Quando uma pergunta é simples, a resposta não tem necessariamente de ser óbvia ou directa. No momento em que alguém descobre esta minha pequena “relação”, há sempre a pergunta standard: “como é que começaste a ver snooker?”. Ou então: “porque é que gostas de snooker?”. Essa descoberta vem sempre com uma sombra…
É o mesmo que perguntar ao Cristiano Ronaldo porque é que gosta da Irina. Fácil. A minha mente parece um quadro de Joan Miró, de cada vez que essas palavras ecoam na minha cabeça: respondo com calma ou dou-lhe um “calduço”?
O que me ajuda na resposta é um pequeno episódio especial de que me recordo vivamente. Como poderia não recordar? Foi aquele momento em que eu soube que não era um desporto como os outros, e, apesar de ser estático, tem toda a sua magia em volta dele. A final do campeonato do mundo, em 2011. Estavam na mesa John Higgins e Judd Trump, no Crucible Theatre. Jogaram-se 33 frames de 35 possíveis. Quem viu sabe como foi aquele último break. A partir daí, a história escreve-se a si mesma. Pesquisas sobre as regras, ver muitos jogos, ouvir os comentadores da Eurosport, e assim continuou a saga. Não conseguia descolar do ecrã.
Mas isto é a minha história. E a história do snooker?
Dizem que é uma história cheia de tradição. O snooker é uma derivação do bilhar. No século XV, Luís XI, Rei de França, era dono de uma mesa de bilhar. Este jogo começou, então, a ser associado à aristocracia, dando ao bilhar a imagem de ser um jogo de cavalheiros. Quando jogaram pela primeira vez, as mesas não tinham bordas nem cushions (difícil tradução para o português). Estes foram introduzidos quando os jogadores se cansaram das bolas a cair dos buracos. As bolas eram feitas de marfim e era preciso abater 12 elefantes para que um conjunto de bolas fosse feito.
A maior contribuição individual para o snooker veio de Joe Davis e do seu irmão Fred. Entre eles, dominaram o jogo por mais de 50 anos e foram fundamentais para a transição de um jogo aristocrático para um passatempo da classe trabalhadora. Joe ganhou 15 campeonatos mundiais consecutivos, enquanto Fred triunfou em 8 campeonatos mundiais.
O snooker já percorreu um longo caminho num período relativamente curto de tempo, e pode reclamar o título de ser um dos desportos com maior audiência internacional.