Valores frescos no Dragão?

    opinioesnaomarcamgolos

    Que fique bem claro: isto nunca aconteceu antes. O Porto que se apresenta esta época é, no mínimo, insólito.

    Isto é tudo novo. Parece que alguém abriu as janelas do Dragão e deixou entrar ar. Só falta saber se é fresco. Não consigo olhar para esta equipa e deixar de pensar nos pormenores que a constroem. Grande parte da pré-época dos dragões foi feita com jogadores novos, muitos deles recém-contratados; o nosso treinador é novo e sem qualquer experiência em clubes grandes; temos de disputar um play-off para ter acesso à Liga dos Campeões; contamos com três jogadores emprestados, que são opções viáveis para o onze, sendo que o mais promissor não tem opção de compra; e, finalmente, equaciona-se de maneira realista a possibilidade de um jogador de 17 anos ser titular! Isto tudo somado só pode dar um resultado insólito. O problema é que não significa necessariamente que seja bom. Vários elementos desta conta de somar já se verificaram no clube das Antas, mas nunca tudo junto!

    Já havia dito que a contratação de Lopetegui foi, em parte, uma estratégia para ir buscar mercado em crescendo, principalmente espanhol. Óliver Torres, Cristian Tello, Adrián López, José Ángel, Andrés Fernández, Casemiro e Opare, todos eles jogadores do conhecimento de Lopetegui. Uma coisa é ser o FC Porto a mostrar interesse num determinado jogador; outra, completamente diferente, é o jogador tomar conhecimento desse interesse através de alguém que conhece, em quem confia e, em certos casos, com quem tem uma relação de amizade. Que não haja dúvidas: a comunicação entre o técnico espanhol e alguns dos jogadores pretendidos foi uma constante. Obviamente que Lopetegui também foi chamado ao comando técnico do Porto por outras características, mas quando se contrata um treinador contrata-se o seu know how, a sua sabedoria e os seus contactos.

    Lopetegui é o rosto da revolução no FC Porto 2014/15  Fonte: misticaazulebranca.blogspot.com
    Lopetegui é o rosto da revolução no FC Porto 2014/15
    Fonte: misticaazulebranca.blogspot.com

    Jogadores contratados por empréstimo, especialmente sem opção de compra, são coisa rara, e atrevo-me até a dizer inexistente, no Porto. Valorizar um jogador, tanto a nível desportivo como económico, para depois chegar ao fim e correr o risco de ver outro clube a lucrar com ele é algo que não faz sentido. Estou muito curioso para ver o que este caso nos reserva. Outra coisa que nunca imaginei foi ver a real possibilidade de ter um miúdo de 17 anos a titular no Porto. Rúben Neves parece cumprir ao mesmo tempo que promete. Mas é importante não nos deixarmos levar pela situação. No Porto, só Lopetegui daria tantos minutos e depositaria confiança em alguém tão novo, pois é algo normal no técnico espanhol, que tem trabalhado com os mais jovens nestes últimos anos. O que não é normal é ver isto a acontecer no Dragão sem qualquer alarme. Faço um voto de atenção para este caso, pois apesar de concordar com a aposta em Rúben Neves não consigo deixar de sublinhar que não estamos na mesma situação do Sporting. Connosco ainda há alternativas.

    Para terminar, a Liga dos Campeões. Ainda não vi o suficiente para ter confiança sólida no jogo do Porto. Confio nos jogadores e acredito que temos um grande plantel, mas do jogo jogado não posso dizer o mesmo. O Lille não é uma equipa extraordinária, mas sabe jogar como uma equipa e não vem de um campeonato de segunda classe. Mais importante do que garantir a Champions para poder comprar Jordy Clasie ou um grande ponta-de-lança é entender que Jackson se mantém no plantel apenas porque a competição milionária ainda é alcançável.

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    João Pedro Monteiro
    João Pedro Monteirohttp://www.bolanarede.pt
    Para o João, discutir futebol é uma piada. É como estar à mesa de uma família benfiquista. Como diz o ditado, “numa casa com mau pão todos discutem e o Porto é campeão!”. Discute-se os árbitros e os treinadores, mas ninguém se lembra de discutir o padeiro. E ele adora piadas…                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.