Mundial’2014 – Quem sobreviverá aos oitavos-de-final?

    logo mundial bnr

    O Mundial’2014 tem sido verdadeiramente memorável! Aos jogos globalmente muito bem disputados – cheios de golos e com vários duelos tácticos muito interessantes de acompanhar – têm-se somado algumas surpresas, como a qualificação da Costa Rica e dos EUA para os oitavos-de-final, as goleadas impostas por Alemanha e Holanda aos países ibéricos e as eliminações precoces de Inglaterra e Itália no «grupo da morte».

    Com metade das selecções de fora já podemos traçar uma tendência inequívoca deste Mundial: a supremacia das nações americanas. Das 10 equipas de todas as Américas, 8 passaram à fase a eliminar, ocupando metade do quadro dos oitavos-de-final. Só Honduras e Equador, que sucumbiram perante França e Suíça no grupo E, impediram o pleno das Américas e um desnível ainda maior em relação à Europa. Do Velho Continente partiram 13 selecções para o Brasil, mas nem metade – apenas 6 – logrou chegar ao top 16. De resto, a Ásia e a Oceânia ficaram sem representantes no torneio (eram 4 no início) e de África sobram apenas Nigéria e Argélia (2) das 5 que chegaram a terras de Vera Cruz. Em resumo, nos oitavos-de-final teremos 8 nações americanas, 6 europeias e 2 africanas.

    Quadro dos oitavos-de-final do Mundial'2014  Fonte: zerozero.pt
    Quadro dos oitavos-de-final do Mundial’2014
    Fonte: zerozero.pt

    Alguns dos principais favoritos (não todos) vão ter já nesta fase autênticos testes de fogoBrasil, Holanda e Colômbia, especialmente, terão de puxar dos galões para se manterem em prova. É sempre arriscado fazer prognósticos, sobretudo num Campeonato do Mundo tão imprevisível quanto este, mas vou tentar prever quem chegará aos quartos-de-final. Antes de começar, deixo já um primeiro palpite: a tal tendência do domínio das Américas vai esbater-se (até porque há dois confrontos entre equipas desse continente) e apurar-se-ão para os quartos-de-final 4 nações americanas e 4 nações europeias. Vamos analisar jogo a jogo?

    BRASIL – CHILE

    Neymar é o líder da equipa da casa e já leva 4 golos marcados no Mundial  Fonte: UOL
    Neymar é o líder da equipa da casa e já leva 4 golos marcados no Mundial
    Fonte: UOL

    O Brasil é claramente favorito. Não só porque joga em casa e é penta-campeão, mas essencialmente pela qualidade individual de todos os seus jogadores. Secundado por um Oscar em grande estilo, Neymar, a estrela da companhia, tem brilhado e parece capaz de levar o escrete à final do Maracanã. Contra os Camarões, Fred adquiriu confiança com o golo marcado e Fernandinho pode ter ganho um lugar no onze – boas notícias para o Brasil. O Chile, com uma equipa muitíssimo bem orientada por Sampaoli, fez uma fase de grupos notável (eliminou a Espanha) e tem um 3-5-2 muito bem oleado que, com este Alexis Sanchéz em grande forma, pode causar problemas a qualquer adversário. Ainda assim, não acredito que a defesa chilena resista ao poderoso ataque do anfitrião da prova.

    A minha aposta: Brasil

    COLÔMBIA – URUGUAI

    A magia e a classe de James são uma mais-valia da Colômbia  Fonte: Fox Sport Asia
    A magia e a classe de James têm valido pontos à Colômbia
    Fonte: Fox Sport Asia

    Este jogo, entre duas das minhas selecções favoritas, é aquele cujo resultado me parece mais imprevisível, uma vez que ambas as equipas se apresentam em grande forma e têm tudo para proporcionar um taco-a-taco deslumbrante. É difícil anunciar um favorito, mas ninguém duvida de que será um fantástico espectáculo. A Colômbia tem um futebol positivo, alegre e ofensivo, apimentado por um conjunto de intérpretes de alto nível e orientado por um competentíssimo Pékerman. Nem a ausência de Falcao se tem feito notar – na falta de El Tigre, James é o cabeça-de-cartaz do segundo melhor ataque da prova. Os cafeteros tiveram uma fase de grupos tranquila: ao mesmo tempo que superaram todos os adversários sem grandes dificuldades, mostraram que têm muitas e boas soluções para qualquer posição, designadamente no ataque. O Uruguai, semi-finalista do último Mundial, esqueceu o desaire inicial com a Costa Rica e bateu a Itália e a Inglaterra. Todavia, a aura positiva que rodeava a celeste no fim da fase de grupos desvaneceu-se com o anúncio da ausência de Suárez por castigo – uma mordidela nas aspirações do Uruguai, que fica privado do seu melhor marcador. O 3-5-2 de Tabárez, alicerçado na experiência e na raça dos seus guerreiros, será sempre difícil de contrariar. O Uruguai é uma equipa solidária e muito entrosada que jamais se rende. Devo dizer que estava decidido a apostar no Uruguai, mas sem Suárez inclino-me para a Colômbia. Com 50,01% de certeza!

    A minha aposta: Colômbia

    HOLANDA – MÉXICO

    Robben e Van Persie comandam uma Holanda surpreendente  Fonte: Vavel
    Robben e Van Persie comandam uma Holanda surpreendente
    Fonte: Vavel

    O México foi, na minha perspectiva, uma das grandes surpresas da fase de grupos. Com uma selecção experiente, que se dispõe num 3-5-2 compacto e com muita mobilidade à frente, os aztecas tem capacidade para proporcionar uma inesperada eliminação dos holandeses. Todavia, esta Holanda altamente pragmática que dizimou Espanha e Chile tem exibido um nível incrivelmente alto. Com Sneijder a servir Robben e Van Persie em transições rápidas e Depay a ascender como uma das revelações da prova, a Holanda tem-se revelado mortífera nesta versão 3-5-2. A ausência de Vásquez no México, o pivot defensivo e a plataforma giratória do meio-campo, poderá ser um handicap difícil de ultrapassar por Miguel Herrera. Embora simpatize com os mexicanos, estou convencido de que com Van Gaal no banco e a dupla Van Persie-Rbben em campo passa a Holanda.

    A minha aposta: Holanda

    COSTA RICA – GRÉCIA

    Joel Campbell é a maior ameaça da equipa da Costa Rica  Fonte: toovia.com
    Joel Campbell é a maior ameaça da equipa da Costa Rica
    Fonte: Getty Images

    Só um lunático diria que a Costa Rica ou a Grécia chegariam aos quartos-de-final deste Mundial. A verdade é que um deles vai lá estar. Este é o duelo dos underdogs. De um lado, a coqueluche da América Central, a grande surpresa deste Mundial, a elogiadíssima Costa Rica, que de derrotada à partida se fez líder do «grupo da morte». Do outro lado, a Grécia liderada pelo português Fernando Santos, que com uma mistura de fortuna e engenho sobreviveu ao grupo C. Os helénicos, sem dar grande réplica à Colômbia no jogo inaugural, seguraram o empate com o Japão em inferioridade numérica e derrotaram a Costa do Marfim dos derradeiros instantes. Podem surpreender porque estão em crescendo e são mais experientes (tenho gostado particularmente do médio Kone), mas acredito que a organização táctica e a confiança dos costa-riquenhos podem desequilibrar os pratos da balança a seu favor. O empate com a Inglaterra e as vitórias sobre a Itália e o Uruguai mostram como Jorge Luís Pinto formou magistralmente uma selecção que, sem nenhum dos grandes craques do futebol mundial, tem todas as condições para chegar ainda mais longe. Estou convicto de que Bryan Ruiz e Joel Campbell levarão o sonho dos costa-riquenhos até aos quartos-de-final, mas gostava de continuar a ver a Europa do Sul representada e um técnico português a dar cartas.

    A minha aposta: Costa Rica

    FRANÇA – NIGÉRIA

    Benzema tem sido o protagonista do ataque gaulês  Fonte: mensquare.com
    Benzema tem sido o protagonista do ataque gaulês
    Fonte: mensquare.com

    A Nigéria, actual campeã africana, tem correspondido às expectativas: teve o azar de empatar com o Irão e a sorte de ganhar à Bósnia antes de dar muita luta à Argentina no último jogo. Com uma equipa organizada e jogadores rápidos na frente (Musa e Emenike têm estado em excelente plano), a Nigéria pode causar uma surpresa se estiver num dia de particular inspiração, mas acho muito pouco provável que consigam ultrapassar a poderosa França. Didier Deschamps implementou um modelo de jogo bem definido, conseguiu pôr o colectivo a funcionar e tem muitas soluções à sua disposição (isso ficou bem patente no último jogo, com o Equador), o que lhe permite adequar o onze à estratégia de jogo sem perder identidade nem qualidade. Os bleus já mostraram que são uma das formações mais fortes deste Mundial – têm uma defesa jovem mas experiente, um meio-campo fortíssimo do ponto de vista físico, técnico e táctico (Cabaye, Pogba, Matuidi e Sissoko dão garantias de intensidade e clarividência em todos os momentos do jogo, profundidade ofensiva e cobertura defensiva) e um ataque endiabrado (Benzema e Valbuena em grande forma; Giroud, Griezmann e até Remy claramente soluções mais do que válidas e todas elas diferentes). Prevê-se um jogo muito físico e muito bem disputado, mas a França parece-me claramente superior. Passam os “franciús”.

    A minha aposta: França

    ALEMANHA – ARGÉLIA

    Klose e Müller – o encontro de gerações no eficaz ataque germânico  Fonte: Eurosport
    Klose e Müller – o encontro de gerações no eficaz ataque germânico
    Fonte: Eurosport

    Um dos desafios mais desequilibrados dos oitavos-de-final. A Alemanha é uma das super-favoritas neste Mundial – é a equipa mais forte da Europa. O cenário de uma eventual eliminação da Mannschaft nos oitavos-de-final não passa pela cabeça de ninguém. É certo que a Argélia é um conjunto competente, aguerrido e perigoso nas saídas para o ataque, mas francamente não estou em crer que tenha argumentos para superar a pujante selecção alemã. Adoptará, com certeza, uma postura mais defensiva, procurando aguentar o empate o máximo de tempo possível. Só que a Alemanha sabe que não pode permitir veleidades no “mata-mata” e por isso deverá entrar forte no jogo, praticando o futebol ofensivo e de posse que lhe é característico, com a paciência, a concentração e a frieza necessárias para aproveitar os espaços e chegar ao(s) golo(s). Müller quer ser o melhor marcador deste Mundial, Klose quer ser o melhor de todos os Mundiais – este pode ser um bom jogo para os levar a atingir esses objectivos. Se os alemães marcarem cedo podem golear.

    A minha aposta: Alemanha

    ARGENTINA – SUÍÇA

    messi
    Lionel Messi já é um dos melhores marcadores do torneio – lendário
    Fonte: sdgpr.com

    Messi tem estado completamente imparável. Marcou em todas as partidas até agora e parece determinado a escrever mais uma página dourada da história do futebol argentino. Os sul-americanos não foram tão avassaladores quanto se esperava, num grupo relativamente fácil, e têm apresentado um estilo de jogo bastante conservador (a titularidade de Gago tem sido muito criticada; Enzo poderia acrescentar algo mais à equipa). O poder de fogo do ataque alviceleste, que não conta com o lesionado Agüero nos próximos jogos, ainda não foi potencializado e a Argentina tem-se dado ao luxo de viver à custa do génio de Messi. Porém, também Di María, Lavezzi ou Higuaín podem decidir o jogo em qualquer segundo. E se é verdade que a Suíça tem bons jogadores – os experientes Inler e Behrami (fundamentais no meio-campo), os laterais Rodriguez e Lichtsteiner (importantíssimos no ataque, a dar profundidade) e o inevitável Shaqiri (puxado para o centro, arrancou um hat-trick no último jogo) – não é menos verdade que os helvéticos têm na instabilidade do eixo central da defesa uma das suas maiores pechas. Caso o ataque da Argentina decida “abrir o livro”, a Suíça nada poderá fazer para o contrariar. A selecção das pampas deverá ganhar com maior ou menor facilidade.

    A minha aposta: Argentina

    BÉLGICA – E.U.A.

    Hazard é a figura de proa desta Bélgica entusiasmante  Fonte: Getty Images
    Hazard é a figura de proa desta Bélgica entusiasmante
    Fonte: Getty Images

    A Bélgica bateu Rússia, Argélia e Coreia do Sul no grupo C e chega invicta aos oitavos-de-final. Era dada como uma das “prováveis surpresas” deste Mundial e a verdade é que, sem ser demolidora, tem tido desempenhos muito positivos. Com uma defesa experiente, um meio-campo fortíssimo e cheio de soluções e um ataque jovem e irreverente, esta geração de ouro da Bélgica parece destinada a ir longe. Do outro lado estão os Estados Unidos, que voltaram a eliminar Portugal na fase de grupos. Da outra vez, em 2002, chegaram aos ‘quartos’ e fizeram a sua melhor campanha desde 1930 (ficaram em 3.º no primeiro Mundial!). Conseguirão repetir o feito? Não acredito. O 4-2-3-1 de Wilmots, que tem beneficiado do bom momento de Witsel, Fellaini, Hazard, Mertens, De Bruyne ou Origi, parece suficientemente consistente para assegurar uma vitória europeia. Estou a torcer pelos Diabos Vermelhos!

    A minha aposta: Bélgica

     

    Como notaram, as minhas escolhas foram altamente conservadoras – limitei-me a apostar em todos os primeiros classificados de cada grupo. Bom, mas se a minha bola de cristal estiver bem calibrada, teremos:

    • Brasil-Colômbia (único confronto entre equipas da América do Sul – Brasil rumo ao hexa?);
    • Holanda-Costa Rica (milagre da Costa Rica ou Holanda mais uma vez nas meias-finais);
    • Alemanha-França (duelo de gigantes europeus; Mannschaft favorita);
    • Argentina-Bélgica (ambas chegam só com vitórias aos ‘quartos’; Messi e os amigos são favoritos).

    Terei sido cauteloso demais ou há mesmo 5/6 equipas que são claramente mais fortes do que todas as outras? Façam as vossas apostas. Quais as 8 equipas que chegarão aos quartos-de-final do Mundial’2014?

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Tomás Handel assume: «Gostaria de terminar a carreira no Vitória SC»

    Tomás Handel assumiu que gostaria de terminar a carreira...

    Ponferradina troca de treinador e quer lutar pela subida à La Liga Hypermotion

    A Ponferradina oficializou a contratação de Juanfran García. O...

    Liverpool apresenta proposta de 80 milhões por craque do Real Madrid

    O Liverpool está interessado em contratar Rodrygo e já...

    Marcus Edwards disputado por duas equipas inglesas

    Marcus Edwards pode deixar o Sporting no final da...
    Francisco Manuel Reis
    Francisco Manuel Reishttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pela escrita, o Francisco é um verdadeiro viciado em desporto. O seu passatempo favorito é ver e discutir futebol e adora vestir a pele de treinador de bancada.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.