A NBA parecia formatada para os cidadãos americanos, mas na última década a tendência mudou. Cada vez mais, chegam ao país do Tio Sam jovens com o sonho de serem bem-sucedidos com a borracha laranja e preta entre as mãos. Pascal Siakam é um dos exemplos, mas engane-se quem acha que a carreira do poste foi sempre positiva e num crescendo contínuo.
Nascido nos Camarões, é o mais novo de três irmãos que praticavam basquetebol. Todos conseguiram bolsas em conhecidas universidades nos Estados Unidos da América, mas Pascal era o que menos parecia querer saber do desporto. Tudo mudou no dia em que pisou um campo de treinos de Luc Mbah a Moute. Depressa, a diversão passou a algo sério.
Na África do Sul encontrou o trampolim necessário para voos mais altos. A aterragem foi turbulenta e o sonho americano não foi como o que é mostrado nos filmes, era preciso saber lidar com novos ideais e táticas. Descreviam o camaronês como magro para os 2,06 metros que apresentava e o primeiro passo foi a adaptação aos adversários mais fortes fisicamente. Seguiu-se a Universidade do Novo México e uma lesão, que adiou o sonho de ser profissional.
O joelho melhorou e o jovem não desiludiu quem tanto acreditava nele. Os Toronto Raptors não ficaram indiferentes ao seu talento e escolheram-no na 27.ª escolha do Draft de 2016. Nos primeiros anos como profissional cresceu na G-League pela equipa secundária e foi sombra do cinco inicial de Dwayne Casey. O trabalho começou a ser visto globalmente e já muitas pessoas conheciam o potencial do camaronês.
Go all-access for a day in the life with #NBAAllStar starter Pascal Siakam of the Toronto Raptors! @pskills43 and the @Raptors look to extend their current franchise-record 12-game win streak TONIGHT at 8pm/et on ESPN. pic.twitter.com/wpsFYxj22O
— NBA (@NBA) February 7, 2020
A chegada de Nick Nurse marcou a passagem para as luzes da ribalta, e “Spicy P” passou de quase desconhecido a uma estrela da NBA. A época de 2018/2019 não podia ser roteiro de realizador de cinema, pois tudo correu de forma perfeita. Com uma média de 26 pontos e cinco ressaltos por jogo, foi uma das forças que em conjunto com Kawhi Leonard trouxe a inédita taça de campeão para os dinossauros do Canadá.
O prémio de Most Improved Player (jogador que mais evoluiu de uma época para outra) da liga foi o resultado de uma caminhada longa e sinuosa, de um atleta que nem sempre foi o maior apreciador do basquetebol, mas sabia que tinha capacidade para singrar. Esta época, Pascal Siakam continua a surpreender, e o nome do camaronês já ecoa nos ouvidos de todos os aficionados da melhor liga de basquetebol do mundo.
De desconhecido a ganhar o espaço do plantel, de não gostar de jogar basquetebol a campeão da NBA, de jogador que mais evoluiu a All Star. A carreira de Pascal Siakam é uma das melhores histórias de superação e vai demonstrando ao planeta que mesmo na maior adversidade não desistiu e todos os dias vamos vendo a prova disso mesmo.
Foto de Capa: NBA
Artigo revisto por Inês Vieira Brandão