Primoz Roglic quebra “malapata francesa” e vence Paris-Nice

    A 9 de agosto de 2020, Primoz Roglic emancipou-se em pleno Grand Colombier e derrotou Egan Bernal e Nairo Quintana no Tour de l’Ain, garantido o triunfo na geral ao fim de três dias de competição. Apesar da prova não pertencer ao circuito World Tour, o voltista enriqueceu o seu palmarés com selo francês, no entanto, o tiro acabaria por lhe sair pela culatra.

    Para os mais supersticiosos, seguiu-se uma verdadeira maldição: Queda, desistência e perda de liderança no Criterium du Dauphiné, em 2020; Derrota histórica frente a Tadej Pogacar e queda nas duas edições seguintes do Tour de France; Duas quedas que o impossibilitaram de erguer o título de campeão do Paris-Nice 2021… na última etapa.

    A temporada de 2022 está agora lançada e o primeiro passo para vermos um Roglic “castelhano” em França está dado. O ciclista da Jumbo-Visma venceu a 80ª edição do Paris-Nice à frente de Simon Yates (Team BikeExchange-Jayco) e Daniel Martínez (Ineos-Grenadiers).

    Mais pragmático e cirúrgico do que nunca, ganhou terreno no contrarrelógio e fechou as contas na montanha. A fórmula Wout van Aert (e companhia) valeu-lhe um fim de secura naquele país: a grande prestação da equipa na prova foi evidente, destacando-se o pódio completo em etapa, na primeira jornada, ou a grande ajuda do portento belga – WVA -, na última etapa, fundamental para neutralizar a ameaça Simon Yates e assegurar que a camisola amarela ficava na posse do líder da Jumbo-Visma.

    Na luta pela classificação geral, o português João Almeida terminou na oitava posição com uma remontada de grande nível depois de perder tempo importante na caótica etapa número dois. O atleta da UAE Team Emirates levou a camisola branca para casa, símbolo da classificação da juventude. Já Brandon Mcnulty, o seu colega de equipa, venceu uma etapa, podendo-se dizer que a prestação da equipa foi salva dada a lógica ambição no que toca à conquista de um lugar mais importante na geral.

    O jovem luso foi uma das caras do Col do Turini, principal dificuldade da prova, terminando no quinto posto do dia. Se Roglic e Martínez subiram como nunca antes se tinha subido, a dificuldade montanhosa trouxe-nos também uma pantera resiliente, consciente da sua capacidade atual e capaz de gerir o esforço de forma eficiente. A ritmo, encostou nos quatro homens da frente, limitou perdas e deu um salto de oito posições, ficando em 10º antes do último dia.

    Sobre prestações de grande nível, Simon foi o melhor dos Yates e não só. Os números mostram-nos que a par dos dois homens do Turini, o britânico da Team BikeExchange-Jayco foi demoníaco nas montanhas francesas, apresentando-se a um nível mais elevado do que o previsto. Em relação a surpresas, Ion Izaguirre (agora na Cofidis) e Paret Peintre (esperança da AGR2 Citroen Team) foram os “underdogs” de um top 10 que contou com um Nairo Quintana (Team Arkéa Samsic) de qualidade e um Adam Yates (Ineos Grenadiers) um pouco aquém das expectativas.

    Noutra lutas, Wout van Aert, apesar de não constar no lote dos homens da geral, foi um dos ciclistas da prova, liquidando a camisola verde por larga margem: quatro pódios em etapa e uma vitória. O talento belga continua a impressionar e parece estar em bela forma para a temporada de clássicas que se avizinha. Da verde passamos para a das “bolinhas”: Valentin Madouas (Groupama-FDJ) também levou uma camisola para casa, mas a da montanha, e por larga margem, diga-se.

    No sprint, Fabio Jakobsen da Quick Step Alpha Vynil Team (desistiu posteriormente) e Mads Pedersen (Trek-Segafredo) foram os únicos velocistas a melhor a sopa. Se o primeiro continua a aumentar o seu estatuto de homem a derrotar no sprint, o dinamarquês de 26 anos, tal como WVA, parece ter a mira cada vez mais afinada para as corridas de primavera.

    A todos estes nomes grandes do pelotão internacional juntam-se Christophe Laporte (Jumbo-Visma) e Mathieu Burgaudeau (TotalEnergies). Numa das imagens mais bonitas dos últimos tempos, o francês ex-Cofidis venceu a primeira etapa e foi o primeiro camisola amarela, no entanto, o que ficou bem patente foi a força da Jumbo-Visma e o sinal dado a todos os seus adversários. No segundo caso, o ciclista francês da equipa onde agora habita Peter Sagan deu a vitória em moldes especiais: quase morreu na praia, mas foi a tempo de levantar os braços e assinar a primeira vitória em etapa da equipa no calendário World Tour, em 2022.

    Os ciclistas preparam-se agora para um dos pontos altos do ano ciclístico. As clássicas estão à porta e como em todos os anos, as expectativas são muitas. Do Paris-Nice podemos concluir que Wout van Aert, por exemplo, está apostado em fazer mossa e a primeira oportunidade surge com a Milano-Sanremo, no próximo dia 19 de março (Tadej Pogacar, Primoz Roglic e Julian Alaphilippe e muitos mais estarão presentes).

    Foto de Capa: Paris-Nice

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.