Um percurso atípico quase tão curioso quanto a sua alcunha
Nascido a 17 de junho de 1992 em Tucuruí, um pequeno município situado no estado do Pará (norte do Brasil), o destino quis que o seu talento para o «desporto-rei» emergisse na cidade de Camboriú, estado de Santa Catarina, a mais de 2500 quilómetros da localidade que o vira nascer. Assim sendo, depois de ser revelado pelo Camboriú Futebol Clube em 2011, o defesa passou por várias equipas daquele estado do sul do Brasil antes de, em abril de 2014, ingressar no Barra Futebol Clube, um outro clube catarinense que havia sido constituído há pouco mais de um ano.
No entanto, e não obstante Neris se encontre vinculado desde o ano de 2014 ao modesto Barra FC, emblema que tem vindo a atuar nas divisões secundárias do Campeonato Catarinense de Futebol, o defesa central paraense fez predominantemente o seu percurso nos dois principais escalões que compõem a hierarquia do futebol do Brasil, tendo inclusivamente conquistado alguns títulos.
Neste capítulo, merece particular destaque a sua passagem de sensivelmente ano e meio pelo Santa Cruz Futebol Clube (entre maio de 2015 e novembro de 2016), no decurso da qual o defensor natural de Tucuruí se sagrara campeão pernambucano (em 2015), para além de ter ganho a Copa do Nordeste no ano seguinte.
Num outro prisma, e ainda enquanto jogador do Tricolor do Arruda, Neris chegou, inclusive, a figurar em duas partidas relativas à CONMEBOL Copa Sudamericana – competição que equivale, em termos de prestígio na América do Sul, à «nossa» UEFA Europa League.
Assim, e paralelamente ao sucesso granjeado no Santa Cruz que culminou na conquista de dois troféus, também a garra evidenciada dentro das «quatro-linhas» no clube de Pernambuco mereceu uma distinção especial: a atribuição da alcunha Chuck Neris, uma clara alusão ao ator de filmes de ação norte-americano “Chuck” Norris.
Como joga
Atuando no lado direito do eixo central da defesa da formação boavisteira, Neris posiciona-se quase sempre de maneira adequada e denota uma boa leitura de jogo. Ora, destas caraterísticas se depreende o número considerável de interseções que este central destro realiza, totalizando, em média, três por partida. Registe-se, de igual modo, os cerca de (1,5) bloqueios efetuados.
Para além disso, e sendo portador de um físico imponente (192 cm e 88 quilogramas), Neris revela-se uma mais-valia no jogo aéreo. Assim, importa salientar que o camisola número 27 dos Axadrezados ganha uma média de (3,5) duelos por partida, o que equivale a uma percentagem de sucesso na ordem dos (67 %) face ao total de lances disputados nessas circunstância.
Na peugada de Raúl Silva e de Pablo Santos?
A temporada meritória que tem vindo a protagonizar ao serviço do Boavista FC (somou 90 minutos de utilização em 22 das 23 jornadas que já disputou na Primeira Liga), aliada à ausência de problemas físicos, que, em tempos, contribuíram para que regredisse na sua evolução, deixa antever perspetivas animadoras quanto ao que poderá vir a ser o futuro deste defesa central brasileiro em solo português.
Posto isto, não seria, a meu ver, descabido considerar uma mudança para uma formação com objetivos mais ambiciosos, um pouco à semelhança do que se sucedeu, por exemplo, com os também paraenses Raúl Silva e Pablo Santos: o primeiro tinha 27 anos quando assinou pelo SC Braga, enquanto o segundo houvera, apenas, cumprido uma época (de bom nível) na Primeira Liga antes de rumar aos Guerreiros do Minho.
Foto de Capa: Boavista FC
Artigo revisto por: Rita Asseiceiro