Super Bowl XLVIII – Uma tareia das antigas

    cab NFL

    3:38 da manhã, hora portuguesa. Um velho amigo pergunta-me: então, como ficou o jogo da Super Bowl? Confesso que hesitei em dar-lhe uma resposta automática. Depois de ter assistido à finalíssima da liga de futebol americano, durante as últimas horas, não sabia exactamente o que dizer do jogo. Como resumir numa resposta breve aquilo que foi a Super Bowl XLVIII? Encolhi os ombros, e confesso que não fui o mínimo original na minha resposta: “foi uma grandessíssima malha, foi o que foi!”.

    E foi mesmo, não há grande volta a dar. Os Seahawks venceram a primeira Super Bowl da sua história, ao deixarem os Broncos sem qualquer tipo de argumentos, no Met Life Stadium, casa dos New York Jets. O resultado final foi de 43 – 8, que espelha na perfeição a superioridade da equipa de Seattle.

    Entrada… com o pé esquerdo.
    Ora então, vamos lá começar a Sup… SAFETY, Seahawks! Os mais distraídos provavelmente nem sequer a viram, mas bastaram escassos segundos para os Seahawks mostrarem que não estavam para brincadeiras. Falha de comunicação do ataque dos Broncos, Peyton Manning não apanha o snap e a defesa dos Seahawks corre desenfreadamente para fazer os primeiros pontos da noite, naquele que acabaria por ser um claro presságio da péssima noite que a equipa de Denver teria pela frente.

    Seattle Seahawks conseguem o safety na primeira jogada da partida. Fonte: Usatoday.com
    Seattle Seahawks conseguem o safety na primeira jogada da partida
    Fonte: Usatoday.com

    Com um início de jogo muito aquém do esperado, os Denver Broncos esperavam, agora, que o veterano Peyton Manning mostrasse as suas verdadeiras cores e liderasse a equipa da forma triunfante com que bateu inúmeros recordes durante a fase regular deste ano. Só que, infelizmente para os adeptos de Denver, passou-se exactamente o oposto. A defesa dos Seahawks continuou imparável e interceptou, por duas vezes, os passes do veterano de 37 anos, por intermédio de Kam Chancellor e Malcolm Smith, com Cliff Avril ao barulho em ambas as jogadas. Ao intervalo, o placard anunciava 22 pontos para os Seahawks… zero para os Broncos. Em Denver, ninguém acreditava no que via. Era mau de mais para ser verdade.

    Segunda parte… e mais do mesmo.
    Recuperar de uma margem de 22 pontos era uma tarefa que se adivinhava herculana, mas muitos eram aqueles que acreditavam numa reviravolta estrondosa dos Broncos, com Manning e companhia a fazerem uma segunda parte de luxo. Mas o difícil e pouco provável rapidamente se transformou em quase impossível. Logo a abrir a segunda parte, Percy Harvin recebe o kick off de Matt Prater e corre 87 jardas para mais um touchdown da equipa comandada por Pete Carrol. Volvidos mais alguns minutos, Jermaine Kearse recebe um passe do Quarterback Russell Wilson, arma-se em verdadeira máquina de pinball humana ao passar por quatro (!!) defesas dos Broncos e nova explosão de euforia por parte dos adeptos dos Seahawks. A três minutos do fim do terceiro período de tempo, 36 – 0, para desespero da defesa de Denver.

    Jermaine Kearse, numa jogada para ver e rever Fonte: Online.wsj.com
    Jermaine Kearse, numa jogada para ver e rever
    Fonte: Online.wsj.com

    Demaryius Thomas foi o responsável pelo único touchdown dos Broncos, seguido de uma conversão de dois pontos por Wes Welker. Mas era já tarde de mais. Doug Baldwin certificou-se disso mesmo, ao dar a machadada final nos sonhos dos adeptos esperançosos (e algo irrealistas, diga-se) dos Broncos, que já gritavam “comeback time!”.

    Herói azul, bobo laranja.

    Findado o jogo, a festa foi azul. E que festa! Seattle não tinha uma equipa a ganhar um campeonato profissional desde 1976, com os Seattle SuperSonics, na NBA. Muitos duvidaram da capacidade dos Seahawks em voar alto, no início da temporada. A grande exibição na Super Bowl calou todos esses críticos, ao ter secado por completo uma lenda viva da modalidade, que muitos já anteviam como grande vencedor e MVP certo. No final do encontro, o sempre controverso Richard Sherman referiu que, para ele, a verdadeira Super Bowl foi a final da NFC, que opôs Seahawks aos San Francisco 49ers, e que estas eram as duas melhores equipas de toda a NFL. Enquanto adepto dos 49ers, sou obrigado a concordar, até porque Colin Kaepernick e companhia deram muito mais luta aos Seahawks do que os Denver Broncos. Porém, a grande “malha” que levaram na Super Bowl não apaga a excelente campanha que os Broncos fizeram esta temporada… ainda que muitos tendam a esquecer-se disso mesmo.

     

    Má prestação dos Broncos alvo de gozo por todas as redes sociais.
    Má prestação dos Broncos alvo de gozo por todas as redes sociais
    Fonte: Facebook.com/MEMES.of.the.NFL

    Há dias bons e dias maus. A Super Bowl XLVIII foi um misto de ambos. Tudo correu de feição aos Seahawks, enquanto aos Broncos não lhes saia absolutamente nada. Sofreram pontos em momentos cruciais do jogo e, no ataque, foram dominados por uma defesa que, em dias normais, é excelente, mas que, na Super Bowl, foi um absoluto titã. O resultado traduz esta realidade, e muitos até dizem que os Broncos tiveram sorte em não levar mais. Aos Seahawks até deu para pôr a jogar o Quarterback suplente. E, quando isso acontece, é muito mau sinal para a equipa adversária…

    Não há volta a dar: a Super Bowl XLVIII foi, basicamente, uma valente tareia das antigas.

    Malcolm Smith foi considerado o MVP do jogo, depois de ter feito uma intercepção crucial, que transformou em touchdown a favor dos Seahawks. Fonte: Superesportes.com.br
    Malcolm Smith foi considerado o MVP do jogo, depois de ter feito uma intercepção crucial, que transformou em touchdown a favor dos Seahawks
    Fonte: Superesportes.com.br
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    Rui Miguel Pereira
    Rui Miguel Pereirahttp://www.bolanarede.pt
    O Rui jogou a trinco nas camadas jovens do União de Tomar, e reza a lenda que se fartava de fazer faltas. Muito mais moderado nos comentários, diz que quando teve a oportunidade de escrever sobre futebol e raparigas, não pensou duas vezes.                                                                                                                                                 O Rui não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.