Uma das notícias de destaque no futebol europeu nos últimos tempos foi uma nova regra implementada na Premier League: a partir da próxima temporada, o mercado em Inglaterra irá fechar na quinta-feira que antecede o fim-de-semana da primeira jornada do campeonato.
Esta regra veio gerar uma teia de reacções que aprovaram esta decisão por parte da Federação Inglesa, defendendo a implementação de uma regra igual no futebol português. E o que é facto é que, neste Verão, ouvi algumas pessoas (desde jornalistas/comentadores a meros adeptos) dizerem que era um absurdo o facto do mercado de Verão durar dois meses.
Mas para analisar esta situação temos de ir até ao cerne da questão: afinal de contas, porque é que o mercado ainda decorre por mais duas ou três semanas após o início oficial da época?
Bem, por norma, nessa altura do mercado, a estrutura de um clube já tem uma melhor noção do que é que a equipa precisa e caso ainda falte algo no começo dos jogos oficiais, pode ir ao mercado buscar jogadores capazes de colmatar essas lacunas. Outra razão é o clube assim ter mais tempo para colocar jogadores que fizeram a pré-temporada num clube, mas que não conseguiram conquistar um lugar no plantel.
No entanto, acho que o “clássico tuga” gosta de deixar as coisas para a última da hora. E, sendo isso realmente verdade ou não, a verdade é que esse “mito” já se aplicou várias vezes em clubes nacionais ao longo dos anos, ou seja, tem sido relativamente frequente ver os clubes grandes atacar forte nas últimas 2 semanas de mercado, já com o campeonato a decorrer.
Neste último mercado, foi o Benfica que esteve mais activo na recta final, com as contratações de Svilar, Douglas e Gabriel Barbosa. Já há três anos, tinha contratado Júlio César, Samaris e Cristante nas últimas semanas. Na época passada, foi o Sporting a atacar forte nas últimas semanas do mercado, ao contratar jogadores como Bas Dost, Joel Campbell, Elias e Markovic.
Caso o mercado fechasse no arranque do campeonato, isso causaria algumas mudanças na preparação da época. Antes de mais, provavelmente as férias seriam mais curtas e o regresso ao trabalho dar-se-ia mais cedo, o que poderia ser prejudicial para os jogadores que participam nas competições internacionais.
Por outro lado, um fecho do mercado mais cedo, para além de antecipar a preparação da nova época, levaria também a uma actuação mais rápida dos clubes no mercado. E quando mais cedo um jogador começa a trabalhar com a nova equipa, mais preparado estará quando começarem os jogos oficiais.
Outro problema da continuidade do mercado após o arranque da época oficial, é que, muitas vezes, os jogadores contratados nas últimas semanas do mercado, são jogadores que eram dados como dispensáveis pelos clubes a que pertenciam. E em muitos casos destes jogadores, estes não jogam na pré-temporada e nalguns casos até treinam à parte do plantel principal.
Isto faz com que, aquando da transferência para um novo clube, estes jogadores tenham a adaptação e integração no clube mais complicada, devido ao facto destes não terem o mesmo andamento e a mesma confiança que os jogadores que já estavam na equipa e que começaram a treinar desde o início dos trabalhos. Sendo assim, o fecho de mercado na altura em que arrancava o campeonato também evitaria este tipo de situações.
Como tal, acho que o futebol ficaria a ganhar com um mercado menos duradouro pois levaria a uma mais rápida aquisição de reforços e, consequentemente, a uma mais rápida integração destes e a um maior entrosamento das equipas no arranque do campeonato.
Foto de Capa: Sporting CP
Artigo revisto por: Beatriz Silva