007 e outra na temporada passada.

    Dmitri Loskov - O eterno número 10 do Lokomotiv Moscovo Fonte: rusfootball.info
    Dmitri Loskov – O eterno número 10 do Lokomotiv Moscovo
    Fonte: rusfootball.info

    Após duas experiências mal sucedidas com treinadores de gabarito internacional (primeiro Leonid Kuchuk, em seguida Miodrag Bozovic), a direcção do Lokomotiv Moscovo decidiu entregar os destinos da equipa a um homem que conhece bem os cantos à casa e que faz parte das sucessivas equipas técnicas do emblema moscovita desde 2008, de seu nome Igor Cherevchenko. O jovem treinador de 41 anos, nascido em Dushanbe, no Tagiquistão, conseguiu ainda assim, e no meio de tamanha turbulência, conduzir a equipa à vitória na Taça da Rússia, batendo na final o FC Kuban, em Astrakhan, por 3-1 após prolongamento.

    Após ter conseguido tamanho feito, Cherevchenko mereceu a confiança de Olga Smorodskaya, a Chairman do emblema moscovita, e, verdade seja dita, até ao momento tem feito por merecer a sua posição.

    O Lokomotiv Moscovo ocupa neste momento o segundo lugar da Liga Russa, atrás do CSKA Moscovo, e até ao passado Sábado mantinha um excelente registo de cinco vitórias e dois empates em sete jogos, com apenas quatro golos sofridos. De forma algo inesperada, a visita dos homens da capital russa à República do Tartaristão para enfrentar o Rubin Kazan terminou na primeira derrota da temporada, por uns contundentes 3-1. Os паровозы deixaram ficar para trás uma actuação ténue, muito distante daquilo que conseguem na realidade fazer, e nem a ausência, por lesão, de Alan Kasaev explica tamanho desaire.

    Igor Cherevchenko, que curiosamente venceu a Taça da Rússia com o Lokomotiv Moscovo como jogador (1996, 1997, 2000, 2001) e como treinador (2014-15), apresenta geralmente a sua equipa num já quase clássico 4-2-3-1 (não existem muitos treinadores oriundos do antigo espaço soviético a jogar com este esquema táctico), com dois “homens de trabalho” à frente da linha de defesa e um trio de jogadores bastante rápidos e de elevada bitola técnica no apoio ao avançado. Na baliza do Lokomotiv, encontramos Guilherme, um guarda-redes brasileiro de 29 anos que chegou à capital russa em 2007, proveniente do Atlético Paranaense. Guilherme oscila entre o muito bom e o medíocre e tem como pontos fracos a saída dos postes e alguns, não raros, momentos de desatenção completa.

    Cherevchenko tem feito um bom trabalho no Lokomotiv Fonte: Facebook do Lokomotiv
    Cherevchenko tem feito um bom trabalho no Lokomotiv
    Fonte: Facebook do Lokomotiv

    O quarteto defensivo é geralmente formado por quatro jogadores bastante experientes: Roman Shishkin, na lateral direita, e o internacional uzbeque Vitaly Denisov, do lado esquerdo, formam uma parelha de laterais com propensão para subir no terreno mas que por vezes se expõe em demasia, deixando os centrais algo desamparados. No centro da defesa estão dois jogadores croatas, o capitão de equipa, Vedran Corluka, e Nemanja Pejcinovic, que chegou na temporada passada do OGC Nice. À frente do seu bloco defensivo, Cherevchenko utiliza geralmente dois jogadores com tarefas mais defensivas e de circulação de bola na zona intermediária. O congolês Delvin N’Dinga, que chegou esta temporada por empréstimo do AS Monaco, e o internacional russo Dmitri Tarasov têm sido os eleitos para assumir essas funções, mas existem também o internacional ucraniano Taras Mykhalyk e o armador de jogo russo Aleksandr Kolomeytsev, ambos de excelente qualidade, que espreitam sempre por um lugar no onze.

    O tridente que faz a ligação entre o sector intermédio e a linha da frente é provavelmente o ponto mais forte deste Lokomotiv de Igor Cherevchenko. Os irrequietos internacionais russos Alan Kasaev e Aleksandr Samedov (que marcou um golo de belo efeito na partida do passado Sábado) desempenham a função de extremos e transformam-se em médios ala durante o próximo defensivo. Quer Kasaev, quer Samedov são jogadores bastante experientes, que acrescentam bastante sabedoria e qualidade à equipa e são geralmente um perigo constante para as linhas defensivas adversárias. Mais pelo meio, numa função que tem um pouco de organizador de jogo e de box-to-box, temos Aleksei Miranchuk, um jovem internacional de apenas 19 anos com um talento muito acima da média e que pensa quase todo o jogo de ataque da sua equipa. Chegou à primeira equipa pela mão do actual técnico do West Ham, Slaven Bilic, que na época 2012-13 reparou naquele jovem jogador da academia do clube e confidenciou ao seu conterrâneo Vedran Corluka que ali estaria a próxima jóia da coroa do Lokomotiv. Até ao momento, não parece ter-se enganado.

    xx Fonte: fclm.ru
    Alan Kasaev – Um dos jogadores do Lokomotiv em maior destaque esta temporada
    Fonte: fclm.ru

    Lá na frente, Igor Cherevchenko tem optado pelo avançado senegalês Baye Oumar Niasse, um atleta possante e bastante móvel que causa habitualmente bastantes problemas aos centrais adversários. Para além de Niasse, existem também o avançado sérvio Petar Skuletic, um jogador completamente diferente do seu colega de posição, mas que já marcou por duas vezes na Liga Russa esta época, e o brasileiro Maicon, um médio altamente versátil, de vocação bastante ofensiva, que pode actuar como avançado centro ou segundo avançado.

    Da equipa do Lokomotiv Moscovo faz também parte o internacional português Manuel Fernandes, que, esta época, com alguma estranheza, não tem feito parte das opções de Igor Cherevchenko.

    O Lokomotiv Moscovo actual tem muito pouco ou até mesmo nada a ver com aquele que Yuri Semin conduziu a resultados gloriosos há mais de uma década; ainda assim, trata-se de uma equipa consistente, com princípios de jogo bem vincados, que pode causar muitos problemas ao Sporting CP de Jorge Jesus, caso este não esteja num dia particularmente inspirado.

    Foto de Capa: bk-ru.com

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    Joel Amorim
    Joel Amorimhttp://www.bolanarede.pt
    Foi talvez a camisola amarela do Rinat Dasaev que fez nascer, em Joel, a paixão pelo futebol russo e pelo Spartak Moscovo. O futebol do leste da Europa, a liga espanhola e o FC Porto são os tópicos sobre os quais mais gosta de escrever.                                                                                                                                                 O Joel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.