O Mónaco tem novo treinador. Após substituir o seu próprio substituto, Leonardo Jardim é novamente afastado do comando técnico dos monegascos. Quem assume efetivamente o cargo é uma escolha do diretor desportivo. Jardim afirma que se surpreendeu com a nova rescisão, e que era o treinador do presidente, não o de Oleg Pretrov. O dirigente com peso executivo no clube.
Robert Moreno, abandonou a seleção AA de Espanha após o regresso de Luis Enrique. O último, que teve um abandono fatídico da liderança de la roja, também assumiu o lugar ocupado pelo seu substituto. Moreno, ficou bastante abalado com tal decisão.
O Mónaco, após perder vários jogadores, os mesmos que estão inseridos no principal prisma do futebol da atualidade, mostra-se sem meios de se reerguer. Em termos de direção, o clube encontra-se pouco eficiente, com preparações tardias da temporada na construção do plantel. Claro que, no aspeto desportivo, tal se vem refletindo.
O início pouco positivo do conjunto do principado foi factual. Foram três pontos conquistados nos seis primeiros jogos. Alarmante. Nos seguintes seis compensou, ao amealhar 12! A verdade é que essa etapa de recuperação se verificava pois, durante esse ciclo, também tirou o Marselha, de Villas Boas, da Taça da Liga.
Ofensivamente, a equipa é bastante eficiente. Conta com Ben Yedder, que é o melhor marcador da Liga com 13 golos, e Slimani com quase metade desses tentos (seis), e ainda oito assistências. Uma dupla bastante prolifera, com bastante velocidade e bom nível de entendimento.
Por isso, habitualmente, Jardim preferia o esquema com dois avançados, apostando na profundidade: alas ao invés de extremos ou laterais, e médios agrupados mais no miolo. Em termos defensivos, a equipa deixava muito a desejar.
A formação de três defesas requer posicionamento, compactação e velocidade. A última exigência não se notava. E, um posicionamento de excelência, consequentemente, era impedido. Glik e Jemerson são mais pedidos numa linha de quatro, a meu ver. A velocidade já não é a mesma, e no jogo em profundidade do oponente, a equipa ressente-se, não conseguindo acompanhar as investidas adversárias atempadamente.
Moreno, chega com a tarefa de prolongar este volte face. Com mercado disponível, mas talvez pouca margem de manobra no mesmo, penso que a aquisição de, pelo menos, um central é urgente. Ou então laterais que cumpram. Com dois médios centro também já em fase decadente, o fulgor físico também é transparecido no meio campo. Fàbregas e Adrien Silva denotam uma quebra em relação às suas capacidades máximas. No entanto, mesmo assim são peças razoáveis e que se forem colocadas de forma condizente ao seu perfil, poderão render bem ainda.
Para o ataque, penso que há muitas opções. Pode-se dizer que Yedder e Slimani estão no auge e têm bons alas para os servirem. Gelson Martins e Gil Dias têm boa capacidade de assistir e no um contra um.
Dá-me a parecer que Moreno prefira os dois laterais. Porém, neste momento, não há qualidade assinalável para a defesa lateral. Gil Dias foi, inclusive, adaptado a lateral esquerdo num jogo, no último de Jardim, curiosamente, numa vitória de 5×1 diante do Lille! Num jogo em que fez alinhar, então, uma defesa a quatro.
Moreno chegou e adotou o 4-3-3. O sistema, típico de futebol espanhol, deu frutos, visto que permitiu a passagem aos 16 avos de final da Taça de França.
Adrien Silva sai do 11, dando lugar à posição fixa de Bakayoko (nº seis); e as de médio interior couberam a Golovin e Fàbregas; para o tridente atacante, viu-se Gelson, Keita nos extremos, Ben Yedder no centro. Glik e Maripan (reforço, proveniente do Alavés) no eixo da defesa, e os jovens Henrichs, adaptado a defesa direito, e Ballo Touré, a esquerdo. Neste esquema, Slimani e Yedder não cabem juntos. Essa dupla vai deixar de entrar de início. O bom, é ter sempre um bom ponta de lança, fresco, e pronto a intervir como suplente, conforme as circunstâncias do jogo.
Trata-se afinal de um clube que se encontrou num plano competitivo máximo, mais concretamente na época 2016/17, e após ter perdido a espinha dorsal e alguns órgãos importantes, não se conseguiu impor. Tende em demonstrar dificuldades na obtenção de resultados consistentes. Volto a afirmar, a defesa é o setor com mais debilidade no conjunto francês.
Moreno vem com sentimento de “vingança”, pois mesmo após liderar a seleção do seu país ao apuramento para o Euro 2020, continua com algo a provar enquanto técnico ao mais alto nível.
Foto de Capa: AS Monaco
Artigo revisto por Diogo Teixeira