Alex Telles nunca teve concorrente à altura, o meio campo sempre se ressentiu da falta de uma opção box to box e o lugar ao lado de Felipe aconselhava ao desdobramento de esforços no sentido de não colocar em causa o aspeto que mais contribuiu para o título da época passada: a defesa.
Ricardo Pereira e Iván Marcano, duas peças fundamentais na dinâmica que Sérgio Conceição queria imprimir na equipa, deixaram na defesa dois buracos difíceis de tapar. Se o lateral oferecia à equipa consistência defensiva e muita capacidade atacante, funcionando como um autêntico ala, o central espanhol assumia-se como o patrão do setor mais recuado, legado que deixou para o ex companheiro Felipe. Como se não bastasse, o FC Porto viu sair uma das grandes esperanças, Diogo Dalot, e que seria, de forma natural, o substituto de Ricardo.
Perante o “choque”, surge a necessidade de encontrar alternativas credíveis no mercado. Ora, credível não foi, de todo, o primeiro ataque do FC Porto ao mercado, que ofereceu a Sérgio Conceição opções dúbias, desde logo Janko e Ewerton, que rapidamente receberam guia de marcha. O próprio João Pedro vem sentindo dificuldades em lutar com Maxi pelo lado direito da defesa.
Toda esta situação motivou um marcar de posição público do treinador que, enfim, obrigou a administração do clube a desdobrar-se em esforços no sentido de garantir maior credibilidade aos reforços que haveriam de chegar. As derrotas com Portimonense SC e LOSC Lille mostraram graves problemas no centro da defesa, que para além de Felipe contava apenas com Chidozie e Diogo Leite. O jovem internacional português até começou a época como titular mas a derrota caseira com o Vitória SC fez disparar os alarmes e a boa estreia de Militão parecem ter-lhe remetido de volta à condição de suplente.
Para este setor há ainda Mbemba, que se apresentou como um dos nomes mais sonantes do mercado nacional, embora o azar lhe tenha batido à porta e só deva entrar em competição lá para outubro. Nessa altura será curioso perceber as movimentações que a defesa conhecerá, já que é bem provável que Maxi (a idade pesa cada vez mais, não obstante continuar a ser um jogador que empresta muita garra ao seu jogo) veja Militão ganhar-lhe o lugar e o congolês passar a ser o companheiro de Felipe no centro.
Passando para a esquerda, finalmente uma solução credível para dar luta a Alex Telles. O também brasileiro Jorge chega por empréstimo do AS Mónaco, mas com um plano para o futuro já aparentemente bem definido. Beber da experiência do compatriota e, eventualmente, assumir a titularidade na próxima época, na qual se perspetiva a saída de Telles.
Depois de muita indefinição inicial, o setor defensivo parece, enfim, ter ganho estabilidade e tem, neste momento, variadíssimas opções, que garantem a SC uma competitividade interna que só pode ser positiva.
Nos restantes setores, apenas o meio campo alargou de opções, com a chegada de Bazoer, que assim se junta a Danilo, Sérgio Oliveira, Herrera e Óliver. Estará em vista uma eventual alteração tática? Só o tempo o dirá.
Para o ataque não chegou qualquer reforço, apesar de o jovem André Pereira ter sido integrado no plantel depois de uma pré-época onde apontou cinco golos. Os mais pessimistas continuam a defender que falta uma opção para combater uma eventual falha de criatividade de Brahimi, já os mais otimistas apontam para que esta seja a época de afirmação de Corona. E ainda há Otávio…
Na globalidade, este parece ser um plantel bastante equilibrado e que oferece a Sérgio Conceição múltiplas opções. Os grandes reforços da equipa são os que já cá estavam. Primeiro, Danilo. Depois, Marega. E, por fim, as continuidades de Alex Telles, Herrera e Brahimi. Renovar-lhes o vínculo será assim tão difícil?
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira