No norte de Itália mora uma velha Signora, que já teve vários amores. Desde Platini a Paolo Rossi, passando por Zoff e Buffon, sem esquecer (talvez o maior) Del Piero, todos estes personagens conquistaram o seu coração. No último ano, em mais uma perseguição pela tão desejada Liga dos Campeões, a Juventus FC percebeu que era muito difícil alcançar esse objetivo de coração vazio.
Felizmente, como se viu na última terça-feira, nunca é tarde para encontrar um novo amor.
Algo que só foi possível pela forma como Allegri preparou o jogo e deu aos seus jogadores todas as armas para que eles conseguissem criar o contexto ideal para Ronaldo ser decisivo.
Preparação Allegri
Se em Madrid, Allegri teve medo de perder a bola em zonas centrais, o que levou a Juventus a realizar uma circulação excessivamente horizontal, com pouca mobilidade, o que tornou o Atlético confortável com bola, basculhando para a esquerda e para a direita, anteontem a abordagem de Allegri foi totalmente diferente.
Allegri planeou o jogo na perfeição. Desde a colocação de Bernardeschi, que flutuava para uma zona que tanto era de Saúl, como de Juafran, mas que acabava por não ser de ninguém, até à introdução de Emre Can, para conseguir realizar uma saída a três, onde tanto ele como Chiellini (central pela esquerda) tinham liberdade para invadir o meio-campo do Atlético em progressão.
Criação de Contexto
Com Pjanic a procurar receber o primeiro passe dos defesas-centrais e a oferecer-se como apoio constante no meio campo-adversário, para variar o centro do jogo, a Juventus conseguia ter uma circulação contínua, com ligação aos três corredores.
Nesses corredores, pela descida de Can para junto de Bonucci e Chiellini, os “defesas laterais” Cancelo e Spinazzola tinham liberdade para assumir posições agressivas no corredor, pisando a linha lateral. Esse posicionamento fixava os médios ala do Atlético, afastando-os não só da área adversáriae obrigando-os a realizar missões defensivas que eles não se sentem confortáveis a realizar (especialmente Lemar).
O Atlético era incapaz de ligar uma transição ofensiva, particularmente pela forma fantástica como a equipa italiana reagia à perda de bola, que lhes permitia estar constantemente no campo adversário. Assim, a formação espanhola ia gradualmente defendendo mais próximo da baliza de Oblak, ou seja, Ronaldo estava mais próximos das zonas onde é decisivo.
Ronaldo, mais um dia no escritório
Os anos passam e a história é sempre, sempre a mesma. Se a equipa conseguir criar o contexto ideal para ele ser decisivo, não há hipótese, ele resolve.
Com a equipa permanentemente no campo do Atlético, com superioridade nos corredores, está meio contexto criado, e é tudo o que este Don Juan precisa.
Fonte: Juventus