“Não sendo espetacular, é um espetáculo de jogador”. Esta frase é da autoria de Sérgio Conceição e surgiu há algumas semanas a propósito da exibição de Matheus Uribe no clássico frente ao SL Benfica no final do mês de agosto. Daí para cá, o colombiano somou mais um punhado de exibições irrepreensíveis e tem-se assumido como um dos pilares da equipa portista.
Sendo certo que fazer apreciações à pressa pode ser arriscado (corremos o risco de ser contrariados a longo prazo), parece-me que Uribe é já uma certeza. Os seus 28 anos obrigavam a que assim fosse. No entanto, sabemos que nem sempre os jogadores que chegam à Europa provenientes da América Latina se adaptam com facilidade.
Depois de perder Héctor Herrera para o Atlético de Madrid, o FC Porto, com algum atraso, resgatou este médio colombiano ao CF América, do México, para suprir a partida de “El Zorro”. Matheus chegava ao FC Porto com boas referências e foi apontado como um jogador intenso, com grande chegada à área e com enorme capacidade de progressão com bola. No fundo, uma fotocópia do mexicano.
Vou-me permitir, então, a uma afirmação arriscada. Uribe é melhor e mais jogador do que Herrera. E com isto não estou, nem de perto nem de longe, a menosprezar o antigo capitão azul e branco. O agora jogador dos “colchoneros” era um líder nato e, apesar da inconsistência nas primeiras épocas de dragão ao peito, sai do clube pela porta grande, assumindo-se como um médio muito completo, com grande capacidade de pressão e muito eficaz no transporte de bola e no domínio das duas áreas.
Todavia, o Uribe que se tem apresentado neste começo de época é um jogador bem mais refinado. O Uribe vincadamente combativo é, afinal, um sobredotado no que à inteligência tática e técnica diz respeito. É exímio a gerir os ritmos de jogo, sabe quando sair em pressão (pressão essa normalmente eficaz) e quando recuar no terreno. Tem qualidade de passe e tem apresentado uma excelente sincronização com Danilo que surge, agora, mais vezes adiantado no terreno por via dessa tal capacidade pendular de Uribe para gerir rigorosamente os espaços do campo que ocupa. Portanto, aquele Uribe galopante, de remate fácil e mais explosivo que nos foi apresentado nos vídeos do Youtube é afinal um pêndulo que tem liderado brilhantemente o meio campo do FC Porto.
Tem-lhe faltado, porventura, golo. Não se pode dizer que não tem chegado perto da grande área contrária, mas poucas vezes tem visado a baliza adversária. Sabe-se como é importante para um médio fazer golos e é “apenas” isso que falta a Uribe para se tornar um médio de referência no FC Porto.
Em suma, será, talvez, cedo para uma apreciação tão taxativa acerca da capacidade do jogador até tendo em conta que, tirando o jogo no Estádio da Luz, foram poucos os testes de fogo à sua competência. No entanto, os primeiros sinais são claramente positivos e conferem-me a confiança suficiente para afirmar que Uribe é, à sua maneira, um jogador espetacular.
Foto de capa: Liga Portugal
Revisto por: Jorge Neves