Michele Scarponi – Um adeus prematuro à vida

    Cabeçalho modalidadesNo meio de imensos textos e muito alarido sobre dois grandes e lendários jogos entre quatro grandes equipas de futebol, neste fim-de-semana, eis que o jogo mais importante, o jogo da vida, decide voltar a “atacar” e, novamente, no mundo do ciclismo. Hoje, este mundo das duas rodas ficou mais pobre…

    O italiano Michele Scarponi, durante a manhã deste Sábado, estava a realizar o seu treino normal nas estradas italianas (pelas regiões de Ancona – perto da sua casa). Infelizmente, as estradas ainda não são totalmente seguras para qualquer ciclista e, após um camião colidir contra o ciclista da Astana, havia muito pouco a fazer. Segundo relatos, logo após o impacto, era bastante complicado para as equipas médicas fazerem algo mais, tal foi o choque, e o óbito foi declarado no próprio local.

    Com 37 anos, este era ainda considerado um ciclista referência em Itália e na própria modalidade. Um ser humano muito acarinhado por todos os colegas de profissão, como podemos ver por toda a solidariedade demonstrada à sua volta neste momento que nem dá para retratar em palavras. Visto como alguém sempre alegre e sempre disponível para dar entrevistas e ter tempo para os seus fãs ou adeptos da modalidade, Scarponi estava a cumprir a sua 16.ª temporada como ciclista profissional.

    Após a lesão de Fábio Aru, iria ser ele a liderar a equipa da Astana no Giro d’Itália. Estava num excelente momento de forma e tinha tudo para dar grandes resultados à sua equipa nesta primeira grande volta. Bem recentemente venceu a primeira etapa da Volta aos Alpes (única vitória, até agora, da equipa cazaque em 2017), ficando, depois, em 4.º lugar da classificação geral final. Neste ano, por exemplo, até esteve aqui em Portugal, na Volta ao Algarve, onde conseguiu um 19.º lugar, sendo que, depois, no bem cotado Tirreno-Adriático foi 15.º e o melhor da sua equipa.

    Um adeus inexplicável para uma das maiores referências italianas do ciclismo na atualidade  Fonte: Gazetta dello Sport
    Um adeus inexplicável para uma das maiores referências italianas do ciclismo na atualidade
    Fonte: Gazetta dello Sport

    Num currículo invejável para muitos ciclistas, a maior proeza foi, sem dúvida alguma, a vitória na Volta a Itália em 2011 e com 3 vitórias em etapa nessa mesma prova, num ano que pode ser considerado o melhor da sua carreira, com, igualmente, vitórias no Tirreno e na Volta à Catalunha. Além disto, tem vários top 5 nalgumas das principais provas da modalidade, como certas clássicas da Primavera, além dos já considerados Giro, Tirreno, entre outras.

    A maioria dos grandes resultados da sua carreira foram em Itália, sendo que é possível afirmar que era um homem verdadeiramente ligado às suas origens e à família. Ainda nesta última prova que disputou, após terminada, foi logo abraçar a sua esposa e os seus dois filhos, sem saber que aquela seria a última prova em que faria tal simples, mas sempre muito importante, gesto.

    Por fim, gostaria de apelar a algo bastante importante: para quando uma maior proteção para todos os ciclistas que andam nas estradas? É verdade que existem exemplos de pessoas que andam de bicicleta e provavelmente nem se dão ao respeito, mas há que considerar que isso, espero eu, é uma minoria. Essa minoria não pode influenciar qualquer que seja a decisão que possa ser tomada. Os ciclistas precisam de maior ajuda nesta causa e, se isso não acontecer, situações como estas serão vistas com mais frequência, infelizmente…

    Em nome do Bola na Rede, queremos desejar as nossas maiores condolências a todos os familiares e amigos do grande homem e ciclista Michele Scarponi!

    Foto de capa: giroditaliaciclismo

    Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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    Nuno Raimundo
    Nuno Raimundohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno Raimundo é um grande fã de futebol (é adepto do Sporting) e aprecia quase todas as modalidades. No ciclismo, dificilmente perde uma prova do World Tour e o seu ciclista favorito, para além do Rui Costa, é Chris Froome.                                                                                                                                                 O Nuno escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.