As vitórias podem evitar que se olhe para o funcionamento interno de uma equipa, no sentido daquilo que pode estar a correr menos bem ou que possa vir a ser melhorado no futuro. Os resultados positivos podem, por isso, dificultar uma análise detalhada e profunda sobre o que se passa no interior de um plantel ou de uma equipa ou, eventualmente, esconder-se, sob o pano glorioso das vitórias, os defeitos ou as arestas ainda por limar.
Escrevo esta crónica no dia seguinte ao empate a uma bola dos Leões contra a poderosa Juventus em Alvalade para a Liga dos Campeões. Foi um jogo em que, do ponto de vista exibicional, correu praticamente tudo bem. Digo “praticamente” e não “totalmente” pois a maturidade ou, neste caso, a falta dela, foi determinante num jogo de elevada exigência competitiva.
O empate contra a formação de Turim dificulta um pouco, por isso, devido à excelente prestação da equipa do Sporting, o exercício de detetar falhas ou aspetos menos positivos. Mas convém, em nome da cultura de exigência inerente ao ADN do Sporting, que não tenhamos memória curta e não nos iludamos com as exibições mais conseguidas dos Leões. Um clube enorme, como é o Sporting Clube de Portugal, tem sempre que considerar que, independentemente das vitórias – sejam elas pela diferença mínima ou esmagadoras – há aspetos a melhorar.
A classificação da equipa no Campeonato Nacional traduz uma eficácia bastante positiva para este momento da temporada – empates apenas contra o Moreirense fora e em casa contra o FC Porto . Além disso, o facto de estarmos a dois pontos do atual líder do Campeonato (FC Porto) galvaniza os adeptos mas deixa-nos com a frase, todos os anos insistentemente repetida, de que “este ano é que vai ser”. Apesar dos resultados maioritariamente vitoriosos dos Leões, evidenciam-se nesta equipa algumas lacunas que devem preocupar qualquer sportinguista que ama o seu clube e que esteja sedento do tão desejado campeonato nacional. É um Sporting que vence mas que nem sempre convence. Vamos por partes.