Philadelphia Eagles 35-38 Kansas City Chiefs: “Mágico” Mahomes lidera reviravolta

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    A 57.ª edição do jogo do título da National Football League realizou-se ontem no estádio State Farm, Glendale, Arizona. Entre todos os potenciais confrontos para o Super Bowl LVII, este sempre foi o mais intrigante, dado que opôs os vencedores das conferências AFC e NFC, respetivamente. Esta era a primeira instância desde 2013, a sexta desde 1970, ano de criação do Super Bowl, que a final da NFL era disputada entre as duas equipas com o melhor registo da fase regular. Eagles e Chiefs venceram ambos 14 jogos e perderam apenas três.

    De um lado, os Kansas City Chiefs  procuravam o terceiro anel, depois de 1970 e 2019. Antes da era Super Bowl, venceram três vezes: 1962, 1966 e 1969. Do outro, os Philadelphia Eagles sonham com o segundo anel da era Super Bowl. O primeiro que conquistaram foi em 2017 e, antes disso, tinham vencido a NFL em 1948, 1949 e 1960, quando a NFL e a American Football League se juntaram.

    Adicionalmente, tratava-se de uma partida que já era histórica mesmo antes de ser disputada. Pela primeira vez, dois quarterbacks negros enfrentaram-se no Super Bowl: Jalen Hurts, a grande revelação dos Eagles, e Patrick Mahomes, a figura incontestável dos Chiefs e eleito MVP da NFL pela segunda vez na sua carreira.

    Isto acontece 35 anos depois da estreia de um quarterback negro: Doug Williams. Williams foi também o primeiro a vencer um Super Bowl e depois dele apenas dois outros quarterbacks negros o fizeram como titulares: Russell Wilson, pelos Seattle Seahawks, em 2014, e precisamente Patrick Mahomes.

    Hurts, de 24 anos, e Mahomes, de 27, são também os quarterbacks rivais mais jovens da história, a par de Brett Favre e Drew Bledsoe, que em 1997 tinham ia dade combinada de 51 anos. O Super Bowl ficou ainda marcado por reencontros entre antigos colegas e familiares. O técnico de Kansas City, Andy Reid, defrontava a mesma franquia que liderou durante 14 anos, sendo esta, também, a primeira vez que dois irmãos se encontravam na jogo decisivo (o center dos Eagles, Jason, e o tight end Travis, dos Chiefs).

    Jason Kelce conquistou o troféu em 2018. Dois anos depois, no Super Bowl LIV, o irmão mais novo, Travis, recebeu o anel da glória. Como tal, o jogo do passado domingo serviu para desempatar esta questão familiar.

    O que tornava este jogo ainda mais interessante é a forma como as duas equipas chegaram à final. Todos esperavam que os Chiefs ficassem fragilizados depois de trocar o wide receiver Tyreek Hill. Ao invés vez disso, a equipa de Kansas City ficou mais equilibrada, desenvolveu uma defesa jovem e sólida e assistiram a uma época de sonho do quarterback Patrick Mahomes.

    Há quatro anos, Mahomes foi eleito pela primeira vez, aos 23 anos, após uma temporada de 5.097 jardas, em 66% de aproveitamento nos passes, 50 touchdowns lançados e dois terrestres. Com 80 de eficiência na posição, Mahomes também foi reconhecido como Jogador Ofensivo daquela edição. Desta vez, o quarterback dos Kansas City Chiefs conseguiu aumentar sua eficiência de lançamentos (67,1% dos passes completados), acumulando 5250 jardas lançadas, 41 touchdowns, 358 jardas corridas e 3 touchdowns terrestres, com a melhor eficiência da NFL (77,6).

    Com a conquista deste feito individual, Mahomes entrou para a lista de jogadores que conseguiram o prémio de MVP mais de uma vez e está ao lado das lendas do San Francisco 49ers, Joe Montana e Steve Young, e Kurt Warner, ex-quarterback dos Los Angeles Rams e Cardinals, com duas conquistas. Outros atletas que conseguiram o feito por mais de uma temporada foram: Peyton Manning (5), Aaron Rodgers (4), Jim Brown (3), Johnny Unitas (3), Brett Favre (3) e Tom Brady (3).

    Igualmente interessante é o facto de que nenhum MVP da liga ganhou um Super Bowl na mesma temporada desde que Kurt Warner conseguiu esse feito com os Rams, em 1999. Mahomes já conta com um Super Bowl no currículo (época 2019/20), mas sabia também o que era perder, e tudo num curto espaço de tempo. Um ano depois de saborear a vitória, viu o título ser entregue a Tom Brady e companhia, dos Tampa Bay Buccaneers.

    Os Eagles apresentavam-se de maneira igualmente impressionante. O mesmo conjunto que terminou a época regular com um recorde de 9-8 e assegurou uma aparição no wild card em 2021, de repente assumiu-se como uma das equipas mais competentes da NFC. Philadelphia contou com uma defesa de fazer inveja a qualquer equipa. Durante a época regular, acumularam o maior número de desarmes (70) e permitiram o menor número de jardas por passe por jogo (179,8) na liga.

    E se Mahomes pode ter sido o melhor jogador da liga nesta temporada, é difícil argumentar que Jalen Hurts não foi o segundo colocado na corrida pelo prémio de MVP. A evolução tem sido clara e as estatísticas da época regular colocam-no um passo à frente de qualquer rival.

    Jalen Hurts teve uma temporada digna de MVP em 2022/23, lançando para 3.701 jardas e 22 touchdowns enquanto corria para 760 jardas e 13 pontuações, empatando em segundo lugar na NFL. Hurts quebrou, também, o recorde da liga de mais corridas de um quarterback numa única temporada, superando a marca anterior de 14, estabelecida em 2011 por Cam Newton. Os Eagles lideraram a liga com 32 tackles corridos durante a temporada regular e adicionaram sete na pós-temporada, quebrando o recorde da liga de 38 detidos pelos Frankford Yellow Jackets de 1924.

    RESCALDO

    Uma grande segunda parte e um pontapé de Harrison Butker a oito segundos do fim permitiram no domingo aos Kansas City Chiefs derrotar os Philadelphia Eagles, por 38-35, no Super Bowl de futebol americano. Numa partida em que Philadelphia dominou por três quartos, os Chiefs assumiram as rédeas e passaram a liderar o marcador pela primeira vez já nos últimos 15 minutos de jogo.

    Na primeira drive do jogo, os Eagles já haviam anotado um touchdown, com Jalen Hurts a ser empurrado para dentro da endzone. Os Chiefs responderam em seguida, com um belo passe de Mahomes para Travis Kelce. Kansas City ainda teve a oportunidade de reverter o placar, após anular o ataque adversário e ter um field goal a favor, mas o kicker Butker desperdiçou o pontapé.

    O jogo parecia favorável para Philadelphia, que marcou de novo após passe de Hurts para AJ Brown e, logo depois, forçando o punt da equipa adversária. Porém, no início de mais uma drive, o quarterback dos Eagles deixou a bola escapar após o snap e viu Nick Bolton empatar a partida em 14-14.

    O desempate veio com mais um touchdown concretizado por Hurts, com apenas dois minutos restantes no relógio. No que podia ser a última posse de bola antes do intervalo, Mahomes não só perdeu a chance de avançar no terreno, como saiu com queixas físicas para o banco. Temia-se, na altura, que o quarterback dos Chiefs tivesse agravado uma lesão sofrida contra os Jaguars na Divisional Round.

    Após algumas tentativas de passe, os Eagles optaram por um field goal de Jake Elliot, convertido, aumentando a vantagem para 10 pontos na saída para o intervalo. Na segunda parte, Mahomes regressou recuperado do susto anterior e mostrou-se imediatamente importante para garantir mais um first down, que resultou num touchdown logo de seguida para Isiah Pacheco.

    À medida que os Eagles desperdiçavam drives, marcando apenas um field goal até o começo do último quarto, os Chiefs consumaram a reviravolta com um touchdown de Kadarius Toney. O domínio de Mahomes e companhia continuou após um retorno de punt que levou a bola até a linha das cinco jardas, abrindo caminho para mais um touchdown, desta vez de Skyy Moore, aumentando a vantagem para 35-27.

    O conjunto de Philadelphia respondeu a cinco minutos do fim do tempo regulamentar, de novo por Jalen Hurts. A jovem estrela não cedeu perante a pressão do momento e anotou o seu quarto touchdown da noite (1 em passe, 3 em corrida), além de converter também os dois pontos extras para empatar a partida.

    Justamente quando os Eagles tiveram um vislumbre de esperança e pareciam estra prestes forçar um field goal com bastante tempo restante no cronómetro, uma falta defensiva cometida por James Bradberry permitiu aos jogadores de Kansas City retirarem tempo no relógio até aos oito segundos. Harrison Butker converteu um field goal de 27 jardas, o arremesso final de Hurts ficou bem curto e os Chiefs saíram de campo como campeões mais uma vez.

    Não se enganou quem previu um festival de futebol ofensivo e, no final, viu a genialidade de Mahomes que, mesmo com um tornozelo lesionado, se consolidou como o sucessor de Tom Brady. Os Eagles dominaram a partida nos primeiros 30 minutos, liderados por um destemido Jalen Hurts (que marcou três touchdowns em corrida, um recorde na Super Bowl). Porém, o reajuste da estratégia ao intervalo, identificando as lacunas que a defesa dos Eagles tinha mostrado na primeira parte, foi o que acabou por ditar o desfecho da finalíssima – e, aí, o mérito é de Andy Reid (o treinador dos Chiefs que liderou os Eagles durante 14 anos, sem nunca vencer uma Super Bowl em Filadélfia) e do coordenador ofensivo Eric Bieniemy.

    Para os Eagles, e sobretudo para Hurts, esta derrota perante Mahomes não será fácil de engolir. O jogo terminou, contudo, deixando a sensação clara de que esta não terá sido a última vez que estas duas equipas – e estes dois quarterbacks – se encontraram numa Super Bowl.

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    Diogo Valente Vieira
    Diogo Valente Vieirahttp://www.bolanarede.pt
    Estudante na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa. Procura realizar um percurso profissional dedicado sobretudo ao desporto nacional e internacional, através do jornalismo. O seu objetivo principal é tornar o jornalismo desportivo em Portugal o mais imparcial e prático possível, apresentando ao mesmo tempo uma personalidade com a qual a audiência possa identificar-se. Tem como interesses de destaque o futebol, o basquetebol e o wrestling.