Bom, vamos falar de quê desta vez? Da desvantagem pontual no campeonato? Do empate deprimente na Madeira? Das exibições paupérrimas a nível nacional e além fronteiras? De algumas escolhas incompreensíveis na elaboração do onze inicial do FC Porto?
Não, não iremos falar de nenhum dos pontos acima referidos. Todos os holofotes desportivos durante o passado fim de semana estiveram voltados para um episódio que envolveu quatro atletas azuis e brancos: Marchesín, Saravia, Matheus Uribe e Luis Díaz.
Em causa, uma violação de uma das normas do clube, norma essa que determina um “recolher obrigatório” às 23 horas para todos os atletas do FC Porto.
Muitas informações acerca desta matéria têm sido publicadas nas últimas horas, sendo ainda, algumas delas, contraditórias. Porém, a meu ver, não é o mais importante saber se estes quatro jogadores abandonaram o aniversário da esposa de Uribe meia hora antes ou meia hora depois.
O ponto fundamental de tudo isto, para mim, é ver uma “polémica” destas escarrapachada em quase todos os jornais, emissões especiais nos mais diversos canais sobre o assunto.
Como adepto, odeio (literalmente) ver a vida interna do meu clube ser completamente dissecada em praça pública. Levantam-se pontos de interrogação sobre o profissionalismo e o compromisso destes atletas, sobre a união deste grupo de trabalho; e isso, quer queiramos, quer não, traz uma certa instabilidade completamente desnecessária, no meu ponto de vista.
Exige-se um pouco mais de consciência a quem representa o FC Porto. Não me refiro apenas à tal “noitada”, refiro-me também à divulgação de vídeos da mesma por parte de personagens de relevo no clube; de nada serve utilizar um slogan que prega “Dragões Juntos” se, quando existe um problema, cada um corre numa direção diferente.
Existem questões que merecem ser punidas? Resolvam-nas internamente, sem a divulgação de detalhes para o exterior. Adotem uma postura semelhante à do treinador, quer na flash interview, quer na conferência de imprensa de rescaldo ao jogo do Bessa, que optou por não dar motivos para novas manchetes na manhã seguinte relacionadas a este tema.
E, por falar em Sérgio Conceição, permitam-me que ressalte que o nosso mister acaba por ser a única pessoa que, quiçá, beneficiou com esta “novela mexicana”.
Após exibições muito fracas da equipa, após a perda de pontos frente ao CS Marítimo, após as derrotas frente a Feyenoord e Rangers, Sérgio Conceição era o principal alvo de contestação por parte da massa adepta portista. Agora, após este episódio, o cenário parece ser diferente. Sérgio Conceição é agora visto como um treinador “à maneira”, um treinador exigente, com mão firme para comandar o balneário.
De certa forma, todo este caos sul-americano parece ter dado um balão de oxigénio a Conceição, retirando-o do centro das críticas.
Foto de capa: UEFA
Artigo revisto por Joana Mendes